O SDI COMO INSTRUMENTO DE EDUCAÇÃO CONTINUADA : A RESPONSABILIDADE DAS UNIVERSIDADES NO TREINAMENTO DOS USUÁRIOS

Leonardo Fernandes Souto

Patrícia de Oliveira Portela

Resumo:

O estudo, com base na revisão de literatura, e coleta de dados por questionários,
tem como propósito a aplicação do SDI em universidades e objetiva a sua utilização na
educação continuada. O processo de globalização e a velocidade de transmissão de dados
digitais nos avanços científicos e tecnológicos na sociedade do conhecimento, dimensionada
pela estrutura composta de modernos canais de informação e comunicação, facilita e requer
o permanente processo de aprendizagem do sujeito. Descrevem os elementos da
disseminação seletiva de informações e finaliza com questionamentos quanto à necessidade
de aplicação do SDI no ambiente acadêmico e em relação à educação continuada.

Palavras-chave :

Disseminação Seletiva de Informações (SDI); Sociedade do conhecimento;
Universidades – tecnologia da informação; Tecnologia da informação; Educação continuada.

1 INTRODUÇÃO

A versão original deste texto foi apresentada inicialmente como Pôster na
IV Conferência Internacional em Política Tecnológica e Inovação, realizada em
Curitiba, no período de 28 a 31 de agosto de 2000. A idéia principal consistia em
apresentar os benefícios de aplicar a Disseminação Seletiva de Informações (do
inglês Selective Dissemination of Information conhecido na literatura como SDI)
como instrumento de educação continuada, destacando a necessidade das
universidades assumirem a responsabilidade de “treinar”, ou seja, capacitar os
sujeitos envolvidos no processo de ensino e aprendizagem, identificados como
docentes, discentes, pesquisadores e corpo administrativo; de modo que estes, após
conhecerem as facilidades oferecidas pelo serviço, continuem a utilizá-lo como
meio permanente de atualização.

Este texto é direcionado aos profissionais envolvidos com a
Biblioteconomia e Ciência da Informação. Tem como objetivo apresentar a
linguagem, os procedimentos adotados para a elaboração do SDI (descritos
sinteticamente), a evolução da produção científica e a metodologia do SDI, com a
intenção de mostrar facetas deste serviço. A proposta apresentada de aplicação da
Disseminação Seletiva de Informações no processo educativo, enfoca a prática da
mesma.

A descrição é fundamentada na pesquisa bibliográfica sobre SDI e educação
continuada. Provoca-se a reflexão e discussão de idéias para confrontar na
Sociedade da Informação.

Com o processo de globalização e a velocidade nos avanços científicos e
tecnológicos, a busca pela informação tornou-se uma necessidade. A Sociedade do
Conhecimento, também conhecida por Sociedade da Informação, passa a ter uma
nova dimensão, apresentando uma estrutura renovada e dispondo de modernos
canais de comunicação.

Para Vieira (1998) apud Tarapanoff (1999, p. 33) “a sociedade da
informação seria aquela com pleno acesso e capacidade de utilização da
informação e do conhecimento para sua qualidade de vida, o desenvolvimento
individual e coletivo dos cidadãos e para gestão da economia”.

Com a implantação do SDI nas universidades, as bibliotecas universitárias
podem estimular os acadêmicos quanto ao aprofundamento de temas e provocar o
desenvolvimento dos trabalhos técnicos e científicos para as atividades de ensino e
pesquisa e auxiliar diretamente na educação continuada.

2 PRODUÇÃO CIENTÍFICA: DAS PINTURAS RUPESTRES À INTERNET

Desde os primórdios da história da humanidade o homem preocupou-se em
registrar para a posteridade os conhecimentos adquiridos e suas vivências. Para
isso utilizou várias formas de linguagem aperfeiçoadas ao longo do tempo.

A evolução da escrita acompanha a própria evolução humana. Desta forma
o homem valeu-se de expressões artísticas em seu estágio mais rudimentar,
passando pelas escritas pictográficas, mnemônicas, ideográficas, caracteres
cuneiformes, hieróglifos e finalmente chegando ao alfabeto.

A natureza sempre ofereceu ao homem recursos para o registro das
informações como: rochas, argila, pergaminho, papiro e papel. O uso do papel
permitiu que as informações chegassem a um maior número de pessoas e a
imprensa, por sua vez, permitiu a reprodução em maior escala das informações
escritas. Da tipografia para o aparecimento do computador levaram-se
aproximadamente cinco séculos, e com o computador, a produção e o acesso às
informações atingiram o ápice.

