III FÓRUM ESTADUAL DE BIBLIOTECAS ESCOLARES

Florianópolis, 18 de outubro 2003

Tema central

“Biblioteca na escola: aposte nesta idéia”

Com o objetivo de compartilhar experiências relacionadas à biblioteca
escolar, reuniram-se, no dia 18 de outubro de 2003, bibliotecários, acadêmicos de
biblioteconomia, arte-educadores, auxiliares de biblioteca, professores e diretores
de escola durante a realização do III FÓRUM ESTADUAL DE BIBLIOTECAS
ESCOLARES. Com o tema central “Biblioteca na escola: aposte nesta idéia” o
Grupo de bibliotecários da Área Escolar de Santa Catarina – GBAE/SC, não mediu
esforços para colocar a biblioteca escolar no centro das atenções no processo
ensino-aprendizagem. A discussão acerca da temática mostra-se fundamental no
momento em que o Plano Estadual de Educação – PEE está sendo elaborado para
posterior encaminhamento ao Legislativo Estadual, e responde também, ao
questionamento e desconforto deixados pela Portaria 003/SED de 04 de abril de
2003, da Secretaria de Estado da Educação e Inovação, que pela falta de vagas ao
cargo de bibliotecário escolar na Rede Estadual de Educação, remaneja professores
readaptados para o ambiente das poucas bibliotecas escolares.

As atividades deste III Fórum foram realizadas no Auditório do Centro
Educacional Menino Jesus - CEMJ, Centro, Florianópolis – SC e seguiu
programação previamente estabelecida, podendo ser conferida no endereço
http://www.ced.ufsc.br/bibliote/acb/forum3.html

A cerimônia de abertura contou com as presenças de Elisa Cristina Delfini
Corrêa – Representante do Conselho Federal de Biblioteconomia – CFB e do
Departamento de Biblioteconomia e Documentação da UDESC; Rosalba Elisabeth
de Paula – Presidente do Conselho Regional de Biblioteconomia, 14ª Região –
CRB-14; Ursula Blattmann – Representante da Federação Brasileira das
Associações dos Bibliotecários – FEBAB e do Departamento da Ciência da
Informação da UFSC; Claci Teresinha Ross Gebien – Vice-presidente da
Associação Catarinense dos Bibliotecários – ACB; Reverenda Irmã Walburga
Back – Diretora Geral do Centro Educacional Menino Jesus – CEMJ e Eliane
Fioravante Garcez – Coordenadora do Grupo de Bibliotecários da Área Escolar de
Santa Catarina – GBAE/SC.

Jairo Aldo da Silva, graduado em Filosofia e Teologia, professor do
Instituto de Ensino Superior de Joinville – IESVILLE, acompanhado pelo
violinista Fernando Boss, emocionou a platéia cantando o Hino Nacional.

Após a execução do Hino Nacional, cada componente da mesa discorreu
sobre o tema: Biblioteca na escola: aposte nesta idéia. Todos foram unânimes com
relação a importância do evento, a satisfação de estarem presentes, fortalecendo o
apoio ao Grupo de Bibliotecários Escolares. Eliane Fioravante Garcez,
coordenadora do GBAE/SC, agradeceu a presença dos demais integrantes da
mesa, falou que o leque de profissionais responsáveis pela biblioteca escolar é
amplo, mas diante de tantos desafios, a experiência mostra que mesmo nos aliando
ainda somos poucos. Acrescentou que a biblioteca escolar precisa de espaços de
discussão para melhor divulgar sua função social. Neste sentido destaca que o
ambiente escolar é espaço propício para tal intento, onde é possível a participação
de todos os envolvidos: pais, alunos, professores, bibliotecários. Lamenta a pouca
oportunidade que os bibliotecários têm tido para se “aventurar” e “experimentar”
neste terreno fértil de atuação profissional. Na esfera pública, pela ausência de
cargos, não há concursos, e na esfera particular, preferem, ainda, o professor ao
bibliotecário. Acredita que mudanças neste quadro poderão ser anunciadas se ações
cooperativas entre os poderes públicos, categorias profissionais, representantes de
classes envolvidas e das universidades, além é claro, da intervenção do próprio
bibliotecário que já atua no ambiente escolar, forem pensadas. Assim, este III
Fórum é um convite na busca da (re)construção do significado da biblioteca
escolar, do profissional bibliotecário, que enfrenta grandes dificuldades ao tentar
sair do anonimato. Anuncia e agradece os patrocinadores e o apoio recebido de
muitos colaboradores, incluindo os participantes presentes.

