INFORMATIZAÇÃO DAS BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS DO ESTADO DE SANTA CATARINA: CENÁRIO

Noêmia Schoffen Prado

Juliana de Abreu

Resumo

A mudança do cenário nacional relacionada à informatização das Bibliotecas Universitárias tem sido tema de diversas pesquisas. Com relação específica às do Estado de Santa Catarina, nenhum estudo ainda foi realizado envolvendo todas elas (Federal, Estadual, Municipal e Particular). O resultado desta pesquisa apresenta o cenário da informatização delas no Estado de Santa Catarina. Identificou-se diversos aspectos relacionados ao tema central como: softwares utilizados; requisitos e funções básicas destes softwares; utilização de formatos padronizados; processo de conversão retrospectiva, necessidade
de treinamento do pessoal da biblioteca e dos usuários para uso do software e os serviços e produtos oferecidos a partir da informatização.

Palavras-chave: Bibliotecas Universitárias – Santa Catarina – Informatização

1 INTRODUÇÃO

Diversas pesquisas voltadas a diagnosticar a situação das
Bibliotecas Brasileiras, sejam elas universitárias, especializadas,
públicas ou escolares, com relação a informatização ou
aplicação da tecnologia da informação, foram realizadas nas
duas últimas décadas, como as de Robredo (1981), Figueiredo
(1986), Lage (1990), Sayão et al.(1990), McCarthy (1990),
Ohira et al.(1994), Carvalho (1997).

Na década de 80, o mercado brasileiro era incipiente,
poucas bibliotecas tinham sido informatizadas e a necessidade
era a de desenvolver seus próprios softwares. Hoje, praticamente
não se discute mais a questão desenvolver ou adquirir. Os
resultados e a avaliação feita a partir dos softwares
desenvolvidos pelas instituições demonstram que é necessário
um investimento muito alto para que se possa manter um
software atualizado, com aplicação das novas tecnologias que
evoluem a cada dia. A prática encaminha para a aquisição, a
integração e o planejamento da implementação de software
gerenciador de bibliotecas existente no mercado e, nesse
sentido, propostas que apresentam critérios para avaliação de
softwares são encontradas na literatura como as de Café (2001)
e a de Cortê e Almeida (2000).

Comparando com os países centrais, que aplicaram as
novas tecnologias nas unidades de informação, a partir da
década de 60, no Brasil as mesmas aconteceram tardiamente.
Isso pode ser reflexo de que, somente no final da década de 70,
o Brasil inicia uma política governamental visando à fabricação
de equipamentos de informática, enquanto, nos países
desenvolvidos já estava consolidada a tendência no uso de
sistema on-line, de mini e microcomputadores, de formatos de
intercâmbio bibliográficos e o desenvolvimento de atividades
objetivando o compartilhamento de recursos (FIGUEIREDO,
1986 apud CARVALHO, 1997).

O cenário da informatização nas Bibliotecas
Universitárias, especificamente, foi pesquisado por Robredo em
1981 e por Sayão em 1990. Carvalho (1996), atualizou essas
pesquisas, coletando dados somente nas Bibliotecas
Universitárias Federais. Comparando os dados das três
pesquisas, o quantitativo de Bibliotecas Universitárias Federais
com serviços/produtos informatizados não apresenta uma
evolução significativa, principalmente nos dois últimos estudos
(Tabela 1).

Tabela 1 – Bibliotecas universitárias federais com serviços/produtos informatizados

 
AUTORES
ANO
QUANTIDADE
Robredo
1980
10
Sayão
1988
25
Carvalho
1996
25
    Fonte: Carvalho, 1997.

Com relação específica ao Estado de Santa Catarina,
conta-se com o estudo efetuado por Ohira et al.(1994), que teve
como objetivo conhecer como as Bibliotecas Universitárias e
Especializadas da Região da Grande Florianópolis estavam
utilizando a informática. Do universo pesquisado (onze
Bibliotecas Universitárias e oitenta Bibliotecas Especializadas),
as Bibliotecas Universitárias reduziam-se à da UFSC e da
UDESC, considerando-se as Setoriais e Central. A Biblioteca
Universitária da UFSC tinha desenvolvido seu próprio software
que encontrava-se em operação. A Biblioteca Universitária da
UDESC possuía planos de automação em projeto e em
desenvolvimento que estavam em teste piloto na Biblioteca
Setorial do Centro de Ciências Tecnológicas – FEJ.