O computador, por ser um instrumento que permite a rápida interação entre
pessoas de diferentes classes sociais, regiões e níveis intelectuais, despertou no
homem um sentimento de mudança e transformação. Com isso, muitos dos valores
que regiam a sociedade foram colocados à prova desencadeando o que alguns
pesquisadores chamam de “crise da civilização”, e, para eles, a “crise do livro” está
diretamente relacionada à “crise da civilização”, o que se constata na opinião de
Martins (1996, p. 426).

A “crise do livro” não passa, pois, de um aspecto da “crise
da civilização” de que ele é a criação mais alta, mais
específica. A história do homem ocidental é, em última
análise, a história do livro. Tudo o que se fez até hoje, desde
os tempos pré-históricos, mas sobretudo a partir da
Antiguidade, tem encontrado no livro, na palavra escrita, a
sua interpretação, o seu programa ou a sua glorificação. O
texto foi, dessa forma se identificando cada vez mais com a
própria civilização. Hoje, essa crise que, segundo Huizinga,
atinge todos os valores, intelectuais, morais e estéticos, não
poderia poupar o livro que é, de todos eles, o instrumento
por excelência.

Com o uso intensificado da informação acessível e disponível em
computadores modifica-se não apenas os valores da sociedade, mas também, a
forma de registro, acesso e uso das experiências humanas. A digitalização está
presente no registro de fotografias, vídeos e até mesmo de informações
originalmente impressas, fazendo uso dos recursos da multimídia que oferece a
informação através de imagem, som e movimento. Em pleno inicio deste novo
milênio, o livro impresso e o registro digital caminham juntos. Questiona-se a
substituição do livro impresso pela informação digital. Entretanto, muito ainda há
de se esclarecer e as tendências apontarão quais os caminhos.

3 DISSEMINAÇÃO SELETIVA DE INFORMAÇÕES

A Disseminação Seletiva de Informações é um serviço que fornece ao
usuário uma relação periódica de fontes informacionais, relacionadas com sua área,
mediante o preenchimento de um perfil de interesse.

A comunicação científica sempre passou por mudanças.
Quando os principais veículos eram a palavra escrita e
impressa, isso acontecia com relativa lentidão. Os novos
meios de comunicação criados pela tecnologia da
informação aceleraram este ritmo. A comunicação científica
passa agora por um período de rápida evolução.
(MEADOWS, 1999, p. 245).

Contudo, os mesmos aparatos tecnológicos da tecnologia da informação,
que possibilitaram as mudanças no processo de comunicação científica, permitiram
o avanço das técnicas de tratamento das informações e a partir deles é possível
desenvolver serviços voltados para atender satisfatoriamente às necessidades dos
usuários. Para Robredo e Cunha (1986, p. 9) “a medida que as técnicas de
tratamento da informação têm progredido, surgiram novos serviços mais adaptados
às necessidades dos usuários”. Destaque-se, entre eles, a Disseminação Seletiva de
Informações.

O perfil de interesses, utilizados na Disseminação Seletiva de Informações,
funciona como um filtro que refina a grande quantidade de informações oferecidas
pela literatura científica, canalizando de forma personalizada os pacotes
informacionais resultantes do cruzamento da base de dados com o perfil de
interesse. A idealização desse serviço é atribuída a Hans Peter Luhn.

 

Figura 1 – Ciclo do processo de informação mediado pelo SDI

Os principais componentes do SDI são: a) base de dados bibliográfica; b)
base de perfis de interesse dos usuários; c) pacotes informacionais; e d)
retroalimentação.

Um dos elementos que compõem um serviço de SDI é a base de dados. O
gerenciamento da base de dados bibliográficos requer no momento da implantação
certos cuidados que garantam um desempenho adequado do serviço. A publicação
exponencial, principalmente de artigos em periódicos científicos, provoca a
preocupação e ações em atualizar as bases de dados com conteúdos condizentes
aos interesses da clientela.

Em relação às bases de dados, um aspecto a ser observado no processo de
disseminação da informação é a seleção do que realmente será relevante para o
usuário do serviço. Deve-se adotar políticas de seleção relacionadas às
características do documento/fonte de informação e à abrangência do conteúdo.

Quanto às características, a política de seleção deve analisar a consistência da
informação veiculada, reconhecimento do autor por seus pares e inovação
proposta. Por outro lado, quanto à cobertura a política de seleção restringe-se à
tomada de decisão referente à geração de bases de dados na própria instituição ou
aquisição de bases de dados externas.

