IV FÓRUM DE INFORMAÇÃO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE

Florianópolis, 09 de novembro de 2003

Relatora – Izildinha Ramos Accetta

O IV Fórum de Informação em Ciências da Saúde, evento organizado pelo
GBICS/SC, paralelo ao XLI Congresso Brasileiro de Educação Médica em
Florianópolis-SC, foi aberto pelo Bibliotecário Luiz Carlos Peres, Mestre de
Cerimônia do evento. Fez um breve histórico do GBICS/SC e chamou para compor
a mesa de abertura dos trabalhos o Prof. Dr. Carlos Alberto Justo e Silva,
presidente do XLI Congresso Brasileiro de Educação Médica, a Bibliotecária
Maria Helena Lorenzon, Presidenta da ACB – Associação Catarinense de
Bibliotecários, a Bibliotecária Maria Gorete M. Savi, Coordenadora do GBICS/SC
e Luciana Danielli de Araújo, Bibliotecária da ABEM / RAEM.

Inicialmente, o Maestro Carlos Maciel interpretou ao sax o Hino Nacional
Brasileiro. Logo após, a Coordenadora do GBICS, Maria Gorete M. Savi abriu
oficialmente o IV Fórum de Informação em Ciências da Saúde ressaltando a
iniciativa do GBICS/SC em submeter o projeto de realização desse evento paralelo
ao XLI Congresso Brasileiro de Educação Médica. Fez agradecimentos aos
organizadores desse Congresso que muito colaboraram para que o IV Fórum
ocorresse como o GBICS planejou. Em seguida, o Prof. Dr. Carlos Alberto Justo e
Silva, mais conhecido por todos como Dr. Paraná, cumprimentou a todos os
organizadores e participantes do IV Fórum e comentou a importância que o
trabalho do bibliotecário tem para a formação e educação permanente dos
profissionais da saúde. Salientou que a apresentação de trabalhos com
fundamentação científica nesse Congresso mostra que os Bibliotecários são
ferramentas imprescindíveis para a educação médica. Desejou que todos pudessem
aproveitar esse encontro rico de oportunidades para discussões sobre a
responsabilidade social dos Bibliotecários diante da formação médica brasileira.

Nesse momento, o Maestro Carlos Maciel interpretou ao sax o Hino de
Santa Catarina e em seguida todos foram agraciados com a brilhante interpretação
do Hino de Florianópolis “Rancho de amor à Ilha” .

O primeiro palestrante da tarde foi o Prof. Dr. Francisco das Chagas de
Souza que iniciou deixando muito clara a sua indignação por ter o Prof. Dr. Paraná
se referido aos Bibliotecários como “ferramenta”, uma vez que, pessoas não podem
ser consideradas utilidades. Na abordagem do assunto “Papel Social do
Bibliotecário na educação médica”, o Prof. Dr. Francisco citou Parsons que diz
“papel é o que o homem faz [....] a economia é o resultado do trabalho de cada
um”. O papel social do Bibliotecário é aquilo que o profissional pode fazer para
atender o que a sociedade espera que ele faça. É uma ação humana condicionada
por valores, por uma forma de ver o mundo, por uma capacitação. Citou Durkheim:
“imperceptivelmente os indivíduos se harmonizam fazendo o que deve ser feito”.
Que cada um faça a sua parte, que cada um cumpra o seu papel. Apresentou como
pré-condições para que o profissional possa cumprir o seu papel: ser reconhecido
como profissional por uma comunidade que o contrata com a expectativa de obter
resultados com sua competência; conhecer essa comunidade para ter amplitude das
suas expectativas de ganho financeiro e/ou social e também para ter idéia dos
recursos que podem oferecer para realizar o seu papel e, deve saber como utilizar a
informação médica, ter competência técnica, científica, educacional e política para
sustentar as ações. O papel do Bibliotecário é caracterizado pelas seguintes ações:
Identificação de informações para atender a sua comunidade; reempacotar, ou seja,
produzir informação, salientando que sem produção de informação não é possível
atingir o papel do bibliotecário; comunicar a informação produzida para sua
comunidade utilizando os meios disponíveis como e-mail, fax, etc. Comentou que
em 2002 circularam 10 bilhões de e-mails, o equivalente a 1,5 e-mail por indivíduo
que vive no planeta. Ainda cita como ação do Bibliotecário: adquirir documentos
com a maior rapidez possível; disponibilizar essas informações e, produzir
informação sobre o fluxo ou circulação de documentos para a sua comunidade.
Lembrou que, na maioria das instituições, não existe um estudo de usuário que
possa dar suporte a decisões. Na medida que se espera benefícios de um
Bibliotecário, como por exemplo, menor custo de acesso à informação, o Prof. Dr.
Francisco volta a citar Parsons que diz que a função social do bibliotecário está na
“relação do fazer aquilo que pode para atender aquilo que se espera”.