Considerando-se a mudança do cenário nacional, no que
diz respeito à informatização das Bibliotecas, principalmente as
Universitárias, que passam a adquirir ao invés de desenvolver
seus softwares, busca-se verificar qual a realidade do cenário
estadual com relação a informatização das Bibliotecas
Universitárias, quais softwares vêm sendo utilizados, quais
funções estão sendo priorizadas na informatização, quais
produtos e serviços são implementados a partir da
informatização e quais os impactos causados pela
informatização. Estes e outros aspectos foram investigados,
proporcionando um panorama sobre o estado da informatização
das Bibliotecas Universitárias do Estado de Santa Catarina.

1.2 Método

O universo desta pesquisa foi constituído pelas Bibliotecas
Universitárias (BU’s) das Instituições de Ensino Superior (IES)
do Estado de Santa Catarina, distribuídas conforme tabela 2. As
IES foram identificadas através da Associação Catarinense de
Fundações Educacionais - ACAFE, do cadastro do Ministério da
Educação – MEC, complementado com pesquisa na Internet.

Foram enviados questionários para vinte e três BU’s que
foi respondido por dezenove BU’s, o que corresponde a um
percentual de 80%.

Tabela 2 – Caracterização das bibliotecas universitárias

BU’s
Questionários
enviados
Questionários
 retornados
Não
responderam
IES Federal
1
1

IES Estadual
1
1

IES Municipal
2
2

IES Municipal
2
2

IES Particulares
19
15
4
TOTAL
23
19
4

1.3 Material

Como instrumento de coleta de dados, utilizou-se de um
questionário com questões fechadas e abertas, compreendendo
os seguintes tópicos:
Parte I: Informatização das Bibliotecas Universitárias: softwares
utilizados, fornecedores, plataforma e arquitetura do software e
funções básicas.
Parte II: Redes: participação em redes de catalogação
cooperativa, integração com outros sistemas/redes da
Universidade (acadêmico, financeiro, patrimônio), acesso Web.
Parte III: Recursos: necessidade de treinamento de pessoal,
conversão retrospectiva, produtos e serviços oferecidos.

1.4 Procedimento

Após o levantamento das IES do Estado de Santa Catarina,
foram identificados os endereços eletrônicos das respectivas
BU’s. Uma vez identificados os endereços eletrônicos, os
questionários foram enviados por e-mail.

2 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados são analisados reunindo-os por partes de
acordo com a estrutura do questionário.

2.1 Informatização das BU’s

Neste tópico foram investigados aspectos relacionados aos
softwares utilizados para a informatização, arquitetura dos
softwares e funções básicas dos mesmos.

Inicialmente, verificou-se se a BU está informatizada ou
não, sendo os resultados apresentados na tabela 3.

Tabela 3 – Quantidade de BU’s informatizadas

Nível de informatização
Quantidade de BU’s
%
Totalmente informatizada
11
57,9
Em fase de informatização
7
36,8
Não está informatizada
1
5,3
TOTAL
19
100

Das dezenove BU’s respondentes, 57,9% consideraram
que estão totalmente informatizadas, 36,8% estão em fase de
informatização e, 5,3% não estão informatizadas. Considerandose
que uma BU não está informatizada, o número de BU’s que
serão analisadas nos próximos itens totalizam dezoito.

Em seguida, verificou-se se as IES que possuem mais de
uma biblioteca utilizam um software único ou não. Das dezoito
IES, nove delas possuem mais de uma biblioteca e, destas, todas
as nove implementaram ou estão implementando um software
único, integrando todas as bibliotecas existentes na
Universidade. Observou-se, em questões posteriores, que um
dos requisitos considerados indispensáveis na decisão pelo
software diz respeito a possibilidade de integração e
comunicação entre as bibliotecas, mantendo a consistência de
um catálogo coletivo.

Quanto ao software implementado, investigou-se se o
mesmo foi desenvolvido pela própria instituição ou foi
adquirido. Das dezoito BU’s, somente duas desenvolveram seu
próprio software e dezesseis optaram por adquirir um software
disponível no mercado. As razões que levaram as BU’s a
desenvolverem seu próprio software foram: custos menores, por
possuir pessoal capacitado para este fim, porque permitiu o
desenvolvimento de um software completamente compatível
com outros sistemas da IES e pelas facilidades na
implementação de melhorias.

