RELATÓRIO GERAL DO 15° PAINEL BIBLIOTECONOMIA EM SANTA CATARINA

elaborado por Cláudia Gonçalves de Sousa


0 15° Painel Biblioteconomia em Santa Catarina -15° PBSC foi promovido pela Associação Catarinense de Bibliotecários - ACB, com o apoio do Conselho Regional de Biblioteconomia, Região de Santa Catarina - CRB-14, dos Cursos de Biblioteconomia da UFSC e da UDESC e da Biblioteca Universitária da UFSC. Realizou-se nos dias 21,22 e 23 de outubro de 1996, das 14:00 is 22:00 horas, no Auditório Elke Hering da Biblioteca Universitária da Universidade Federal de Santa Catarina. O tema central discutido nos três dias foi a interatividade: a comunicação na biblioteca e nos serviços de informação, com 50 pessoas inscritas.

Às 14 horas e 30 minutos do dia 21 de outubro de 1996 a Presidente da ^CB, a bibliotecária Carmelita Terezinha Tomasoni, faz a abertura oficial do .5° PBSC . No discurso de abertura a Presidente da ACB salienta que o Painel representa, para os bibliotecários, o fórum anual de discussão das questões que perpassam seu cotidiano profissional, constituindo-se num programa permanente de educação continuada. Salientou também que a Revista ACB e ) PBSC representam o panorama da profissão do bibliotecário em Santa Catarina.

Após o discurso, às 14 horas e 45 minutos, a Presidente da ACB, convi-la o Professor Francisco das Chagas de Souza para proferir a Conferência: interatividade comunicacional como matriz do cotidiano da sociedade do terceiro milênio.
Em seu discurso teórico, o Professor Francisco das Chagas de Souza, Dr.. discorre sobre os conceitos de comunicação, interatividade, traçando um paralelo entre esses dois conceitos na sociedade urbana. Apresenta uma compilação cronológica das descobertas e invenções registradas no estoque do conhecimento humano, destacando alguns fatos importantes. Salienta que às bibliotecas, na maioria das vezes, usam a comunicação unidirecional e que a iteração na comunicação é algo central no processo de comunicação. O conceito de interação pressupõe ação mútua, ação e reação de igual peso e importância no processo comunicacional, na criação de conhecimento. A comunicação é algo percebido. Finaliza afirmando que a interatividade comunicacional humana constitui busca histórica guiada por uma obsessão para obter o nu mo domínio de espaço e tempo.

Após o intervalo de 20 minutos, na qualidade de Coordenadora dos trabalhos, a Bibliotecária Carmelita Terezinha Tomasoni, compõe a Mesa pai debate: Técnicas de comunicação para vendas de serviços informação com os seguintes debatedores: Célia Regina Moraes de Souza Faria, biblitecária autônoma, Luiz Ari Souza Fontoura, Autônomo, Maria Cristina B. Al Sistema FIESC, Mauro Tessari - FURB, José Renato da Silva - SEBRAE

O primeiro a falar, às 16:45 minutos, foi Luiz Ari Souza Fontoura, autônomo, ex-estudante de Música na UFRGS, e com experiência de 10 anos RBS, na organização de acervos fotográficos. A fala de Luiz Ari Souza Fonte pode ser sintetizada da forma que segue. A negociação do serviço dependi cada caso, passando pelo grau de importância e valoração que as autoridade das empresas dão ao acervo fotográfico. Nos oito anos em que atua como autônomo em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul, houve casos, em que a negociação do serviço levou de oito meses a um ano para ser fechado o cor to de serviço.

O segundo debatedor desta Mesa foi o filósofo José Renato da Si que atua no SEBRAE na área de "como vender". Foi gerente de Recursos Humanos por 10 anos. Além de atuar no SEBRAE, presta consultorias, ministra cursos, etc. Afirmou que para vender um produto não há regras fixas, porém existem posturas. Postura de comunicação, troca de idéias, cuidado uso do código lingüístico e com a terminologia empregada com o cliente, conhecer algumas características do cliente. Algumas pessoas necessitam de produtos, outras de informação. Salientou que o vendedor do serviço ou de produtos deve controlar a sua ansiedade, procurando não pressionar e/ou impressionar o cliente. Apresentou como princípios de como vender um produto ou serviço: a) bom conhecimento de produto ou serviço que representa; b) criar necessidades no cliente (vendas externas); c) fazer o cliente concordar que ele tem aquela necessidade; d) abordagem com os clientes: d.l) recebimento; d.2) apresentação/demonstração (características/benefícios) e, d.3) pós-venda (manutenção do cliente).