O palestrante Prof.Dr. Maurício José Lopes Pereima trouxe como tema “A
importância da informação na educação médica” . Iniciou questionando sobre o
que é informação e para que serve? A informação é a mercadoria de maior valor
atualmente. O saber humano é a busca da verdade, tanto imanente quanto
transcendente. A informação permite buscar através do espírito a concepção
racional do universo, ultrapassando a limitação da ciência para compreender sua
natureza. A informação é um recurso estratégico no processo decisório.

O ensino médico no Brasil vive atualmente mudanças significativas visando
a formação do profissional médico com um novo perfil. O processo ensino
aprendizagem substitui o modelo Jesuítico com seus 500 anos. Esse modelo
baseado em “Lectio”, “Reportationes” e “Quaestiones” cede o lugar para propostas
construtivistas de aprendizagem, estudo em pequenos grupos e a problematização.
A estrutura curricular, antes baseada no modelo Flexneriano com disciplinas, ciclo
básico e ciclo clínico, procura hoje implementar o ensino modular, aprendizagem
baseada em problemas, integração curricular vertical e horizontal e inserção
precoce.

A literatura médica cresce cerca de 7% ao ano, o conhecimento dobra a cada
10-15 anos. Estima-se que, atualmente, existam aproximadamente 5 mil
publicações e que somente 5% da literatura é composta de evidência científica
sólida. Esses dados indicam a necessidade da existência de mecanismos de seleção
e disseminação dessa informação. O professor informado precisa fazer análise
crítica da informação que vai fornecer para o aluno. Sem informação não é possível
fazer gestão em saúde, prática clínica, educação médica continuada, geração de
novos conhecimentos ou educação do doente. É cada vez mais comum os doentes
chegarem aos consultórios com a informação sobre a doença, isso deve levar o
médico a estruturar-se para atender esse paciente informado.

Onde buscar a informação para a educação médica? Da informação fechada
do Vaticano, passando pela formação de bibliotecas, estatização e especialização
das bibliotecas, a Internet chegou em 1963, evoluindo rapidamente entre a BITNET
e o WWW que permite o acesso à informação da rede. A Internet tem pouca
informação original, pouca informação revisada, pouco artigo completo, sem
controle de qualidade principalmente de conteúdo. O aspecto positivo da rede é
que a presença física não é necessária. Assim, pode-se fazer links, hiperlinks e ter
acesso, de um único ponto, a milhares de sites. O Bibliotecário é imprescindível
nessa seleção de sites para localização da informação. O profissional da saúde
precisa fazer uma pesquisa bibliográfica, selecionar a informação que será utilizada
para terapêutica, diagnóstico e prognóstico. Para cada tipo de trabalho há uma
análise para validação da informação. A educação baseada em problemas tem tido
muita dificuldade porque os alunos tem pesquisado e baseado conclusões em
artigos sem validade científica. A prática da pesquisa em “Medicina baseada em
evidência” pode ser uma solução para esse problema.

Um fator que dificulta o acesso à informação científica tem sido o custo
dessa informação. Devido à importância que essa informação tem para a tomada de
decisões na área da saúde é necessário que se revise conceitos de obtenção,
armazenagem e disseminação de modo mais democrático.

O terceiro palestrante desse IV Fórum, Prof.Dr. Paulo Marcondes de
Carvalho Jr. discute o tema “O papel do bibliotecário frente às tendências
tecnológicas e sua relação com a educação em ciências da saúde”. Comenta a
conceituação de informação e lembra que a Internet remonta à Bush, na década de
40 com o sonho do MEMEX. O palestrante trouxe dados sobre o perfil do
bibliotecário publicados por Tarapanoff em 1997 demonstrando que entre os
profissionais da amostra analisada, 47% eram bacharéis, 39,5% com curso de
especialização, 9,7% mestres, 2,2% doutores, 42,4% realizam cursos em serviço e
26,2% procuram atualização. A educação continuada foi enfocada em melhoria da
qualidade = 27%, planejamento estratégico = 18,7%, gerência participativa =
18,4%, utilização de redes = 23.3%, utilização da Internet = 22,6%, indexação e
resumo =21,7%, intercâmbio e comutação = 14,3%, formação e desenvolvimento
de coleções = 14% e estratégias de busca = 16%. Quanto ao perfil de atividades a
amostra verificou que administração, supervisão e controle = 46,4%,
administração, supervisão e acompanhamento de processos = 14,2%, outras
atividades administrativas = 10,5%, planejamento e avaliação de sistemas de
informação = 8,7% e 5,7% nada informaram. Quanto às atividades com as novas
tecnologias 31,2% nada informou, 26,7% administram bases de dados, 13,4%
gerenciam sistemas de informação e 18,8% tem outras atividades. Salienta que a
função do bibliotecário tem sido basicamente administrativa e que o curso de
biblioteconomia tem sido buscado pelo atrativo da profissão.