Quanto à aquisição do software, têm-se os seguintes
resultados, conforme tabela 4. O total de dezenove softwares
para dezoito BU’s informatizadas, deve-se ao fato de que uma
BU adquiriu mais de um software.

Tabela 4 – Softwares implementados pelas BU’s

Tipos de Softwares
Aquisição por Quantidade
de BU’s
%
Pergamum
6
31,5
WinIsis 5 26,3
5
26,3
MicroIsis 2 10,5
2
10,5
School 1 5,3
1
5,3
SINF
1
5,3
Sábio
1
5,3
Elisa
1
5,3
Software desenvolvido localmente
2
10,5
TOTAL
19
100


O Pergamum é o software mais utilizado pelas BU’s em
Santa Catarina, por 31,5%, seguido do WinIsis, por 26,3% das
BU’s e do MicroIsis, por 10,5%. Se considerarmos a família
CDS-ISIS (WinIsis e MicroIsis), o resultado indicaria o CDSISIS
como o software mais utilizado, ou seja, por 36,8 das BU’s
catarinenses.

Observou-se que a grande maioria das BU’s
informatizadas (dezesseis) optaram pela aquisição do software,
sendo que esta é uma prática que não se discute mais. Diversas
BU’s brasileiras que haviam desenvolvido seus próprios
softwares, ainda na década de 80, abandonaram os mesmos e
decidiram pela aquisição de um software existente no mercado
nacional ou internacional. Esta mudança deve-se ao fato de que
é necessário um investimento muito alto para que se possa
manter um software atualizado e, também, porque o objetivo fim
da Universidade não é o desenvolvimento de softwares. São
projetos que começam num determinado momento político e
que, por razões diversas, na maioria das vezes financeiras e
humanas, podem não continuar num outro momento.

Procurou-se conhecer as características de cada software
nos seguintes aspectos: se possui arquitetura cliente/servidor, se
é mono ou multiusuário, se possui interface Web, se tem
flexibilidade por parâmetros e se possui protocolo Z39.50. As
respostas podem ser observadas na tabela 5.

Tabela 5 – Características dos softwares

Características
Número de Softwares
%
Arquitetura Cliente/Servidor
13
72,2
Multiusuário
16
88,9
Monousuário
0
-
Interface web
14
77,8
Flexibilidade por parâmetros
15
83,3
Protocolo Z39.50
2
11,1

Observou-se, nas respostas dessa questão, que algumas
bibliotecas, usando o mesmo software, mencionaram
características diferentes. Verificou-se uma grande procura por
softwares que têm por base a arquitetura cliente/servidor,
interface web e flexibilidade por parâmetros.

O banco de dados utilizado pelos softwares foi
investigado, sendo que a maioria (sete bibliotecas) utilizam o
SQL, seguidas do Oracle (quatro bibliotecas). O Interbase é
utilizado por duas bibliotecas, o Sysbase por uma biblioteca e
uma outra biblioteca utiliza o Lotus Notes. Três bibliotecas não
responderam essa questão.

Buscando conhecer mais detalhadamente os softwares,
questionou-se sobre os módulos e funções contempladas em
cada software (Tabela 6). Neste quesito, também verificou-se
que, apesar de tratar-se do mesmo software, respostas diferentes
foram dadas quanto as funções dos mesmos. Os módulos de
catalogação, pesquisa on-line e emissão de relatórios estatísticos
foram os mais citados, por 94,4% das BU’s, seguidos dos
módulos de controle de periódicos e controle de circulação, por
88,8% das BU’s.