A mestre de cerimônia, bibliotecária Herta Kiese, intercalou às atividades
frases relativas aos bibliotecários escolares e/ou às bibliotecas escolares, como: “O
trabalho do bibliotecário escolar gera influências conseqüentes na comunidade de
leitores, mantendo a casa em ordem, conjugando os seus esforços com os do corpo
docente e da comunidade. Existindo a vontade de construir e transformar, o espaço
da biblioteca escolar, aparecerá como uma decorrência natural”.

Dando prosseguimento, Herta Kieser esclarece as normas para a
participação no debate, programado para acontecer ao término das palestras e
relatos de experiências do período matutino, onde as perguntas deveriam ser feitas
por escrito e identificadas, para posterior resposta, se necessário. Então, convida a
Professora Araci Isaltina Andrade Hillesheim, da UFSC, para atuar como
mediadora entre os palestrantes e o relógio, e a bibliotecária Eliana Paula Turmina,
para secretariar os trabalhos.

A primeira palestra da manhã: – As reformas na Educação Catarinense e a
constituição de Bibliotecas Escolares – foi proferida por Alzemi Machado.
Bibliotecário, Mestre em Educação e Cultura, Educador Social, Administrador do
Complexo - Ilha Criança, da Prefeitura Municipal de Florianópolis. Alzemi
Machado relatou o principal objetivo do seu trabalho de mestrado, onde verifica e
analisa as influências do Movimento Escola Nova e a sua relação no
desenvolvimento das Bibliotecas Escolares na rede pública de ensino do Estado de
Santa Catarina, a partir das diversas Reformas Escolares, dando ênfase ao período
de 1935 a 1946.

Em seguida, ouvimos o relato de experiência: – Biblioteca Rui Barbosa do
Centro Educacional Menino Jesus: Construindo o Conhecimento Respeitando o
Indivíduo, proferido pela bibliotecária Cíntia Valéria Wagner, Especialista em
Gestão da Informação e Bibliotecária do Centro Educacional Menino Jesus –
CEMJ - Florianópolis. Cíntia fez uma breve apresentação da instituição onde a
Biblioteca Rui Barbosa está inserida e destacou a parte da ação cultural que a
Biblioteca promove na Escola. Apresentou a Biblioteca em números: cerca de 13
mil títulos, aproximadamente 400 Cds, 500 fitas de vídeo, 36 assinaturas de
revistas e 2 jornais de circulação nacional. Destacou a utilização da Biblioteca
como recurso pedagógico, os setores existentes, o público que atende, o
procedimento nas pesquisas, os trabalhos desenvolvidos para incentivo à leitura e a
dinamização cultural. Mostrou como a biblioteca está inserida no processo ensinoaprendizagem
e em relação ao Método Montessori que tem com lema “Ajude-me a
crescer, mas deixe-me ser eu mesma”. Atualmente os serviços estão
completamente automatizados, o que torna mais ágil o atendimento aos usuários
mostrando a importância do espaço contar com profissional especializado. .A
biblioteca do Centro Educacional Menino Jesus não deixou de acompanhar a
evolução do colégio nos últimos anos, ao contrário, caminha no sentido de tornar o
silencioso espaço de livros em um local dinâmico e de cultura constante.