Em seguida a bibliotecária Célia R. M. S. Faria afirmou o princípio " vender é vender", seja produto palpável ou não. Salientou que o produto ou serviço tem que ser de  boa qualidade para ter aceitação pelo mercado. Dois devem ser constantemente observados: qualidade do produto ou serviço e perfil profissional do vendedor do serviço. O profissional deve preocupar-se sua qualificação profissional, mantendo-se atualizado. Afirmou que a qualidade do serviço oferecido é o certificado de garantia. Resumiu as etapas de negociação de um contrato de serviço, com base no contato do cliente, verificar: necessidades empresariais; b) área de atuação da empresa para poder traçar o perfil empresarial; c) quantidade e o tipo de acervo existente para prever o tipo de trabalho e o tempo necessário para a sua execução; u,; condições tísicas e o estado de conservação da documentação, para possíveis restaurações; e) possibilidade de propor um controle ambiental, visando a permanência do acervo. Com a obtenção desses dados, elabora um projeto, determinando os objetivos, cronograma de atividades, previsão de recursos humanos e materiais, orçamento e condições de pagamento. A elaboração do referido projeto leva em torno de três a cinco dias. Concluiu ressaltando que para obter sucesso nas vendas de serviços informacionais, o profissional deverá planejar as ações a serem adotadas, definindo com clareza e objetividade o publico alvo e os serviços oferecidos.

A seguir Mauro Tessari, no uso da palavra, afirmou que devido a expansão da indústria de serviços, os bibliotecários têm novas oportunidades de trabalho com a produção e comercialização de produtos e serviços voltados para um público formado principalmente por empresas privadas e profissionais liberais. As melhores oportunidades estão em nichos de mercado que exigem produtos e serviços muito costumizados e com elevada relação de custo-benefício. Neste meio não há espaços para produtos ou serviços fechados, exigindo assim muito conhecimento, experiência e versatilidade para oferecer soluções que atendam às necessidades da clientela. A conquista dessa clientela se faz com a comprovação da competência técnica e do grau de qualidade do produto ou serviço ofertado. Em seu caso particular, afirma que também facilita muito o fato de estar vinculado à uma Instituição (FURB) que possui uma boa infra-estrutura e excelente imagem pública. Tendo em vista que nesta atividade não são atendidos serviços massificados, a comunicação com o cliente é sempre a mais estreita possível. Como regra geral, desde o início, procura-se identificar e escolher as pessoas de contato, que geralmente não ocupam posto formal e de comando e também não são, muitas vezes, as pessoas responsáveis pela contratação do serviço, Assim sendo, todos os acordos envolvem uma profunda confiança mútua. O maior problema encontrado diz respeito às dificuldades de viabilizar um resultado econômico satisfatório pois não há economia de escala e o investimento exigido nessa atividade é muito alto. A maioria dos clientes potenciais não faz uso regular de serviços de informação e não tem a menor idéia do que isso pode lhes proporcionar. Para o profissional bibliotecário atuar neste mercado é necessário que ele tenha domínio das técnicas da Biblioteconomia e da Documentação, de línguas estrangeiras e dos recursos básicos da informática e da administração 3 possua uma formação cultural ampla e diversificada. Desta forma, o bibliotecário deve ser responsável por sua educação continuada.

A seguir Maria Cristina B. Alves explana as atividades do Centro Internacional de Negócios - CIN e do TELEFIESC, apresentando a estrutura, clientela, as técnicas de venda dos serviços e produtos, volume de solicitação, sendo cerca de 70 por dia, forma de cobrança, resultados obtidos, requisitos exigidos  para contratação de pessoal, programa de Capacitação do pessoal qual atua nos dois projetos, afirmando que o CIN  E O TELEFIESC são autosustentados.

0 tema foi debatido com a platéia, podendo a discussão ser resumida da seguinte forma: as técnicas de vendas são as mesmas tanto para serviços como para produtos de informação. E o bibliotecário deve preocupar-se constantemente com sua educação continuada e permanente, podendo ser esta formal ou informal, porém cabendo ao bibliotecário a responsabilidade pela iniciativa.