Tabela 6 – Módulos e funções dos softwares

Módulo/Função
Quantidade de Softwares
%
Catalogação 17
94,4
Pesquisa on-line
17
94,4
Emissão de relatórios estatísticos
17
94,4
Controle de Periódicos
16
88,8
Controle de Circulação 16
88,8
Referência
15
83,3
Controle da Aquisição 14 77,8
14
77,8
Importação/Exportação de Dados 14
77,8
Empréstimo entre Bibliotecas
12
66,7
Comutação Bibliográfica 5 27,8
5
27,8
Reserva e renovação pela Internet 1
5,5
Biblioteca Digital
1
5,5

Questionadas sobre o investimento financeiro efetuado na
aquisição do software, dos equipamentos, na capacitação dos
recursos humanos da biblioteca e na manutenção do software,
somente dez bibliotecas responderam. Os valores são bastante
diversificados. Observou-se que as maiores bibliotecas,
considerando-se tamanho do acervo e número de usuários,
fizeram um investimento maior. As BU’s com um número maior
de bibliotecas setoriais investiram mais em equipamentos.

Requisitos e funções considerados indispensáveis à BU,
para a decisão pelo software adquirido, foram objeto de estudo
na pesquisa. As respostas são apresentadas na tabela 7,
observando-se que os requisitos considerados indispensáveis
foram o controle da circulação (27,8%), o custo acessível
(22,2%), possuir interface web (16,7%), permitir a conversão de
dados de outro software (11,1%) e, atender todas as áreas de
gerenciamento da BU (11,1%).

Comparando-se esses dados com a pesquisa de Figueiredo
(1998), que fez um levantamento entre as Bibliotecas
Universitárias Federais e algumas estaduais e particulares,
observou-se que os fatores que levaram à escolha do software
naquele momento não são os mesmos identificados nesta
pesquisa. De acordo com Figueiredo, os principais fatores que
levaram à escolha do software foram: a aceitação de catalogação
e formato mais usados no país e no exterior; a utilização do
software em outras bibliotecas do país; a facilidade de uso do
software; a conexão com redes internacionais e; que seja
traduzido para a língua portuguesa.

Tabela 7 – Requisitos/funções indispensáveis para a seleção do software

Requisitos/Funções
Quantidades de respostas
%
Controlar a circulação 5
27,8
Custo acessível
4
22,2
Interface web 3
16,7
Permitir a conversão dos
dados de outro software
2
11,1
Atender todas as áreas de
gerenciamento da BU
2
11,1
Utilização do software em
outras bibliotecas
1
5,6
Emissão de relatórios
estatísticos
1
5,6
Compatibilidade com outros
sistemas da IES
1
5,6
Compatibilidade com os
padrões da Rede Bibliodata
1
5,6
Utilizar banco de dados
Oracle
1
5,6
Permitir pesquisa on-line 1 5,6
1
5,6
Possuir módulo de
parâmetros
1
5,6
Arquitetura cliente/servidor
1
5,6
Sistema integrado
1
5,6
Manter a consistência do
catálogo coletivo
1
5,6
Disponibilizar serviços aos
usuários via Internet
1
5,6
Estar em constante evolução
e atualização
1
5,6

2.2 Redes

As questões correspondentes à segunda parte do
questionário procuraram saber se as BU’s participam de Redes e
se estão integradas com outros sistemas e redes nacionais ou
estrangeiras.

A primeira questão perguntou se a BU participa de alguma
Rede de Catalogação Cooperativa e, caso positivo, de quais
redes. Das dezoito BU’s respondentes, oito delas, o que
corresponde a 44.4% participam de alguma Rede, sendo que
uma biblioteca participa de duas Redes. As outras dez BU’s não
participam de Redes de Catalogação Cooperativa, perfazendo
55.6%. Considerando-se que a participação em Redes é uma
tendência, principalmente por agilizar o processamento técnico e
reduzir custos, ainda há muito que avançar neste aspecto nas
BU’s do Estado de Santa Catarina. Das oito BU’s que
participam de Redes, cinco são membros da Rede Pergamum,
passando a fazer parte da mesma a partir da aquisição do
software com o mesmo nome e quatro delas participam da Rede
Bibliodata.

A pesquisa de Carvalho (1997), identificou que 92% dos
serviços de processamento técnico estavam informatizados nas
Bibliotecas Universitárias Federais e, concluiu que 43% das
bibliotecas que estavam com esses serviços informatizados, são
integrantes da Rede Bibliodata. Isso vem comprovar a
importância do compartilhamento de recursos e da participação
em Redes Cooperativas, principalmente num processo de
informatização.

Questionadas sobre a utilização de formato padronizado
para a entrada de dados, quinze BU’s (83,4%) utilizam algum
formato e três BU’s (16.6%) não fazem uso de formato, como
pode ser observado na tabela 8.