Dos serviços oferecidos os levantamentos bibliográficos representam 29,2%
(esse número tem diminuído), 21,9% comutação bibliográfica (também tem
diminuído), atendimento local 19,4%, disseminação seletiva e outros serviços
7,9%, seleção e encaminhamento de documentos 7,4% e respostas técnicas 4,7%.

Os bibliotecários enfrentam atualmente os seguintes desafios: novos tipos de
documentos, novas formas de comunicação da informação, usuários cada vez mais
exigentes e a necessidade de acesso online 24h X 7dias da semana.

De cuidador de livro a cientista da informação, o bibliotecário percorreu um
longo caminho e a cada dia a importância de seu trabalho tem sido reconhecido por
aqueles que fazem parte do mundo da pesquisa. Lembrou que tem sido forte a
tendência de mudança de nome do curso de biblioteconomia para Ciência da
Informação e que o Jornal Gazeta Mercantil de 23 de março de 2001, na página 3,
publicou a seguinte manchete “Faculdades mudam nome de curso”. O palestrante
cita Dudziak (2002) que diz que o papel atual do bibliotecário compreende uma
transformação em agente educacional envolvendo-se com conteúdos e práticas
pedagógicas, tornando-se um cidadão cada vez mais atuante na comunidade e que
deve retomar as práticas investigativas através dos diálogos construtivos com seus
pares.

Entre as características para assumir a carreira de bibliotecário atualmente, o
palestrante cita: flexibilidade para enfrentar mudanças, talento para o trabalho em
equipe, iniciativa, habilidade política, habilidade comunicativa, eficiência e
persistência. O maior custo não é o dinheiro mas o de mudar as pessoas pois rever
paradigmas é muito difícil. Ainda encontramos absentismo (estado de alheamento)
entre profissionais da informação.

Para Marta Valentim (2002) a Ciência da informação é objeto de estudo que
se ocupa e se preocupa com os princípios e práticas da criação, organização e
distribuição bem como o estudo dos fluxos da informação desde sua criação até sua
utilização, e sua transmissão ao receptor em uma variedade de formas, por meio de
uma variedade de canais.

Mas onde o bibliotecário/cientista da informação se encaixa na área da
saúde? É de fundamental importância a presença do bibliotecário no grupo de
pesquisa na área da saúde. Comenta as pesquisas que vem desenvolvendo,
agradece e elogia, publicamente, os serviços prestados à ele e sua equipe pela
Biblioteca da FAMEMA. Conta que os bibliotecários dessa instituição têm estado à
frente não só de questões relacionadas à biblioteca mas também de assuntos
institucionais como currículo, planos de ensino, etc.

O palestrante finalizou sugerindo que o V Fórum seja uma discussão de
problemas dos integrantes do grupo. Que o formato seja de “mais trabalhos de
grupo, discussões das realidades e problemas de cada um e não de tantas
palestras”.

A palestrante Ms. Luciana Danielli de Araújo, Bibliotecária da ABEM –
Associação Brasileira de Educação Médica, órgão da RAEM – Rede de apoio à
Educação Médica, trouxe informações sobre “O papel da RAEM e a Biblioteca
Virtual em Educação em Ciências da Saúde – BVS-Educ”.

A RAEM é o centro de referência em educação médica, disseminadora do
conhecimento em ciências da saúde e mediadora da informação junto à
comunidade científica. Disponibiliza produtos e serviços como a BVS-Educ,
fóruns, debates, cadastros de pesquisadores e grupos de pesquisa. O papel da
RAEM é aproximar pesquisadores, docentes e discentes, disponibilizando
instrumental teórico e metodológico que auxilie na reflexão sobre o processo
educativo, visando apoiar a transformação e o estímulo da produção do saber
científico em educação médica e em outras áreas das Ciências da Saúde. Para
cumprir esse papel realiza levantamento da produção científica relacionada à
educação médica nacional e internacional; facilita e organiza cursos, oficinas em
áreas temáticas de interesse; proporciona reflexão e discussão de aspectos
conceituais e operacionais em educação médica; identifica e divulga
experiências inovadoras em educação médica e também
publica e divulga trabalhos desenvolvidos em educação médica.