Ainda no dia 21 de outubro, às 19:00 horas, a Professora Gisela Eggert, Coordenadora do Painel Centro de Informação Popular e o bibliotecário compõe a mesa com os seguintes painelistas: Denise Moreira Schwantes Zavarize, advogada, funcionária pública federal, representante da Diretoria da APROCOM, Doutora Renata Borges, médica sanitarista da Secretaria de Saúde da Prefeitura Municipal de Florianópolis - PMF e Professora Ms. Eliany Alvarenga, da Universidade Federal da Paraíba, doutoranda na Universidade de Brasília.

A Dra. Renata, ao desenvolver o trabalho como médica sanitarista no Centro de Saúde Saco Grande II, participou de duas oficinas (dezembro de 1994 e março de 1995) com os moradores da comunidade de Saco Grande II, sendo na primeira realizado o diagnóstico e na segunda o planejamento para buscar soluções para os problemas levantados. Um dos problemas foi a ausência de informação sobre a área de saúde, sendo apresentado como uma das soluções a elaboração do Boletim : Caminho para a Saúde, implantado em agosto de 1995. Hoje está no sexto número. A comissão editorial do Boletim, responsável também pela elaboração do editorial, é composta por moradores e equipe técnica da Secretaria da Saúde da P. M. F.

A distribuição do Boletim: Caminho para a Saúde é feita em pontos estratégicos da comunidade, como farmácias, vendas, supermercados, escolas, igrejas, com pessoas da comunidade treinadas e encarregadas pela leitura, debate ou conversa com os moradores sobre os assuntos tratados no Boletim. Neste caso há uma digestão da informação no momento da distribuição do Boletim : Caminho para a Saúde.

Denise Moreira Schwantes Zavarize, na qualidade de representante da Diretoria da APROCOM - Associação Pró-Comunidade do Saco Grande, apresentou alguns traços históricos do Movimento Popular em Florianópolis, destacando a ingerência do Governo do Estado na implantação dos Centros Comunitários (prédios, pessoal,...). Na década de 80, segundo ela, começam a surgir as entidades populares, como a Associação dos Moradores da Lagoa - MOLA, a Associação dos Moradores de Itacorubi, com objetivos específicos, como a de Itacorubi para resolver o problema do lixão. Hoje a maioria das associações tem o objetivo de agregar moradores por meio de assembléias, de informativos, etc. O jornalzinho é o laço entre a associação e os moradores. Falou que o maior problema dos moradores é a sobrevivência. Por isso os associados da APROCOM resolveram planejar o bairro que querem para daqui a 10 anos. A APROCOM congrega oito associações dos diferentes bairros do Saco Grande II. Solicitou a parceria da UFSC para os trabalhos de comunidade e afirmou que no Monte Verde, um dos bairros do Saco Grande II, há uma biblioteca com cerca de 3.000 volumes,

A terceira e última painelista da noite foi Professora Ms. Eliany Alvarenga. Apresentou conceitos de centros de informação popular, definindo origens, funções e serviços. Levantou questionamentos tais como: A informação é um elemento importante na luta pela conquista da cidadania? Se sim, como nós bibliotecários disseminamos e organizamos informações de forma que ela seja um elemento efetivo para a conquista de direitos da cidadania? O bibliotecário é o profissional do documento ou da informação? Concluiu afirmando que o bibliotecário necessita ampliar seu modelo de ação.

No dia 22 de outubro de 1996, às 14horas el5minutos foram reiniciados os trabalhos do 15 ° PBSC. A Bibliotecária Narcisa Amboni abriu os trabalhos, chamando à Mesa os apresentadores dos trabalhos aceitos para o Ternário Livre, explicando a metodologia adotada, ou seja, cada apresentador têm 10 minutos para explanar suas idéias e, após a apresentação dos quatro trabalhos, as perguntas devem ser encaminhadas à Mesa, por escrito. Não foi fornecido o curriculum vitae de cada apresentador.