Após a apresentação seguiu-se o intervalo. A Livraria Livros & Companhia
expôs e vendeu livros; o Centro Acadêmico do Curso de Biblioteconomia da
UFSC, vendeu camisetas com tema alusivo ao Dia do Bibliotecário; a profª.
Ursula Blattmann vendeu e autografou o livro de sua autoria “O zapear a
informação em bibliotecas e na internet”; a MultiAcervo divulgou software para
bibliotecas; e na secretaria do evento, o Grupo de Bibliotecários da Área Escolar –
GBAE/SC, vendeu adesivos referentes ao tema central do Fórum: Biblioteca na
escola: aposte nesta idéia.

Ao retomar os trabalhos, a Mestre de Cerimônia, leu de Nelly Novaes
Coelho: “A fantasiosa situação revelada através do diálogo do texto com as
imagens é assimilada pela criança com facilidade, pelo fato de apelar para
impulsos que nela existem naturalmente: o impulso da curiosidade que leva à
experimentação do desconhecido; o impulso de partilhar sua experiência com os
outros; o de querer descobrir “para que servem as coisas?” e, finalmente, a
satisfação interior que lhe vem quando acaba por achar uma utilidade para o
estranho objeto fantasiado”.

A terceira palestra da manhã, coube a Felícia de Oliveira Fleck, acadêmica
da 6ª fase do curso de Biblioteconomia do Departamento de Ciência da Informação
da UFSC. Com interesse voltado a biblioteca escolar, é contadora de histórias, e
integra o Grupo História Fiada, dirigido por Celso Sisto. Desde março deste ano
trabalha no projeto para a organização da biblioteca da Escola Dom Jaime de
Barros Câmara, no Ribeirão da Ilha. Com a palestra: - Organização de Biblioteca
em Escola Pública: o Caso da Biblioteca da EEB Dom Jaime de Barros Câmara -
fez uma breve apresentação da Escola, instituição pública estadual, dentre tantas
outras em que a biblioteca ainda não é vista como prioridade. Em seguida mostrou
como iniciou o projeto, seu desenvolvimento e o diagnóstico da realidade de
biblioteca de escola pública, tão imprescindível e tão esquecida pelo poder público.
Destacou as dificuldades enfrentadas devido a falta de estrutura física e financeira,
além da ausência de profissional da área de Biblioteconomia. Sentindo a
necessidade de dinâmica cultural dentro da escola, Felícia “criou” a Hora do
Conto, muito bem aceita pelos alunos, o Mural Informativo e o Hospital do Livro.
Este último como forma de conscientizar os alunos sobre a importância do cuidado
que precisamos dar aos livros. Após seu relato, Felícia encantou a todos com uma
história.

Passamos, então, para o próximo trabalho – Revitalizando Bibliotecas da
Rede Estadual de Educação em Florianópolis – proferida pela profª. Magda
Chagas Pereira, Doutora em Linguística e professora do Departamento de
Ciência da Informação da UFSC. Projeto de extensão da Universidade Federal
de Santa Catarina - UFSC, abrange escolas de duas comunidades carentes no
município de Florianópolis. Patrocinado pelo Governo Estadual (R$ 50.000,00),
une forças com os cursos de Biblioteconomia e de Ciências Sociais, e busca
oferecer à crianças e adolescentes formação no processo de leitura e cidadania,
através do espaço da Biblioteca na Escola Lúcia Livramento Mayvorme, em Monte
Serrat, e Presidente Roosevelt, em Coqueiros. A professora Magda relatou ainda,
algumas dificuldades enfrentadas pelas escolas por estarem localizadas em
regiões carentes da cidade.

Tivemos troca de posição das atividades seguintes. Sendo assim, Margarida
Baird, arte-educadora e contadora de histórias, trouxe à platéia pequenos contos
das arábias, e a história “As colheres compridas”. Presenteou a coordenação do III
Fórum com 25 CDs “Contos Sufis” de sua autoria, os quais foram sorteados no
final das atividades do dia.

A seguir os palestrantes retomaram assento à mesa e deu-se inicio ao debate.
As normas foram recordadas, sendo que cada debatedor teve 2 minutos para
resposta.