Tabela 8 – Formatos padronizados para entrada de dados utilizados pelas BU’s

Formatos
Número de BU’s
%
MARC 11 61,1
11
61,1
IBICT 2 11,1
2
11,1
USMARC 1 5,6
1
5,6
MARC21 1 5,6
1
5,6
Nenhum formato 3 16,6
3
16,6
TOTAL
18
100

Procurou-se saber se o software implementado pela BU
está integrado com outros sistemas da Universidade, sendo que
somente seis das dezoito BU’s responderam positivamente a
essa indagação. Quatro BU’s possuem um software que está
integrado ao software acadêmico, três ao sistema financeiro,
uma ao de contabilidade e uma ao de Recursos humanos.

É importante para as Bibliotecas e para os usuários que a
informatização não seja simplesmente a automação de algum
processo manual como o empréstimo por exemplo, mas que
ofereça novos serviços e traga benefícios diversos para o
gerenciamento da biblioteca. Com esta finalidade foi
questionado se, a partir da informatização, a biblioteca passou a
alimentar alguma base de dados ou rede nacional ou
internacional e que fossem mencionadas essas bases de dados.
Somente cinco BU’s (27.8%) afirmaram essa ocorrência nas
seguintes bases/redes: CCN (três BU’s), Rede Bibliodata (duas
BU’s), Rede Pergamum (duas BU’s), Prossiga (uma BU) e,
Base de Teses Brasileiras (uma BU).

2.3 Recursos

Em relação aos recursos, foram levantado dados sobre a
necessidade de capacitação do pessoal da biblioteca, produtos e
serviços oferecidos a partir da informatização, metodologia da
conversão retrospectiva e impactos causados pela
informatização.

Na primeira questão investigou-se a necessidade de
capacitação dos recursos humanos da biblioteca para a
informatização e perguntou-se quais cursos foram oferecidos. A
grande maioria necessitou de cursos para a operacionalização do
software implantado, conforme observa-se na tabela 9, sendo
que três bibliotecas disseram não ser necessário qualquer curso.

Tabela 9 – Necessidade de capacitação dos recursos humanos da biblioteca

Tipos de Cursos
Quantidade
Bibliotecas
%
Operacionalização do Software
8
44,4
Formato MARC
3
16,7
Curso Básico de Windows
1
5,6
Gestão do Conhecimento
1
5,6
Curso de ORACLE
1
5,6

Quanto à necessidade de capacitação dos usuários para o
uso do software, somente duas BU’s mencionaram não ter
oferecido qualquer treinamento. Uma justificou por ser o
software muito fácil e, outra, por ainda não ter disponibilizado a
pesquisa para os usuários. Das dezesseis BU’s que capacitaram
ou estão capacitando os seus usuários para a utilização do
software, a maioria oferece treinamentos constantes, conforme
tabela 10.

Tabela 10 – Capacitação dos usuários para o uso do software da biblioteca

Tipo de capacitação oferecida
 Quantidade
%
Treinamentos constantes
13
72,2
Folders
10
55,6
Help on-line
4
22,2
Orientação local 1 5,6
1
5,6
Palestra no início de cada semestre 1 5,6
1
5,6
Comunicação visual 1 5,6
1
5,6

Buscou-se verificar junto às BU’s qual a metodologia
utilizada para o processo de conversão retrospectiva. Sete
bibliotecas não responderam e três mencionaram não ser
necessária a conversão uma vez que a BU já foi criada
informatizada. Nas demais bibliotecas houve a conversão dos
dados existentes num sistema anterior para o novo sistema.
Conforme mencionado anteriormente, a biblioteca deve
crescer em produtos e serviços com a informatização. Neste
sentido, questionou-se sobre produtos e serviços que foram
oferecidos aos usuários a partir da informatização. Subentende
se que esses serviços não existiam anteriormente. Na tabela 11
estão relacionados os serviços e produtos mencionados pelas
BU’s. Três BU’s não responderam, uma delas justificou estar no
início da informatização e, portanto, ainda não disponibilizou
novos serviços aos usuários. Observou-se que a pesquisa on-line
e o empréstimo automatizado foram os mais citados, seguidos
pela emissão de relatórios estatísticos e a possibilidade de
reservar materiais pela internet. Na pesquisa realizada por
Figueiredo (1998), a consulta on-line e o empréstimo
automatizado também foram mencionados como os principais
novos serviços.