Maria do Rocio F. Teixeira apresentou o trabalho intitulado Sistemas de inteligência competitiva: a informação na empresa. Enfocou competitividade, sucesso e informações estratégicas usadas na tomada de decisões. Afirmou que informações estratégicas são iguais a "sinais fracos", ligados a concorrentes, clientes e ambiente econômico e social. As atividades da inteligência competitiva - IC é o tratamento dos sinais. A inteligência competitiva coleta informações sobre o meio ambiente de uma organização, seus competidores, clientes e fornecedores, com o objetivo de analisar e, finalmente, disseminar estas informações para as pessoas apropriadas. E os objetivos desta atividade: melhorar a posição competitiva de uma organização no mercado e evitar surpresas estratégicas. As etapas da IC são: a) busca e coleta de informações; b) análise, ou processamento, dessas informações; c) disseminação; e, d) usos para a tomada de decisões ou para usos não-racionais. A IC encontra ajuda nos sistemas de informação. Sistema de IC compreende: a) monitoramento; b) prospecção tecnológica; c) vigília tecnológica; e, d) inteligência econômica. Os sistemas de IC são serviços multifacetados que contribuem para a tomada de decisões, desenvolvidos pelo provimento de serviços de informação em sua forma tradicional e também pela coleta e análise de dados de fontes primárias. As técnicas usadas pela IC são: a) cenários; b) monitoramento tecnológico; c) grupo nominal; d) "brainstorming"; e) delfos; f) análise de interações transversais; g) ZOOP; h) biografia industrial; i) estatística; j) estudo de usuários; e, 1) bibliometria.

Às 14 horas e 30 minutos, Leonita C. Fernandes apresentou o trabalho Organização do acervo da Assessoria Jurídica das empresas Portobello, de sua autoria em conjunto com Valéria Ghanem. Leonita discorreu sobre os problemas encontrados na organização deste acervo documental. Salientou que nas pastas intituladas Diversos: correspondência recebida e expedida- encontraram 519 documentos, sendo que poucos deles eram realmente correspondência recebida ou expedida. Essa série documental deu origem a 140 assuntos. Explanou que os advogados antes gastavam cerca de cinco dias para encontrar um documento desejado; porém, hoje gastam mais ou menos de 3 a 5 minutos para localizar o documento de que necessitam. Finalizou sugerindo que os alunos dos Cursos de Biblioteconomia praticassem a teoria aprendida em sala de aula.
Às 14 horas 40 minutos Suely Quinteiro Dias, apresentou o trabalho intitulado : Levantamento das atividades realizadas em 20 anos de existência da ACB. O trabalho surgiu das necessidades profissionais que passou a ter como Secretária da ACB. Arrola as atividades realizadas pela ACB, temas desenvolvidos nos Painéis, cursos oferecidos, eventos, publicações. A metodologia utilizada foi análise de documentos e aplicação de questionários a profissionais e estudantes. Apresentou o histórico, quadro de diretorias e quadro de associados.

Às 14 horas e 50 minutos Eni Bensen apresentou o trabalho sobre a elaboração do Catálogo Coletivo de Periódicos Jurídicos pelo GBIDJ7 SC - Grupo de Bibliotecários em Informação e Documentação Jurídica de Santa Catarina, explicando a metodologia, normalização e coleta dos dados, sob a responsabilidade da Professora Neide C. Brighenti, com o envolvimento dos alunos do Curso de Biblioteconomia da UFSC. O trabalho está na fase de conferência e será futuramente disponibilizado na INTERNET.

Houve debate sobre análise inteligente da informação, informação competitiva, sendo ambas as questões tratadas como o futuro do bibliotecário. Outro item debatido foram as dificuldades encontradas pela estagiária na Organização da documentação da Portobello. E se teria havido restrições por ser estagiária. Em resposta foi dito que a maior dificuldade foi a distância de tempo entre o aprendizado da teoria e o desenvolvimento da prática , pois a disciplina de Arquivística é vista na terceira fase e o Estágio na nona fase. Quanto as restrições, não houve nenhuma em relação à pessoa, mas sim quanto à estagiária. Em relação ao Catálogo Coletivo apresentado, foi indagado por que não fizeram o trabalho conjunto com o CCN. Foi respondido que o Catálogo Coletivo apresentado responde uma necessidade de âmbito local.

Às 15 horas e 15 minutos foi aberta, pela Presidente da ACB, a Assembléia Geral Extraordinária da Entidade com o propósito de deliberar as alterações em seu Estatuto. Depois de ampla discussão foi decidido transferir a votação das alterações no Estatuto da ACB para a Assembléia Geral Ordinária da Entidade, em dezembro de 1996.

