CONVERSANDO COM BIBLIOTECÁRIOS
Graça Maria Fragoso
Resumo
Reflexões referente à profissão do bibliotecário
na Sociedade do Conhecimento sobre qual será a posição
do bibliotecário diante dela, sobre se a máquina substituirá
o homem, sobre se haverá uma espécie de competitividade entre
homem e máquina e, finalmente, sobre se a máquina supera as
funções do homem.
Palavras-chaves: Bibliotecário. Bibliotecas. Bibliotecário
– competências.
Posso imaginar hipoteticamente uma biblioteca sem livros
mas não sem bibliotecários.
Horst Neiβer
1 INTRODUÇÃO
Entre os princípios fundamentais que regem a formação
acadêmica do profissional bibliotecário, estão presentes
o firme compromisso com a liberdade intelectual e a promoção
ao acesso das mais variadas fontes de informação a um maior
número de pessoas .
O bibliotecário definiu-se aí como o profissional
que dirige, organiza e administra uma coleção de documentos
com a idéia de que esta informação será acessível
a todos os interessados. Para tanto, tem a seu cargo a função
diretiva, organizadora e administrativa. É uma combinação
de diretor, administrador, organizador, profissional de estudo e educador.
Numa visão universalista, espera-se que o bibliotecário
seja um profissional que conheça e se guie pela ética e reconheça
a importância do trabalho colaborativo. Faça o uso de técnicas
apropriadas de comunicação e estabeleça sistemas organizacionais
adequados, mobilizando conhecimentos, valores e proporcionando, assim, um
ambiente favorável e atrativo aos seus leitores.
2 BIBLIOTECÁRIO E AS RELAÇÕES DE SEU AMBIENTE
O bibliotecário desse novo momento da história
da humanidade evidencia-se como um ser em desenvolvimento contínuo,
tanto no plano pessoal como profissional. Necessita ter conhecimentos e habilidades
para atuar como facilitador, ou seja, aquele que avalia e investiga constantemente
seu desempenho e suas relações interpessoais, mantendo comunicação
– o diálogo - com a comunidade em que está inserido.
De fundamental importância para esse profissional
é conhecer quem é seu público leitor e o que este espera
de sua performance, uma vez que sua presença tem sido requisitada
em todos os segmentos sociais e áreas do conhecimento.
Afinal,chegamos a um novo milênio. Uma era favorável
a intercâmbios. Trocas em todos os níveis que requerem habilidades.
O bibliotecário deste novo tempo se vê frente a frente com uma
variedade de indagações “sobre como podem e devem atuar na
nova sociedade, criar e administrar a informação e o conhecimento
e planejar a inovação”. Portanto, disposto a mudar. Mas, o
que é mudar? Encontramos em dicionários vários significados
para a palavra mudar, entre eles, alterar fazendo de maneira diferente, sofrer
transformações, trocar, fazer modificações. Quanto
ao bibliotecário, o significado mudar deve estar ligado a alterar
fazendo de maneira diferente e diversificada, ampliando sua atuação.
Se o compararmos hoje com o de ontem, perceberemos que aquele apresenta mais
alternativas para facilitar sua proximidade com a comunidade e desta com
a biblioteca.
Esta proximidade se faz presente e as relações
interpessoais agem como estímulos que rompem imagens historicamente
estereotipadas e o bibliotecário se destaca em sua pratica como: motivador,
humano, criativo, inovador, investigador, tolerante, paciente e comprometido.
Enfim, com competências que o ajudam a estabelecer uma comunicação
efetiva e afetiva no seu ambiente, com aqueles que por ele circulam. Conseqüentemente,
um profissional seguro e disposto a proporcionar o uso adequado da tecnologia,
estimulando interesses para a leitura, estabelecendo condições
favoráveis para o desenvolvimento de valores como a dignidade, a solidariedade,
a igualdade e o respeito entre os freqüentadores deste ambiente cultural.