Tabela 11 – Serviços/produtos oferecidos pelas BU’s a partir da informatização

Serviços/produtos
Quantidade
BU’s
%
Pesquisa on-line
9
50,0
Empréstimo automatizado 7
38,9
Emissão de relatórios estatísticos
5
27,8
Reserva pela internet
5
27,8
Consulta em terminal local
4
22,2
Acesso a documento com texto integral 2 11,1
2
11,1
Avisar, por e-mail, sobre chegada de material reservado e data de vencimento de material emprestado
2
11,1
Comutação bibliográfica
1
5,6
Emissão de cartas de aviso aos usuários
1
5,6
Empréstimo on-line entre as bibliotecas da IES
1
5,6
Auto-atendimento via internet
1
5,6
Controle de recebimentos e pagamentos
1
5,6
Atendimento via e-mail
1
5,6

Finalmente, verificou-se os impactos causados pela
informatização nos seguintes segmentos: biblioteca,
funcionários e usuários, sendo apresentados os dados coletados
sobre a questão nas tabelas 12, 13 e 14.

Os principais impactos causados pela informatização nas
BU’s foram, em primeiro lugar, a agilidade nos serviços
oferecidos, principalmente no empréstimo, com 50% das
respostas; em segundo, a segurança no controle do acervo, com
22,2% e; em terceiro, a precisão das informações geradas, o
aumento dos serviços prestados e a agilidade nos processos,
ambos com 11,1% das respostas.

Tabela 12 – Impactos causados pela informatização na Biblioteca
 
Tipos de Impactos
Quantidade
BU’s
%
Agilidade nos serviços oferecidos
(principalmente no empréstimo)
9
50,0
Segurança no controle do acervo
4
22,2
Precisão das informações geradas
2
11,1
Aumento dos serviços prestados
2
11,1
Agilidade nos processos
2
11,1
Nenhum impacto
2
11,1
Melhoria da qualidade
1
5,6
Padronização dos processos
1
5,6
Agilidade do Processamento Técnico
1
5,6
Maior reconhecimento
1
5,6
Troca de informações entre as bibliotecas
1
5,6
Reestruturação do processo técnico
1
5,6
Atualização no tratamento da informação
1
5,6

Para os funcionários das BU’s constatou-se uma
resistência inicial (22,2%) como principal impacto, seguido da
agilidade na recuperação (11,1%). Assim, também, para os
usuários, a resistência inicial foi o maior impacto observado,
com 22,2% das respostas, seguido da satisfação e da rapidez no
acesso, com 16,7%.

Essa questão, sob o enfoque dos impactos causados, não
foi objeto de estudo em pesquisas anteriores. O que mais se
aproxima das respostas obtidas, diz respeito aos dados
levantados por Figueiredo (1998), que verificou com a
automação, a melhoria na prestação de serviços aos usuários.
Encontrou respostas onde o maior benefício mencionado foi o
da rapidez, agilidade e eficiência no atendimento. Além disso, a
otimização das atividades de controle e formação do acervo,
levantamentos bibliográficos, catalogação, empréstimo e
comutação. Foram citados, também, fatores de credibilidade,
confiabilidade e precisão dos dados, com melhor qualidade dos
serviços prestados e com dados estatísticos mais confiáveis.

Tabela 13 – Impactos causados pela informatização aos funcionários da BU

Tipos de Impactos
Quantidade
BU’s
%
Resistência inicial
4
22,2
Agilidade na recuperação
2
11,1
Nenhum impacto
2
11,1
Melhoria na qualidade do ambiente
1
5,6
Agilidade do processamento técnico
1
5,6
Agilidade e facilidade
1
5,6
Insegurança com relação ao emprego
1
5,6
Aumento da informação para o desenvolvimento das atividades
1
5,6
Melhoria da produtividade
1
5,6
Melhoria da qualidade
1
5,6
Melhoria dos serviços
1
5,6
Maior tranqüilidade e confiança no atendimento
1
5,6
Curiosidade
1
5,6
Compreensão mais ampla dos processos
1
5,6
Precisão nas decisões
1
5,6
Não respondeu 1
1
5,6