Em seguida Gisela Hullen relatou as atividades desenvolvidas pelo Grupo de Bibliotecários do Interior - Joinville, incluindo propostas de alteração da estrutura do referido Grupo. Estas alterações serão debatidas na Assembléia Geral Ordinária da ACB, em dezembro de 1996.

Depois do intervalo, às 16 horas e 30 minutos, aconteceu o debate A comunicação pedagógica da Biblioteca Universitária, coordenado pela Díretora da Biblioteca Universitária da UFSC, Sigrid K. W. Dutra, sendo os debatedores: Professor Lúcio Botelho, vice-reitor da UFSC, Professor Dr. José André Angotti, Professor do Departamento de Metodologia de Ensino do Centro de Ciências da Educação da UFSC e a Bibliotecária da FAED/UDESC Wanja Carvalho e também Professora Substituta do Departamento de Biblioteconomia e Documentação da UFSC.

A primeira a expor suas idéias foi a Bibliotecária Wanja. Após fazer a apresentação de seu curriculum vitae, discorre sobre o tema falando sobre a relação biblioteca universitária e o ensino de graduação na Universidade.

Em seguida o Professor Angotti apresenta seu curriculum vitae de forma resumida e, abordando o tema expõe as práticas quotidianas na Universidade e a relação da biblioteca com o ensino de graduação e pós-graduação, com a pesquisa, com a produção do conhecimento novo, com o armazenamento da memória da instituição, apresentando algumas indagações pertinentes ao tema. Salientou o problema das bibliografias contidas nos planos de ensino e as demais fornecidas pelos professores. A biblioteca universitária deve dar conta da bibliografia contida nos planos de ensino. E indagou: E a consulta livre? E as fotocópias de capítulos de livros, hábito comum nas universidades, tanto no ensino de graduação como no de pós-graduação? E a insistência única nos textos básicos sem oferecer fontes alternativas? A biblioteca é o veículo que deve possibilitar ao aluno liberdade de contato entre a comunicação codificada, formativa (do autor) e o conteúdo da mensagem que o aluno necessita decodificar, interagindo com outros (professores, colegas,...) para apreender mais os conteúdos, pois o compromisso da troca de conhecimentos pressupõe a construção também de conhecimento novo. A BU, bem equipada, mantém acervo minimamente suficiente? O aprendizado para o melhor uso (uso otimizado) da informação disponível (conhecimento) contará com o apoio do saber específico dos bibliotecários? A interdisciplinariedade é outro conflito. Traz problemas complexos. Necessita de equipes com diversas especialidades. Apresenta novos desafios para a comunicação pedagógica da BU devendo estar em sintonia com as demandas das equipes, da comunidade interna e externa da Universidade. Os projetos de extensão da Universidade expandem consideravelmente a comunicação pedagógica da BU.

Por último o Professor Lúcio Botelho afirma ser necessário a adoção de um modelo pedagógico de universidade. Enfoca a BU como assessora de estudo, como local de produção do conhecimento novo, local de castigo. Discute a compra de livros com verba de projetos que não são inseridos nos acervos das bibliotecas. Fala sobre o xerox e o caderno do escriba da turma. Indaga: Qual a relação existente entre os Cursos de Biblioteconomia e a BU? Afirma que a BU deve ser o elo entre a Universidade e o repasse do conhecimento à comunidade interna e externa à Universidade. A BU deve armazenar o conhecimento produzido na Universidade. E ainda é o papel da BU criar espaços para o encontro de alunos de áreas diferentes visando forçar a interdisciplinariedade do conhecimento. A BU deve atuar junto aos professores para modificar o que é indicado aos alunos (material bibliográfico) Finaliza falando sobre a integração do modelo pedagógico, com abordagens múltiplas, enfocando mais o coletivo do que o indivíduo.

Houve debate, porém não foram discutidas as questões levantadas pelo Professor Angotti.