Neste debate, entre as diversas perguntas elaboradas, chamou-nos a atenção
a quantidade de perguntas dirigidas à bibliotecária Cíntia Valéria Wagner, gerada
pelo fato de a mesma ter uma estagiária de biblioteconomia e outra do curso de
letras. Justifica a presença desta última por priorizar, além do conhecimento
acadêmico, o interesse, a iniciativa, a dinâmica nos trabalhos de uma biblioteca
escolar. Acrescentou que sendo responsável pelo setor, sofre cobranças por parte
da instituição, assim precisa contar com pessoas que garanta qualidade ao trabalho.
Também lhe foi perguntado se há monitoramento quando os alunos utilizam a
internet, haja vista o perigo de acesso à sites impróprios. Cíntia disse que os alunos
são acompanhados por monitores e a disposição da sala e dos microcomputadores,
não propicia este tipo de acesso.

Ás 13:30h, retomamos às atividades, após o intervalo para o almoço. Antes
de anunciar o próximo palestrante a mestre de cerimônia resgata nas palavras de
Mário Quintana a importância de contar histórias. “Vai daí, o príncipe pegou e
disse... evoca Mario Quintana. Com carinho saudoso, o poeta lembra a magia da
hora do conto – todas as noites improvisadas pela babá, uma iaiá nega a remoer
causos. Para o menino Mário, toda graça estava no jeito da contadora de
histórias. Ela espichava as frases, deixava espantos no ar e, costurando uma meia,
voz rouca e vagarosa, multiplicava o suspense”.

Segue, então, anunciando a presença de Leon de Paula, professor de artes
cênicas, e contador de histórias que narrou “O Rei de Orelhas Compridas”. Antes
disto, nos presenteou com relato que descreveu a existência do bibliotecário e do
contador de histórias ao longo da trajetória da humanidade.

A mediação dos trabalhos apresentados no período vespertino coube a
professora Maria de Lourdes Blatt Ohira, do Departamento de Biblioteconomia e
Documentação da UDESC, e para secretariá-los a bibliotecária Sandra Martins
Lohn Vargas.

Mais uma vez a mestre de cerimônia lembrou aos presentes das normas
para o debate programado para o final das apresentações dos trabalhos, sendo as
perguntas feitas por escrito e identificadas.

O professor Pedro Lucyk da Escola Marista de Criciúma, passa a apresentar
- Projeto Marista: Leitura Diária. Nele enfatizou a importância e os significados de
leitura, do que é ler, do por que ler, e de como sensibilizar o leitor.

Segundo o palestrante a leitura deve acontecer de dentro para fora. Relata a
importância de transformar a informação em conhecimento, e do papel do
professor neste processo. Destaca os objetivos do Projeto Marista:
desenvolvimento do exercício da leitura diária; produção de textos; conquista de
novos leitores; criação de espaços para a leitura (leitura na biblioteca, leitura de
varal, leitura de mural, leitura de painéis e leitura de jornal); e, hábito de leitura nas
famílias.

O professor Lucyk abordou o tema de maneira bastante peculiar,
demonstrando dinamismo e entusiasmo, contagiando o público. Deixou na
secretaria do evento, à disposição dos participantes do III Fórum Estadual de
Bibliotecas Escolares, cópias do Projeto Marista: Leitura Diária, também
disponível na web.

Em seguida passou-se para a palestra - O Ensino da Normalização dos
Trabalhos Escolares no Ensino Fundamental: Relato de Atividade – resultado do
projeto desenvolvido por Inês Josino da Silva – Bibliotecária Especialista em
Marketing da informação pela UFSC. Coordenadora das bibliotecas do Colégio
Nova Era e da faculdade de IESVILLE de Joinville, Neusa de Lourdes Cagneti,
pedagoga, professora de Língua Portuguesa do ensino Fundamental do Colégio
Nova Era de Joinville e por Nayana Adriano Kupsch, Bacharel em Ciências
Biológicas, professora de Ciências no Colégio Nova Era e pós-graduanda em
Espaço, Sociedade e Meio Ambiente, pela IBPEX. Realizado em parceria
(biblioteca x sala de aula), o projeto teve início com uma turma de 7a série, dando
ênfase ao ensino da pesquisa e a importância da normalização de acordo com as
normas da ABNT.