Tabela 14 – Impactos causados pela informatização aos usuários

Tipos de Impactos
 Quantidade
BU’s
%
Resistência inicial 4 22,2
4
22,2
Satisfação 3 16,7
3
16,7
Rapidez no acesso 3 16,7
3
16,7
Autonomia para consulta, reservas e renovação  2
11,1
Nenhum impacto
2
11,1
Participação, através de sugestões, para o
crescimento da BU
1
5,6
Melhoria na qualidade dos serviços
1
5,6
Usuário mais responsável, independente e
participativo
1
5,6
Maior interação usuário/biblioteca  1
5,6

3 CONCLUSÕES

O cenário da informatização das BU’s do Estado de Santa
Catarina pode ser considerado excelente, uma vez que, do
universo pesquisado, 57.9% já se encontram totalmente
informatizadas e 36.8% estão em fase de informatização.
Somente uma BU não está informatizada.

Os softwares mais utilizados pelas BU’s são o Pergamum
em primeiro lugar, utilizado por 31.5% das BU’s, seguido do
WinIsis, por 26,3% das BU’s.

Constatou-se que as BU’s se preocuparam, principalmente,
com o controle da circulação no momento da informatização,
pois este foi o principal requisito exigido na seleção do software.
Em segundo lugar foi mencionado o custo acessível do software
e, em seguida, a disponibilização em interface Web. Percebe-se
que, ao mesmo tempo que preocuparam-se em automatizar o
empréstimo, considerado o “gargalo” das Bibliotecas,
ocasionando filas imensas no processo manual, também
procuraram disponibilizar seu acervo via internet, facilitando ao
usuário a busca e localização da informação.

Estas duas preocupações principais na seleção do software
são confirmadas na questão que investiga os serviços/produtos
oferecidos a partir da informatização. Em primeiro lugar (nove
BU’s) está a disponibilização da pesquisa on-line e, em segundo
(sete BU’s), o empréstimo automatizado.

Com relação a participação das BU’s em redes de
catalogação cooperativa, a pesquisa mostrou que ainda é baixa
esta participação com somente 44.4% das BU’s. E, este
percentual, só foi alcançado porque quem adquire o software
Pergamum automaticamente passa a fazer parte da referida
Rede.

No item capacitação dos recursos humanos da BU,
constatou-se que a grande maioria necessitou de curso para a
operacionalização do software implementado que, geralmente, é
oferecido pelo fornecedor do software.

É importante destacar que a resistência inicial foi
mencionada como o maior impacto causado pela informatização
aos funcionários e também aos usuários das BU’s. Isso vem
confirmar o que a literatura, não só da área da Ciência da
Informação, como na de Inovação Tecnológica, de que qualquer
inovação provoca uma resistência que deve ser trabalhada
através da sensibilização, participação, motivação,
conscientização e preparação para a mudança.

NOTA

Este artigo é resultado do Projeto de Pesquisa de Iniciação
Científica PIBIC/CNPq.

REFERÊNCIAS

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automação e a cooperação nas bibliotecas brasileiras. In: SEMINÁRIO
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p. 223-232.
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UNIVERSITY LIBRARIES AUTOMATION IN SANTA CATARINA STATE: AN OVERVIEW

Abstract

The change of national scene related to the university library automation has been subject of diverse research. With specific relation to the Santa Catarina State, no studies has been developed at Federal, State, Municipal and Particular libraries. The research result presents the view of the library automation of all libraries in Santa Catarina State. Identified diverse aspects
related to the central subject as: softwares; requirements and basic functions of these softwares; use of standardized formats; retrospect conversion process, necessity of training the library staff and the users to use software and also the services and products offered through automation process.

Keywords: University libraries; Santa Catarina - Libraries; Library
Automation .
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Noêmia Schoffen Prado

Professora no Departamento de Biblioteconomia e
Documentação da Universidade do Estado de Santa Catarina –
UDESC E-mail: r4nsp@udesc.br

Juliana de Abreu

Aluna do Curso de Biblioteconomia, bolsista de Iniciação
Científica PIBIC/CNPq
Universidade do Estado de Santa Catarina – UDESC
E-mail: juli-abreu@hotmail.com
Rev. ACB: Biblioteconomia em Santa Catarina, v. 7, n. 2, p. 180-197, 2002.