Às 19 horas do dia 22 de outubro de 1996, sob a coordenação de Noêmia S. Prado aconteceu o Painel A comunicação multifuncional e multimídia da Biblioteca Universitária. A Bibliotecária Noêmia S. Prado, Diretora da Biblioteca Universitária da UDESC, após falar brevemente sobre a importância do tema a ser discutido, compõe a Mesa, apresenta o curriculum vitae resumido, de cada  apresentador e o tempo que cada um terá para expor suas idéias. As painelistas Vivian M Heemann, bibliotecária da BU/UFSC e Anamélia de Campos P. L. dos Santos mestranda do Programa de Pós-Graduação em Educação do CED/UFSC e bolsista do Laboratório de Novas Tecnologias -LANTEC do Centro de Ciências da Educação/UFSC, apresentaram alguns conceitos de comunicação e multimídia e a integração dos diferentes formatos de documentos em ambientes adequados para o uso dos mesmos, visando a integração e o atendimento melhor das necessidades dos usuários, colocando em evidência a quinta lei de Ranganhatan: a biblioteca é um organismo em crescimento.

A seguir Alexandre Cortes Cerri, representando a Empresa Dialogix informática, expôs suas idéias apresentando uma palestra intitulada interatividade e a multimídia: a Biblioteca universitária na era da comunicação por diálogo. Na oportunidade discorre sobre as origens da comunicação por diálogo, sua transformação em comunicação de massa, sobre a interatividade e ainda sobre a biblioteca e as tecnologias interativas. Com relação ao último tópico apresentou várias recomendações.

Houve um debate com relação ao conceito de multimídia, ao termo multimídia à relação biblioteca universitária e novas tecnologias. O debate foi encerrado e em seguida foi iniciada a última sessão da noite.

Às 21:00 horas a Bibliotecária Narcisa de Fátima Amboni coordenou a segunda Sessão de apresentação de trabalhos aceitos para o Ternário Livre. Após compor a Mesa, apresentou o Curriculum Vitae de cada apresentador de trabalho e explicou a metodologia que seria adotada nesta Sessão.

Aylton Bogo, Analista de Sistemas, apresentou o trabalho Desenvolvimento e implantação de sistema informatizado para Bibliotecas: relato de uma experiência prática, fazendo uma apresentação teórica e a demonstração do sistema, desenvolvido em ambiente Windows

A seguir Maria Aparecida Sell, também Presidente do CRB-14, apresentou o trabalho Comunicação visual do CRB-14" Região. Explicou as funções do CRB-143 Região e que a Gestão 1994/1996 percebeu que havia necessidade de modificar a visualização do Conselho. Planejaram cerca de 16 peças promocionais, sendo que algumas estão em fase de execução e outras em fase de divulgação

Por último Cíntia de A. Lourenço apresentou o trabalho Automação de Bibliotecas: análise da produção via Biblioinfo (1986-94). Utilizou a análise bibliometria, concluindo que o veículo mais utilizado para divulgação de trabalhos são os anais de eventos; a maioria dos trabalhos é de autoria individual, mostrando a fraqueza e a fragilidade da área, pela ausência de grupos de pesquisa.

No dia 23 de outubro de 1996, às 14 horas e 15 minutos a Professora Neide Caciatori Brighenti, Coordenadora do painel Implicações das redes telemáticas no funcionamento de diferentes tipos de bibliotecas e de sistemas de informação, compõe a Mesa e fornece um mini curriculum vitae de cada painelista, explicando a importância do tema e a metodologia adotada para este painel.

Às 14 horas e 20 minutos a Bibliotecária Nilda Silveira Souza, da Unisul - Tubarão, inicia sua fala discorrendo a respeito das redes telemáticas e sobre sua influência nas bibliotecas universitárias. Antes de entrar no tema propriamente dito, mostrou a página eletrônica da Unisul e da Biblioteca da Unisul situada em Tubarão. Os vários Campus da Unisul (Tubarão, Santa Rosa de Lima, Araranguá e Palhoça) não estão ainda interligados. Para Nilda a telemática pode colaborar com o serviço das bibliotecas universitárias. Vê a telemática como um meio para o uso da informação. A Rede Catarinense de Ciência e Tecnologia e a RNP (Rede Nacional de Pesquisa) funcionam em parceria. As redes telemáticas disponibilizam informações para fins sociais, buscando o uso social das mesmas A biblioteca do futuro é uma biblioteca sem livros, sem paredes. As redes telemáticas vão interligar e interagir com as bibliotecas, não importando o tipo de biblioteca, mas sim o acesso imediato à informação. A eficácia de uma biblioteca está em sua capacidade de interligar-se a outras bibliotecas em qualquer lugar do mundo. A rede telemática permite o acesso rápido à informação, porém há algumas bibliotecas que não possuem livros básicos, como bibliotecas públicas e bibliotecas escolares. Indaga se nós (bibliotecários) estamos preparados para atuar em bibliotecas virtuais? Finaliza sua fala, sugerindo que o próximo Painel da ACB seja realizado via videoconferência utilizando a RNP e a Rede Catarinense de Ciência e Tecnologia.