O projeto teve início com a leitura do livro “Tem lagartixa no computador”,
de Marcelo Duarte, da editora Ática. Na história, o personagem diabético busca
esclarecimentos sobre a doença. Da aula de português o tema diabetes, passa para
aula de ciências, para ser aprofundado o estudo. Após leituras, estudos, palestras e
muitas discussões os alunos passaram para a elaboração do trabalho escrito, onde
coube à bibliotecária orientá-los quanto a estruturação da pesquisa de acordo com
as normas da ABNT.

Inês Josino da Silva, esclarece que o trabalho está em fase final, com
conclusão prevista para 2004. O objetivo é conscientizar e “treinar” os demais
professores da Escola quanto à importância da pesquisa e do ensino da
normalização dos trabalhos escolares desde o ensino fundamental.

Com este relato as palestrantes apontam a possibilidade em desenvolver
outros trabalhos desta natureza, fundamentais para aproximar biblioteca e sala de
aula. Inês, ainda acrescenta da importância dos auxiliares de Biblioteca entenderem
da normalização e da classificação para melhor atender os usuários.

A apresentação do projeto: - Bibliotecas escolares da Rede Municipal de
Educação de Blumenau: busca de qualificação – proferida por Ana Beatriz de
Azevedo Hernampérez da Secretaria Municipal da Educação de Blumenau, trouxe
breve diagnóstico da situação das bibliotecas, mostrando o quanto precisa ser feito
para que o ideal de biblioteca escolar seja alcançado.

O projeto desenvolvido em dez escolas municipais de Blumenau prevê que
todas as bibliotecas sejam padronizadas, desenvolvendo a pesquisa, envolvendo
trabalhos em parceria com os professores, dando suporte aos profissionais e ao
desenvolvimento de projetos voltados à literatura. Atualmente há duas
bibliotecárias e uma pedagoga envolvidas no projeto. Apresentou situação das
bibliotecas quanto a verba para aquisição, setor pessoal, a questão do professor
reenquadrado e/ou readaptado, temporário e/ou permanente. Destaca a necessidade
de bibliotecário habilitado em cada escola, quer seja de Rede Pública como de
Rede Particular.

Houve um breve intervalo e ao retornarmos, a mestre de cerimônia, leu
parecer de Edson Gabriel Garcia, sobre o espaço da biblioteca: “Os espaços
criados pelos homens não são ingênuos. Certamente refletem as concepções que se
tem das funções que deverá ter um prédio, uma praça, uma rua. Quando a
biblioteca existe e ocupa um espaço acessível, pode-se pensar numa escola que
forma contando com informações”.

Apresenta-se em seguida, a Professora Maria Emilia Ganzarolli, para a
palestra Biblioteca Escolar = Espaço de Leitura e Produção de Sentidos. Mestre
em Educação e Cultura, e professora da disciplina Bibliotecas Escolares, do Curso
de Biblioteconomia e Documentação da UDESC, nos relata a importância da
prática da leitura, da produção de sentido na leitura, e do contato constante de
crianças e adolescentes com o material impresso. Aborda ainda que chegamos ao
século XXI com uma produção literária infantil rica, mas é fundamental
disponibiliza-la. Enfatizou a Biblioteca Escolar como espaço de leitura, portanto,
essencial no ambiente escolar, mas que na prática, há ausência destes espaços.

Com o título - Espaços Públicos, Informação e Cidadania o Secretário de
Estado da Educação e Inovação, senhor Jacó Anderle e a Secretária da Educação
do Município de Florianópolis, senhora Telma Guilhermina Rezende Hoeschel,
foram convidados a constituir mesa de debates onde os temas propostos foram
explorados de acordo com suas experiências e conhecimentos. A professora Maria
de Lourdes Blatt Ohira teve a anuência da coordenação do evento para que o
trabalho desta mesa fosse filmado.