Outro aspecto muito importante na estruturação da base de dados é o tempo
de atualização, o qual está diretamente ligado ao intervalo de envio dos pacotes
informacionais. Deve-se, ainda, estabelecer os critérios de acesso aos documentos
para que o ciclo da informação seja percorrido por completo. Não interessa ao
pesquisador somente ser informado dos documentos publicados em sua área de
atuação, mas também as formas de poder acessá-los. O acesso pode ser através do
acervo da própria biblioteca que oferece o serviço, comutação bibliográfica,
empréstimo inter-bibliotecário ou indicação da disponibilidade on-line.

Outro elemento do SDI são os perfis de interesse. Nocetti (1980, p. 24)
define os perfis de interesse “como o conjunto de indicadores que caracterizam as
necessidades informacionais dos usuários”.

Os perfis de interesse podem ser elaborados a partir de formulários que
representem o usuário no confronto das bases de dados com a sua necessidade de
informação. O formulário pode ser composto por vários campos:

a) número do perfil de interesse (para controle interno);
b) data de preenchimento;
c) dados pessoais: indicações que facilitam o contato com o
usuário como nome, endereço pessoal, e-mail, telefone etc;
d) nome e endereço da entidade a qual o usuário está vinculado;
e) escolaridade;
f) tema: parte do perfil em que o usuário determina o que irá
pesquisar, especificando clara e objetivamente o assunto que
deseja localizar;
g) embasamento: seria o ponto de partida da pesquisa,
representado por uma ou duas referências bibliográficas;
h) idiomas: descrição da língua em que deseja receber as
referências dos documentos; quanto mais opções, mais
documentos podem ser recuperados;
i) palavras-chave: campo destinado aos termos relevantes que
irão identificar o tema da pesquisa. Além do vocabulário livre,
podem ser utilizados glossários, tesauros, índices e outras
formas de vocabulário controlado;
j) extensão da pesquisa: identifica se o usuário pretende uma
pesquisa exaustiva ainda que corra o risco de recuperar
referências irrelevantes ou uma pesquisa restrita com um
mínimo de irrelevância;
k) período de abrangência: intervalo de tempo referente à data
de publicação dos documentos. Embora o SDI priorize
informações atualizadas, a delimitação do período de
abrangência pode auxiliar em pesquisas retrospectivas, pois, a
base de dados pode ser atualizada com informações
provenientes de documentos não recentes, oriundos de doação,
permuta e até mesmo compra. Ex.: A partir de 1990 ; de 1990
a 2000.

O terceiro elemento do processo de Disseminação Seletiva de Informações
trata dos pacotes informacionais. Estes consistem em listagens personalizadas, com
a indicação de fontes de informação, resultantes do cruzamento das bases de dados
com os perfis de interesse. O cruzamento dos perfis de interesse com a base de
dados pode ser manual ou automatizado, entretanto, alerta-se para a inviabilidade
do cruzamento manual em sistemas de grande porte.

Os pacotes informacionais, portadores da identificação dos documentos
recuperados de interesse dos usuários, podem ser gerados na forma de referências
bibliográficas, catalogação ou simplesmente relacionando os tópicos dos
documentos (autor, título, imprenta). Dependendo das características das bases de
dados utilizadas, podem vir acompanhados de um resumo sucinto do documento,
dos descritores relacionados (palavras-chave) e do idioma em que o texto se
encontra. O número e a relevância das referências recuperadas dependem da
abrangência da base de dados utilizada e da “evidência científica” do assunto. Os
pacotes informacionais podem ser enviados por correio tradicional ou eletrônico
(e-mail), ou em malote (correspondência enviada internamente entre instituições ou
setores), e até mesmo entregues pessoalmente – se os usuários forem poucos e
estiverem no mesmo espaço físico da instituição que disponibiliza o serviço.

A retroalimentação consiste no mecanismo pelo qual a instituição
mantenedora é informada sobre a eficiência do serviço. Uma forma muito utilizada
para se obter a retroalimentação é o envio de um questionário de avaliação anexo
ao pacote informacional. Por meio dele são coletadas informações que identificam
o grau de utilização do programa de disseminação. O usuário relata os aspectos
positivos e negativos do material recebido identificando informações não
utilizadas, irrelevantes e até previamente conhecidas.

O questionário de avaliação respondido pelo usuário e devolvido à
coordenação do SDI, possibilita aos responsáveis pelo sistema analisar o conteúdo
e definir ações que podem até implicar na necessidade de refinar o perfil do
usuário na tentativa de evitar futuras distorções nas estratégias de busca.