Às 14 horas e 50 minutos a bibliotecária Elenice R. Gorges, da OAB -Seção de Santa Catarina, expôs as atividades desenvolvidas na Biblioteca da OÀB - Região de Santa Catarina, explicando a metodologia adotada quando utiliza a RENPAC. Entretanto esta painelista deveria abordar o tema: Implicações das redes telemáticas no funcionamento de bibliotecas especializadas.
 
Às 15 horas o Dr. Gregório Rados, Professor do Departamento de Biblioteconomia e Documentação da UFSC expôs suas idéias acerca de Redes telemáticas e dos sistemas de informações empresariais. Para o Professor Gregório a influência do uso da informação, via rede telemática, nas empresas é o lucro. E há duas formas de obter informação: a) advinhar e, b) arrancar. Os gerentes estão buscando as redes para obterem informações visando o lucro. Apresentou um quadro comparativo: empresa tradicional x empresa baseada em informação (empresa moderna). Utilizou a classificação de Landeu (1991) de Sistemas de Informação: a) sistema de processamento de transação (SPT); b) sistema de base de conhecimento (AE, SE); c) sistemas gerências (SIG e SAD); e d) sistemas de suporte ao nível estratégico (ESS). Hoje ficou mais barato processar e acessar as redes telemáticas e isso barateia o custo, aumentando a produtividade nas empresas. Informações ligadas ao negócio são parte do patrimônio de uma empresa, possuindo custo e valor associado. Hoje os sistemas de informação nas empresas tem que optar entre: a) "Groupware" - sistema "empurrar" - capacitar as pessoas a trabalharem em grupo através da comunicação, colaboração e coordenação e, b) "intranet" - sistema "puxar"- rede interna de computadores baseada nos padrões da rede pública INTERNET.

Às 15 horas e trinta minutos a Bibliotecária Rosângela do Valle Pereira, bibliotecária no BESC, fez explanação sobre um sistema de informação específico, no caso, o Sistema Financeiro do BESC, deixando de abordar as redes telemáticas em sua exposição.

Às 15 horas e 50 minutos a Professora Maria Helena Bier Maia abordou o tema As implicações das redes telemáticas no funcionamento em bibliotecas públicas, demonstrando várias razões pelas quais ainda não há nenhuma rede automatizada de Biblioteca Pública em Santa Catarina. Há apenas uma biblioteca pública automatizada, a da Cidade de Jaraguá do Sul. Houve debate sobre várias questões, com especial resgate da Biblioteca Escolar. Este Painel foi encerrado às 17 horas e 45 minutos.

No mesmo dia, à 19 horas e 15 minutos, a Bibliotecária Maria Aparecida Sell, na qualidade de Coordenadora da Mesa Redonda: Biblioteconomia e Condição feminina, explica o tema, colocando a importância e a preocupação dos bibliotecários com relação ao mesmo. Tendo em vista a ótica colocada, a Coordenadora da Mesa Redonda convida as palestrantes para discutirem o tema e compõe a Mesa, apresentando o curriculum vitae da Dra. Maria Teresa Cunha, Professora do Departamento de Metodologia de Ensino do CED/UFSC, da MSc. Clair Castilhos, Professora do Departamento de Saúde Pública do CCS/UFSC e da MSc. Gisela Eggert, Professora e Coordenadora do Curso de Biblioteconomia da UDESC. Após, a Coordenadora da Mesa redonda passa a palavra à Professora Maria Teresa da Cunha.

A Professora Maria Teresa da Cunha, com base na literatura apresenta o registro de três profissões, caracterizadas como femininas: de professora primária, de enfermeira e de guardiã de livros. Para exercer as profissões de professora, de enfermeira e de guardiã de livros era necessário a pessoa ter zelo com as coisas, paciência, ser cuidadosa e saber cuidar de algo, características estas consideradas femininas. Estas profissões ocupavam um status menor na sociedade, por isso a remuneração era menor do que a das profissões consideradas masculinas.