A senhora secretária relata a situação das escolas e bibliotecas da Capital,
quantifica bibliotecários e auxiliares atuantes. São 19 bibliotecários, 6 auxiliares e
28 estagiários em exercício na Rede Municipal de Educação. Diz que o município
tem investido fortemente na capacitação dos bibliotecários, além da melhoria nas
condições da biblioteca e do acervo. Reconhece a necessidade de aumentar a carga
horária dos profissionais atuantes, assim como a possibilidade das escolas e
bibliotecas estarem abertas nos finais de semana. Relata a importância da
biblioteca como um espaço para a comunidade, e os bibliotecários como os
mediadores do conhecimento e acrescenta: “a biblioteca é o local sublime da
escola, é o alimento da alma. O aluno precisa sentir o livro, vivenciar e perceber a
transformação”. Entende que a escola deve oportunizar aos alunos espaço de
crescimento e desenvolvimento, e que a Rede Municipal motiva a elaboração e a
publicação de livros, resultado dos trabalhos desenvolvidos por professores e
bibliotecários. Entrega à coordenação do GBAE/SC, alguns exemplares de livros
produzidos pela Prefeitura, para posterior distribuição entre os participantes do
evento. Trouxe ânimo aos presentes quando anunciou para breve a realização de
concurso público para o cargo de bibliotecário escolar, sendo aplaudida por todos.
Para a secretária ler é importante, tanto que orgulha-se de ler 6 livros por mês.

Dando continuidade, o Secretário de Estado da Educação e Inovação, senhor
Jacó Anderle inicia seu pronunciamento. Para o secretário, escola é “espaço
público de informação e aprendizagem”. Concebe o bibliotecário como educador.
Reconhece e destaca pontos fundamentais para este educador: aprender a ser,
aprender a fazer, aprender a conhecer, aprender a conviver e aprender a
empreender.

Relata a intenção da Secretaria de Estado em adotar currículo integral.
Atualmente 16 escolas adotam este sistema e a meta para 2004 é que mais 250
escolas funcionem em período integral. A proposta do Governo Federal, “Projeto
Escola Aberta”, que tem como meta o funcionamento das escolas e suas
bibliotecas, em tempo integral, inclusive nos finais de semana, está sendo estudada
pela Secretaria de Educação.

Comenta que a Secretaria do Estado da Educação e Inovação está em
processo de elaboração do Plano Estadual de Educação - PEE, e sugere aos
profissionais presentes a participação no mesmo, a fim de que o espaço da
biblioteca, e do bibliotecário escolar, sejam garantidos. Reconhece a necessidade
da criação do cargo de bibliotecário escolar no Estado, meta para início em 2004.

Feitas as explanações, deu-se início ao debate, mas antes foram recordadas
as normas de procedimento, onde as perguntas deveriam ser apresentadas por
escrito e identificadas. Cada debatedor teria 2 minutos para a resposta. A
professora Elisa Cristina Delfini Corrêa, da UDESC, que integra a comissão
formada por bibliotecários e técnicos da Secretaria de Educação e Inovação, cuja
formação deu-se após publicação e discussão acerca da Portaria 003/SED, de 4 de
abril de 2003, é convidada a informar sobre o andamento dos trabalhos.

Fazendo-se uma síntese das perguntas dirigidas ao secretário Jacó Anderle,
pode-se dizer que era visível a angústia e preocupação dos presentes com a
possibilidade de as bibliotecas escolares continuarem sendo dirigidas e
administradas por professores readaptados ou remanejados, política esta fortalecida
com a publicação da Portaria 03/SED de 04/04/03. Também pela situação da
Biblioteca Pública do Estado de Santa Catarina que em sua estrutura não possui
cargo de Diretor, extinto pela administração do atual Governo de Luiz Henrique da
Silveira, e atualmente gerenciada por profissional não bibliotecário. Diante da
veemência das colocações e visíveis descontentamentos, o Secretário Jacó Anderle,
externou a preocupação em sanar estas questões em 2004, onde será encaminhado
à Assembléia Legislativa, projeto para a criação de cargos para bibliotecário.