O sucesso do SDI depende de uma eficiente e eficaz estrutura das bases de
dados, dos perfis de interesse definidos com clareza e objetividade para a
realização do serviço de envio dos pacotes bibliográficos. A retroalimentação é
fundamental para a avaliação do serviço porque funciona como mediadora no
sistema, adequando-o conforme demonstrarem as necessidades.

4 APLICAÇÃO DO SDI NAS INSTITUIÇÕES EDUCACIONAIS

As pessoas desenvolvem competências e habilidades em produzir,
armazenar e disseminar informações para torná-las disponíveis e acessíveis. Esse
fato decorre em saber lidar com a sobrecarga de informações e assimilar
conhecimentos com mais rapidez e eficiência necessária à aplicação de métodos,
técnicas e instrumentos de aprendizagem para o desempenho das pessoas na
Sociedade da Informação.

A universidade, diante da revolução educacional, tecnológica e social não
pode ignorá-la nem tampouco deixar de aproveitar seus benefícios. Como centro
crítico e questionador jamais será usuária incondicional dos recursos oferecidos
pela tecnologia, mas, desconhecê-la ou deixar de aproveitá-la é absolutamente
imperdoável (MARCOVITCH, 1998, p. 142). É importante que seja fortalecida a
educação dos usuários da biblioteca universitária, desde a graduação, quanto a
aspectos de saber localizar a informação e utilizar os novos recursos
informacionais para atender as demandas imediatas, ou ao longo da vida, na qual
se requer a competência e habilidade da educação continuada.

Considerando a natureza do SDI, ao selecionar as informações de interesse
do usuário conforme publicadas, o processo se completa, visto que quando ao
tomar conhecimento das publicações seja na área técnica, acadêmica ou literária, o
serviço poderá oferecer meios de enriquecer o aprimoramento profissional, pois,
segundo Silva ([199-]), a formação universitária não deve ser vista como
terminada, mas sim como ponto inicial que determina, como prática, a qualidade
do processo como um todo.

A aplicação do SDI voltado para a prestação de serviços aos alunos de
faculdades e universidades auxilia no suporte de atividades de ensino e pesquisa.
Se o aluno de graduação utilizar este serviço e acostumar-se com os benefícios e
vantagens do sistema, posteriormente ele o verá como um aliado em sua vida
profissional, podendo utilizá-lo como um instrumento de atualização profissional e
educacional.

Tornar disponível o SDI aos profissionais atuantes no mercado de trabalho e
na sociedade, ou seja, fora do ambiente acadêmico, possibilita obter retorno
financeiro dos investimentos direcionados à aquisição de fontes de informação nas
bibliotecas universitárias e de melhorias na relação custo X beneficio para a
instituição que oferece o serviço.

Há universidades que estabelecem um valor monetário para a prestação do
serviço. Para algumas, o maior problema enfrentado é a atualização das bases de
dados, para outras, o custo é que acarreta as maiores complicações.
Um aspecto relevante é que em muitas instituições, além do fornecimento
dos pacotes informacionais, há a preocupação de se oferecer o acesso aos
documentos na íntegra. Isso fornece credibilidade ao serviço pois não apenas
informa a existência do documento mas disponibiliza o acervo para satisfazer o
usuário.

5 SDI E EDUCAÇÃO CONTINUADA

A educação continuada possibilita a atualização profissional e atende
exigências do mercado de trabalho.

Dentre as reflexões, a visão de Marin (1995) ao analisar termos e
concepções referentes ao assunto :

Parece que a terminologia educação continuada pode ser
utilizada para uma abordagem mais ampla, rica e potencial,
na medida em que pode incorporar as noções anteriores –
treinamento, capacitação, aperfeiçoamento – dependendo da
perspectiva, do objetivo ou dos aspectos a serem focalizados
no processo educativo, permitindo que tenhamos visão
menos fragmentária, mais inclusiva, menos maniqueísta ou
polarizadora. (MARIN, 1995, p. 19, grifos da autora)

Concorda-se com tal concepção porque ao propor a Disseminação Seletiva
de Informações o serviço pode auxiliar nos processos de aperfeiçoamento pois
permite um maior grau de instrução e de capacitação já que permite obter
patamares mais elevados de profissionalidade, sendo os termos em destaque
defendidos por Marin (1995) ao refletir sobre aperfeiçoamento e capacitação.