As novas tecnologias estão transformando a nossa
sociedade. Em 1978 , Lancaster salientava : toda a informação
será eletrônica. Cada cientista disporá de um terminal
em sua casa e a partir dele se comunicará com o mundo. O terminal
será utilizado em três funções principais: criar,
transmitir e receber informações. Amplas redes de comunicação
permitirão um diálogo interativo entre cientistas e profissionais,
incluindo o clássico acesso às bases de dados bibliográficos
e não bibliográficos. Em outras palavras, diante de um computador,
poderá receber textos, investigar, construir seus catálogos
de informação e conversar com seus pares. Em definitivo, segundo
ele, o computador substituirá as atividades, como escrever carta,
receber correio, arquivar documentos e referências bibliográficas.
Escrever e distribuir pesquisas, receber revistas científicas, pesquisa
em catálogos de bibliotecas e índices impressos, busca de dados
científicos e manuais, visitas a bibliotecas e centros de documentação.
3 CONSIDERAÇÕES
Vários foram os questionamentos que se apresentaram
a partir desta argumentação: qual será a posição
do bibliotecário diante dela? A máquina substituirá
o homem, ou haverá uma espécie de competitividade entre homem
e máquina e, finalmente, esta supera suas funções ?
Mudanças estão ocorrendo no conceito tradicional
de biblioteca e bibliotecários .Isto não implica no desaparecimento
destas e nem daqueles que nela atuam . Ao contrário, surge uma nova
perspectiva de trabalho, onde a tecnologia e a emoção fortalecem
a circulação do conhecimento , dinamizando sua prática.
Uma atividade que se fortificará é a formação
de pessoas para utilizar os novos mecanismos que se apresentam com a inserção
das variedades de fontes e de sistemas de informação no ambiente
de leitura .
É neste sentido que o progresso tecnológico
beneficiará o profissional, podendo agregar novos valores as suas
propostas. A amplitude e diversidade de fontes farão com que haja
aumento na demanda de especialistas em leitura e informação
abrindo mercado de trabalho, podendo esses atuar como consultores de informação,
e possibilitar , através disso, a familiarização, ou
seja, educar, a sociedade para o uso das novas tecnologias da informação
e da comunicação .
Os bibliotecários são imprescindíveis
nesta nova etapa da história da humanidade. Começam a se movimentar
nos ambientes profissionais através de novas acepções:
bibliotecólogo, gestor da informação, gestor do capital
intelectual, infortecário, engenheiro da informação,
mediador da informação entre outras .
Dessa forma , torna-se necessária a movimentação
do antigo guardião do acervo, no sentido de criar e difundir a cultura
de maneira prazerosa e dinâmica, dentro e fora do ambiente em que o
leitor/bibliotecário e o leitor/interlocutor transitam e dialogam.
Só através dessa mudança, a biblioteca poderá
adquirir a perspectiva reflexão / ação e crença
no mundo onde a comunicação se quer estabelecer.
REFERÊNCIAS
LANCASTER, F. The dissemination of scientific and technical information:
toward a paperless system. Chicago, I ll., 1977.
NEIβER, Horst. Entre a biblitoeca real e virtual: as novas tendências
nos serviços de biblioteca na Alemanha. Disponível em: <
http://www.goethe.de/br/sap/bibl/prineis2.htm
> [Diretor da Biblioteca Municipal de Colônia /Alemanha]
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TALKING WITH LIBRARIANS
Abstract: Reflections about the librarians profession at the Kwonledge
Society: which will be his position, if and how the machine will the machine
will substitute the man, if will be a competitive enviromental impact between
man and machine and how the machines will surpassable the men functions.
Keywords: Librarian; Libraries; Librarian – competencies
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Graça Maria Fragoso
Bibliotecária e Consultora para Bibliotecas nas Escolas de Ensino
Fundamental e Médio.
Diretora da Biblioteca Pública Estadual Luiz de Bessa, Belo Horizonte,
MG
E-mail: fragoso.bh@terra.com.br
Rev. ACB: Biblioteconomia em Santa Catarina, Florianópolis, v8,
p. 7-9, 2003.