A BVS-Educ é um veículo de transmissão de informações de forma
eqüitativa tendo como público alvo os docentes, discentes e pesquisadores em
educação médica. Propõe-se a oferecer no endereço http://educ.bvs.br bases de
dados referenciais e de textos completos; diretórios de eventos, pesquisadores,
instituições e projetos; áreas temáticas e literatura científica disponíveis nos vários
suportes, publicadas pelas diversas escolas médicas brasileiras. Essa rede pretende
viabilizar a aprendizagem coletiva e possibilitar a troca de conhecimentos
tornando-se ferramenta básica para o acesso, a mediação e a gestão do
conhecimento em ciências da saúde.

Para fazer parte da RAEM como colaborador da BVS-Educ, as escolas
médicas devem filiar-se à ABEM e constituir uma equipe local formada de um
bibliotecário, um aluno e um professor, no mínimo. A RAEM dará todo suporte e
treinamento necessários para os colaboradores.

A última palestra desse Fórum foi proferida pela Profa. Ms. Maria Lourdes
Blatt Ohira com o tema “Competências do profissional da informação no limiar do
século XXI”. Essa palestra representa a análise da pesquisa realizada pela Profa.
Noemia Schoffen Prado e pela bolsista Luciana Schmidt, através do Projeto
PROBIC/UDESC. O objetivo da pesquisa foi conhecer a divulgação e abordagem
do tema Profissional da Informação nos periódicos especializados da área de
Biblioteconomia e Ciência da Informação do Brasil no período de 1995 a 2002.

Essa pesquisa analisou 47 artigos publicados nos seguintes periódicos:
Transinformação (15) - região sudeste, Informação & Informação (13) - região sul,
Informação & Sociedade (11) - região nordeste, Ciência da Informação (8) – região
centro oeste.

A análise temática desses artigos foi focada nos conhecimentos, habilidades
dos profissionais da informação como gestão, administração, tratamento e
tecnologia da informação, atendimento e interação com o usuário, atitudes e
qualidades pessoais; e também das funções e atribuições centradas no ciclo
documentário ou informacional através das cinco funções básicas: seleção,
descrição, interpretação, disseminação e preservação dos documentos e das
informações.

Foi detectado pela pesquisa um alto índice de autoria única nos artigos
devido à origem dos periódicos, uma vez que esses foram criados em cursos de
mestrado. Os anos marcantes no número de publicações foram 1995 com 9 artigos
e 2000 com 10 artigos. Entre as instituições que mais publicaram estão a UFPR,
UFSC e a UDESC. Os documentos mais citados foram os artigos de periódicos,
seguido por livros, eventos e outros. O periódico mais citado foi a Ciência da
Informação. Das referências citadas 51% eram nacionais, 42% em inglês e 7% de
outros idiomas.

A pesquisa permite perceber que o período analisado está marcado por
estudos sobre as mudanças no mercado de trabalho que requer um novo perfil para
o profissional da informação. A “tecnologia desponta como propulsora das
modificações seguidas por elementos de gestão organizacional e do trabalho [...]
gerando a necessidade dos cursos de formação desenvolver seus currículos [...]
para se ajustar às mudanças da sociedade de forma a abranger todas as nuanças da
área da informação (ARRUDA et al., 2000). O novo modelo de biblioteca sugerido
por Valentim (1995) onde se destacam o atendimento remoto, acervo óptico,
entrada do texto completo, produtos automatizados e utilização de multimídia toma
o lugar da biblioteca antiga com atendimento pessoal, acervo linear, entrada de
dados referenciais, produtos impressos e a utilização sistemas ilhados.

A palestrante cita a definição de Santos (1996) para profissionais da
informação – “aqueles ligados ao setor da informação, no sentido de sua
participação nos processos de geração, disseminação, recuperação, gerenciamento,
conservação e utilização da informação. O que requer uma atenção especial é o
“Perfil” que esses profissionais devem possuir para participar com eficácia desses
processos.

Cita também as Diretrizes Curriculares Nacionais aprovadas pelo MEC em
03 de abril de 2001 que define as competências e habilidades gerais e específicas,
entre elas: interagir e agregar valor nos processos de geração, transferência e uso
da informação, em todo e qualquer ambiente; [...] traduzir as necessidades de
indivíduos, grupos e comunidades nas respectivas áreas de atuação, etc.