O uso de novas tecnologias na ampliação dos canais educacionais
possibilita sincronizar diversos recursos tecnológicos utilizados para conduzir a
informação a diferentes lugares e a um grande número de pessoas. O rádio, a
televisão, os satélites, as fibras ópticas, as gravações sonoras e audiovisuais, as
redes informatizadas e o computador foram colocados a favor do ensino com o
escopo de alcançar um público amplo e heterogêneo. A aplicação pedagógica de
diferentes meios tecnológicos, cada um com sua peculiaridade, modificou-se ao
longo do tempo. Com os computadores a educação à distância e a educação
continuada atingiram um estágio diferenciado.

A tendência para o século XXI é a de uma formação constante, o contínuo
apreender. Pode ser formal ou informal, presencial ou à distancia, utilizar técnicas
e métodos rudimentares ou recursos do ciberespaço. Em todo caso, necessita-se
observar os requisitos de cada pessoa, suas habilidades e competências e
principalmente identificar quais os recursos mais pertinentes e apropriados para
cada situação. Ponderar as vantagens, limitações e desvantagens é apenas o
começo .

Compreende-se o ciberespaço, este ambiente virtual da informação, no qual
circula de forma dinâmica, em ritmo acelerado, dimensionado pelas barreiras de
tempo e espaço para a aprendizagem, possibilitará aos indivíduos inserirem em seu
planejamento de vida a necessidade de se educar sempre.

A Internet é um canal dinâmico, permite o fácil acesso às informações para
pessoas conectadas em diferentes lugares. Esta rede amplia o universo da pesquisa,
constituindo-se em um meio para a educação continuada. Entretanto, ao se acessar
a Internet, é possível que se desvie do objetivo da busca frente à variedade de
informações e amplitude das fontes disponíveis. Desta forma o SDI, por ser um
serviço personalizado, tem o objetivo de filtrar as informações e priorizar a
qualidade para evitar a sobrecarga informacional.

5.1 O SDI aplicado aos sistemas de educação continuada

As pessoas precisam saber quais os recursos disponíveis e como podem
utilizá-los, pois existem muitas características em bases de dados. Algumas são
direcionadas para consulta de dados estatísticos, outras, referenciais, e tem aquelas
com texto ou multimídia direcionando consultas diferenciadas conforme a
necessidade e especificação de cada consulente. A utilização do SDI aliado a estas
bases permite oferecer a informação adequada à determinada necessidade, no
tempo certo e a uma demanda previsível.

Algumas instituições disponibilizam bases de dados em conjunto com a
disseminação seletiva. As bases de dados encontram-se tecnicamente tratadas e o
SDI otimiza o acesso às informações nelas contidas. Dentre elas pode-se citar o
Centro Nacional de Energia Nuclear – CNEN, por meio do Centro de Informações
Nucleares – CIN, que oferece o serviço desde a década de 1970 no Brasil.

A utilização conjunta da Disseminação Seletiva de Informações com bases
de dados possibilita a melhoria da qualidade dos serviços. Se houver a associação
do SDI com as bases de dados já disponibilizadas, pode-se alcançar um maior grau
de satisfação dos usuários, pois isto lhes poderia poupar o tempo e precisão
referente à pesquisa.

6 CONSIDERAÇÕES

O preenchimento do perfil do usuário, o cruzamento do perfil com as bases
de dados e o envio dos pacotes informacionais possibilita melhorias no
atendimento e respectiva satisfação do usuário.

O gerenciamento do serviço de disseminação seletiva da informação precisa
ser realizado profissionalmente e não por amadorismo. O Serviço de Alerta pode
ser utilizado como uma forma de SDI em algumas instituições.

A constante interação entre o profissional responsável pela Disseminação
Seletiva de Informações e sua comunidade, bem como a permanente atualização
das bases de dados, torna-se fundamental para um atendimento satisfatório. Entre
as viabilidades de interação observa-se sugestões de como implantar um serviço de
SDI proposto por Souto (2003).

A demanda de informações precisa ser analisada cuidadosamente para
atender também as necessidades de informações bibliográficas convencionais e
não-convencionais. Com o uso do ciberespaço no cotidiano das pessoas e diante da
pluralidade de meios e formatos em que a informação se apresenta (publicações
eletrônicas periódicas, teses on-line, e-books, bases de dados, etc.), é vital que o
serviço ofereça acesso às informações de interesse dos usuários,
independentemente do suporte em que se encontrem. O sistema deve ser flexível
permitindo que o usuário indique no perfil de interesse quais os meios ou formatos
satisfazem suas necessidades.