Aglutinando os questionamentos dirigidos à Secretária Municipal de
Educação de Florianópolis, temos: O bibliotecário é um educador? Quando haverá
concurso público para bibliotecário no município de Florianópolis? Se houve
incentivo financeiro, por parte da Secretaria para que os bibliotecários do
município pudessem participar deste fórum? A Secretária Telma Guilhermina
Rezende Hoeschel responde a questão do bibliotecário ser ou não ser um educador.
Numa abordagem mais ampla diz que qualquer indivíduo que interage no
ambiente escolar é um educador. Mas que é necessário possuir algo mais, interagir
com a leitura e releitura de textos, além de ser importante ter capacitação
específica. Neste sentido informa que a Rede Municipal de Educação tem
incentivado a capacitação de seus educadores. Com relação ao segundo
questionamento afirmou que a Rede Municipal pretende abrir concurso público
para aumentar o quadro de bibliotecários, ainda em 2003. Passando de 19 para 34
bibliotecários. Quanto a solicitação por parte de bibliotecários da RME para
participar deste fórum, diz que não recebeu nenhuma solicitação neste sentido. E
acrescenta, “somos responsáveis por nossas conquistas. Não podemos culpar o
outro por aquilo que não lutamos”.

Iniciadas as atividades de encerramento pode-se perceber a presença da
quase totalidade dos participantes inscritos. Isto nos deu a certeza de que há
interesses sendo despertados para a questão da biblioteca escolar.

Ouvimos e vimos o Hino do Estado de Santa Catarina produzido pela
Maxton, gentilmente cedido pela Secretaria de Estado da Educação e Inovação.

A Coordenadora do Grupo de Bibliotecários da Área Escolar de Santa
Catarina – GBAE/SC, senhora Eliane Fioravante Garcez volta a agradecer o apoio
e participação recebidos para a realização do evento. Os colegas do GBAE/SC
aproveitam para lhe prestar homenagem.

Deu-se prosseguimento as atividades de encerramento com sorteio de
brindes. Na secretaria do evento foi possível entregar os certificados, mediante
assinatura dos participantes, aos que se inscreveram com antecedência.

Diante das explanações, o Grupo de Bibliotecários da Área Escolar de Santa
Catarina - GBAE/SC – julga ter alcançado êxito pela realização do III Fórum
Estadual de Bibliotecas Escolares, o qual reuniu 152 pessoas, com 134 inscritos,
representantes de 31 municípios catarinenses, e dos três estados da região sul, que
ali representaram 40 instituições de ensino, particulares e públicas.

Dentre os participantes estavam professores e bibliotecários de instituições
públicas e privadas, docentes e acadêmicos dos cursos de biblioteconomia da
Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC e Universidade para o
Desenvolvimento do Estado de Santa Catarina – UDESC, Centro Acadêmico do
Curso de Biblioteconomia da UFSC, diretores de escolas, representantes de
editoras, secretários da educação (do Estado e do Município de Florianópolis). Isto
vem confirmar que há demanda de atuação e desenvolvimento profissionais em
biblioteca escolar. Acreditamos que a qualidade de vida do catarinense e do
Florianopolitano tão fartamente divulgada pelas mídias, sirva para atrair
investimentos e empreendimentos nas áreas de turismo e comércio, mas que sirva
para alertar os governantes, investidores e empreendedores da necessidade de
investir em educação pública, alicerce às demais áreas.
Florianópolis, 18 de outubro de 2003.

Coordenação GBAE/SC

Grupo de bibliotecários da Área Escolar de Santa Catarina

Rev. ACB: Biblioteconomia em Santa Catarina, Florianópolis, v. 8, p. 79-87, 2003.