Para concluir a análise da pesquisa, a palestrante traz as seguintes citações:
“As áreas de informação são: técnica, tecnológica, administrativa, investigativa,
humanística e social e não adianta trabalhar a técnica deslocada da tecnologia e do
contexto. Para trabalhar tudo isso é preciso desenvolver pesquisa. Para administrar
sistemas, serviços e produtos, temos que ser bons administradores. Que o
profissional seja menos monitor na organização de documentos e sim um
motivador do uso da informação; que seja menos um cumpridor de tarefas
rotineiras e cada vez mais um sintetizador ágil de informação; cada vez menos um
administrador de coleções e cada vez mais um administrador de produtos e
serviços de informação; menos um punidor de usuários e mais um promotor do
cliente”. (MARCHIORI, 1996 E 1997).

“É preciso preparar-se para novas oportunidades e papéis e que esta é uma
responsabilidade do indivíduo, que através de seus interesses específicos, adquire
os conhecimentos necessários para desenvolver o seu próprio perfil profissional.O
profissional da informação deve buscar a sua identidade no novo mercado, sem
perder de vista a sua característica mais intrínseca de responsável pelo ciclo
documentário e informacional”. (TARAPANOFF, 1999).

Com essa pesquisa foi possível conhecer o comportamento da produção
científica brasileira sobre o profissional da informação.

Termina sua palestra encorajando os profissionais da informação na área da
saúde para a pesquisa e a investigação sobre a produção científica na área da saúde.
Sugere que haja união até para escrever. Dois escrevem melhor que um só. E por
fim, dispõe o corpo editorial da Revista da ACB para análise dos artigos escritos
pelos profissionais da informação presentes a esse evento.

Nesse momento, os palestrantes se colocam à disposição para os
comentários finais. A Bibliotecária Maria Gorete Savi comenta que a mudança
profissional envolve mudança de postura - o profissional agindo e interagindo,
encantando e indo além. Para o Dr. Pereima, o bibliotecário é sub-utilizado. Esse
profissional deve fazer parte de grupos de pesquisa e ser capaz de identificar a
informação a “verdade científica”. Para o Dr. Paulo Marcondes o bibliotecário é
agente de educação e deve procurar ocupar os espaços políticos antes que outros o
faça. Deve participar dos planos curriculares e compor equipes de todos os níveis
de gestão. A Bibliotecária Luciana diz que “entrão” é aquele bibliotecário que não
fica só no aquário da biblioteca. Para o Prof. Dr. Francisco há uma cultura
arraigada. Por exemplo: ainda há bibliotecários achando que catalogação e
classificação não são importantes e se diminuem. Somos indivíduos, sujeitos da
história com diferenças de atuação profissional. Para ele, bibliotecário é agente de
educação só na literatura francesa. No Brasil é preciso rever, reconceituar essa
atuação. Insiste que se reveja o uso da palavra “ferramenta” para referir-se ao
bibliotecário.

Foi levantada pela platéia a questão “como reverter a situação, que é
comum, entre médicos X bibliotecários?

Para o Prof. Dr. Paulo Marcondes a mudança se dá nas pessoas. Não é
possível visualizar uma convivência se não houver respeito mútuo e
reconhecimento das funções de cada um.

A Bibliotecária Luciana responde à questão sobre “como ser colaborador na
BVS-Educ” dizendo que para participar da RAEM a escola deve manifestar
interesse pelo projeto para que receba o kit eletrônico contendo um “compromisso”
que deve ser assinado pela instituição a partir da constituição de uma equipe local
formada por pelo menos um bibliotecário, um professor e um aluno. Como uma
das vantagens, lembra que a instituição passa a ser centro colaborador da BIREME
obtendo um custo menor para aquisição de cópias de documentos. Comenta
também que a Rede Unida abre espaços para instituições e pessoas interessadas na
mudança da formação dos profissionais de saúde.

Para finalizar, a Bibliotecária Maria Gorete Savi agradece a todos que
puderam estar presentes a esse evento que atinge seu objetivo principal ao
propiciar uma discussão com profissionais de diferentes ideologias, permitindo
sobremaneira o enriquecimento das reflexões. Saudando a todos, encerra-se
oficialmente, o IV Fórum de Informação em Ciências da Saúde.
Rev. ACB: Biblioteconomia em Santa Catarina, Florianópolis, v. 9,  p. 171-177, 2004.