Algumas empresas utilizam a Disseminação Seletiva de Informações com
fins comerciais. A absorção desta estratégia pelas instituições particulares de
ensino pode constituir uma nova fonte de captação de recursos financeiros que,
reinvestidos, reduzem o alto custo da manutenção e atualização das bases de dados.

A aplicação do SDI na educação continuada, oferecida pelas universidades
e instituições públicas ou particulares que gerenciam bases de dados voltadas para
o aperfeiçoamento profissional, poderá ajudar a diminuir o problema de acesso e
uso às informações de interesse real e poupará o tempo e esforço por parte do
usuário.

Recomenda-se estudos que investiguem a viabilidade de uso do SDI como
instrumento de educação continuada e também aperfeiçoar sua aplicação em
instituições de ensino superior, seja na graduação ou pós-graduação, para conhecer
outros aspectos dimensionados pelas influencias decorrentes das constantes e
contrastantes mudanças na sociedade, ciência e a tecnologia.

REFERÊNCIAS

HUIZINGA, J.. O declínio da Idade Média. São Paulo: Verbo/Ed. da USP, 1978.
______. Erasme. 5. ed. Paris: Gallimard, 1955.
MARCOVITCH, Jacques. Universidade e tecnologia da informação. In: ____. A
universidade impossível.
São Paulo: Futura, 1998. cap. 4, p. 142-149.
MARIN, Alda Junqueira. Educação continuada: introdução a uma análise de
termos e concepções. Cadernos CEDES, Campinas, n. 36, 1995, p. 13-20.
MARTINS, Wilson. O livro contemporâneo. In: ____. A palavra escrita: história
do livro, da imprensa e da biblioteca. 2. ed. rev. atual. São Paulo: Ática, 1996. cap.
16, p. 415-430.
MEADOWS, Arthur Jack. A comunicação científica. Brasília: Briquet de Lemos,
1999.
NOCETTI, Milton A. Disseminação seletiva da informação : teoria e prática.
Brasília: ABDF, 1980.
ROBREDO, Jaime; CUNHA, Murilo B. da. Documentação de hoje e de amanhã:
uma abordagem informatizada da biblioteconomia e dos sistemas de informação. 2.
ed. rev. atual. São Paulo: Edição de Autor, 1986.
SILVA, Zilá A. P. M. Educação Continuada – Caminho da cidadania. Boletim
Educação
. n. 1, 1997, Disponível em:
<http://www.bauru.unesp.br/fc/boletim/educon/educonci.htm >. Acesso em 02 fev.
2000.
SOUTO, Leonardo Fernandes. Disseminação seletiva de informações: discussão de
modelos eletrônicos. 2003. 116 f. Dissertação (Mestrado em Biblioteconomia e
Ciência da Informação) – Pontifícia Universidade Católica de Campinas,
Campinas, 2003.
TARAPANOFF, Kira. O profissional da informação e a sociedade do
conhecimento: desafios e oportunidades. Transinformação, Campinas, v. 11, n. 1,
p. 27-38, jan./abr. 1999.
VIEIRA, Anna Soledade. O profissional da informação entre o real e o virtual;
espaço e perfil. In: SEMINÁRIO NACIONAL DE BIBLIOTECAS
UNIVERSITÁRIAS, 10., 1998, Fortaleza. Anais… Disponível em: <
http://sw.upd.ufc.br/snbu > Apud (TARAPANOFF, 1999, p. 33).

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SDI AS A TOOL FOR CONTINUOUS EDUCATION : UNIVERSITY

RESPONSIBILITY ROLE AT THE TRAINING

Abstract: The study, based on literature revision and data collection through questionnaires,
has the purpose of valorizing the application of SDI (Selective Dissemination of
Information) at universities, helping its utilization on a individual long life learning
education. The dimensions of the Knowledge Society, turn to present a backbone structure
based on modern information and communication channels to facilitate the long life learning
process. Describes the elements of the Selective Dissemination of Information and at last,
show needs to apply SDI in Universities and continuous education.
Keywords: Selective Dissemination of Information (SDI); Universities – information
technology; Knowledge society; Information technology; Continuous education
________________________

Leonardo Fernandes Souto

Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP
Campinas São Paulo
E-mail: lfsouto@unicamp.br

Patrícia de Oliveira Portela

Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP
Campinas São Paulo

 Revista ACB: Biblioteconomia em Santa Catarina, v. 9, p. 123-133, 2004.