Após a apresentação da Professora Maria Teresa Cunha, às 19 horas e 45 minutos, a Coordenadora da Mesa Redonda tece alguns comentários referente ao trabalho apresentado, passando a palavra, às 19 horas e 50 minutos, à Professora Clair Castilhos.

A Professora Clair Castilhos fez uma retrospectiva do papel da mulher na sociedade, desde os primórdios, afirmando que Eva não foi a primeira mulher. E que a Bíblia enfatiza a imagem de Eva, por causa da história dela "ter sido criada da costela de Adão". Comentou sobre a educação feminina, o movimento associativo das mulheres, colocando à disposição materiais bibliográficos que tratam de diferentes questões relacionadas à mulher.

Após a apresentação da Professora da Clair Castilhos às 20 horas e 20 minutos, a Coordenadora da Mesa Redonda tece alguns comentários referente aos trabalhos apresentados, passando a palavra, às 20 horas e 25 minutos, à Professora Gisela Eggert.

A Professora Gisela Eggert falou sobre sua pesquisa de Mestrado, realizada na Escola de Biblioteconomia da Universidade Federal de Minas Gerais. Sua dissertação versa sobre tipos de informações, gosto, preferências e o hábito de leitura de um grupo de mulheres de uma favela situada em Belo Horizonte. Relatou que este Grupo de Mulheres gostava de ler romances, comprados em bancas de jornais, das séries: Bárbara Chartland, Júlia, Bianca. Estes romances tratam de uma realidade muito diferente do cotidiano das mulheres que estavam sendo pesquisadas.

Após a apresentação da Professora da Gisela Eggert, às 20 horas e 50 minutos, a Coordenadora da Mesa Redonda tece alguns comentários referente aos trabalhos apresentados, e, às 20 horas e 25 minutos, abre o debate.
As questões debatidas foram: comportamento dos rapazes do Curso de Biblioteconomia da UDESC em relação à profissão, profissionais masculinos registrados no CRB-14, educação feminina, movimento associativo feminista.

A Mesa Redonda foi encerrada às 21 horas e 10 minutos, sendo passada palavra ao Professor Francisco das Chagas de Souza, que apresentou, em nome da Comissão Organizadora do 15° PBSC, uma proposta de organização dos próximos Painéis.

A proposta foi debatida, sendo aprovado o que é transcrito a seguir. Ficou decidido criar uma Comissão Permanente para organizar os próximos Painéis de Biblioteconomia em Santa Catarina, composta por representantes (titular e suplente) dos órgãos representativos da Classe: ACB (Grupos e Comissões), CRB-14 (Diretoria), BDC/UFSC (só titular), BU/UFSC (só titular), BDC/UDESC (só titular) e BU/UDESC (só titular), devendo ser indicados os nomes dos representantes até o dia 30 de novembro do ano que antecede o evento. A Comissão oficial de cada Painel fica responsável pela publicação dos respectivos anais na Revista da ACB, devendo conseguir recursos financeiros para este fim. A distribuição da Revista fica ao encargo da ACB. O ternário do próximo Painel Biblioteconomia em Santa Catarina é o que segue. Foi aprovado: INFORMAÇÃO, SOCIEDADE E ÉTICA, como tema geral, e como subtemas: a) Ética, Direitos Autorais e Fotocópias, b) Biblioteca Escolar e Políticas Governamentais, c) Bibliotecários: Desmotivados? Desmobilizados? Sitiados? d) a força dos paradigmas bibliotecários de estabilidade e fluxo; e, e) propostas educacionais de Biblioteconomia em Santa Catarina para o próximo decênio. Foi ainda aprovado que o ternário dos próximos Painéis deverá ser aprovado, pela plenária do Painel que o antecede.

Após a apresentação e aprovação da proposta, o  15° PBSC foi encerrado pela Presidente da ACB.

Florianópolis, novembro de 1996.

Cláudia Gonçalves de Sousa RELATORA DO 15° PBSC


Rev. ACB: Biblioteconomia em Santa Catarina, Florianópolis, v. 2, n.2, p. 65-76, 1997.