Fábio Lorensi do Canto
Resumo: A presente pesquisa teve por objetivo avaliar a adequabilidade
de uma ferramenta de apoio ao ensino (Polvo) como suporte ao ensino presencial
do curso de Biblioteconomia da UDESC. Para se chegar a um resultado que realmente
expressasse o nível de comprometimento do corpo discente e docente
com o uso do Polvo, identificou-se inicialmente o perfil dos usuários
do sistema (alunos e professores) e os benefícios/problemas obtidos
com a utilização deste tipo de ferramenta.
Palavras-chave: Sistema de apoio ao ensino; Processo de ensino-aprendizagem;
Ambientes virtuais; Polvo
1 INTRODUÇÃO
A Internet apresenta-se, atualmente, como a mais excitante oportunidade
para que se obtenham contribuições significativas na área
de aprendizagem. É impossível imaginar sistemas de treinamento
no futuro sem o uso da Internet, para prover aprendizado no sentido de proporcionar
informações e pesquisas para alunos e professores, bem como
maneiras de os alunos aprenderem através de interações
com o professor e colegas.
Cada tipo de mídia (material impresso, áudio, vídeo,
computador, etc.) deve atingir determinado aspecto do processo de ensino-aprendizagem
e fornecer informações que são valiosas neste processo.
No entanto, tem-se dado ênfase, no processo ensino-aprendizagem, apenas
à transmissão dos conhecimentos do professor aos alunos, em
detrimento de oportunidades para discussão e interação;
isto porque são mais caros e necessitam de um maior tempo para se
implementar.
O aproveitamento do potencial da informação digital é
fundamental tanto no ensino presencial como a distância. Pois através
de recursos, como os documentos não estáticos e formas naturais
de navegação, pode-se vir a obter um aumento da capacidade
intelectual humana (Levacov, 1997).
Atualmente, a universidade, ao mesmo tempo em que perdeu a hegemonia para
outros órgãos de fomento à pesquisa, adquiriu importância
redobrada como gestora de conhecimentos, pois o neoliberalismo e as conseqüentes
inovações do trinômio comunicação-tecnologia-informação
supervalorizam o conhecimento como fim prático, de repercussão
imediata, indispensável a manutenção da dinâmica.
Ainda conforme Lampert (1999), esta ação reflexiva forma indivíduos
capazes de mudar o status quo através de um práxis consciente
e transformadora.
Gonzales (2001) ressalta que o crescimento da utilização
da informação digital faz parte de um processo gradual, que
tem transformado lentamente todo ou parte do ensino tradicional, isto em
razão da evolução das tecnologias da comunicação
e computação.
Desta evolução surgiram, entre outros recursos, os ambientes
de apoio ao ensino. Heide e Stilborne (2000) descrevem que o ambiente de
apoio ao ensino via Web deve ser interativo, onde o aluno possa se sentir
amparado, mesmo sem a presença do professor. Este ambiente deve proporcionar
um acompanhamento do aluno, não sendo suficiente a simples publicação
de páginas na Web.
Com relação aos benefícios do uso de ambientes virtuais,
Moran, Masetto & Behrens (2000, p.75) destacam que “a sala de aula passa
a ser um lócus” privilegiado como ponto de encontro para acessar o
conhecimento”. D'Eça (1998, p.19) já afirmava que “recorrer
à Internet significa derrubar as paredes da sala de aula e deixar
a comunidade exterior invadir saudavelmente aquele espaço, até
agora perfeitamente delimitado e limitado”.
Pereira (2002) alerta que a utilização de ferramentas que
possibilitem o ensino à distância deverão, em breve,
tornarem-se comuns no dia-a-dia de alunos e professores, mesmo em cursos
presenciais.
Costa (2002) argumenta que o uso de ambiente computacional com fins educacionais
deve apoiar-se me uma metodologia usada na sala de aula presencial.
Com relação aos benefícios, para os alunos, do uso
de ambientes de apoio ao ensino, Pereira (2002) afirma que o uso desta tecnologia
permitirá que o aluno se sinta estimulado a ir além do conteúdo
abordado em sala de aula, participando ativamente do processo ensino-aprendizagem
pesquisando, questionando, relatando suas experiências. Tal prática
visa o desenvolvimento das capacidades de socialização e de
aprendizagem colaborativa indispensáveis aos dias de hoje.
Lampert (1999) complementa esta idéia ressaltando que a tecnologia
educativa é capaz de incentivar o educando, muitas vezes tão
apático, acrítico e sem predisposição para aprender,
sendo a tecnologia um meio alternativo de aprendizagem perfeitamente viável.
Com o uso de um ambiente de apoio ao ensino é possível ao
aluno, mesmo sozinho, aprender determinados conteúdos desde que utilize
uma tecnologia adequada e disponha de instrumentos pedagógicos apropriados,
não sendo imprescindível a relação direta professor/aluno
(Uned, 2003).
O papel do professor com o uso deste tipo de ferramenta é o que
mais será afetado. Para Zulian (1998) é função
do docente estimular espaços inovadores de reflexão e despertar
a curiosidade, aguçando elaborações em torno dos novos
parâmetros e fazendo um bom uso das tecnologias.
Agora o professor já não pode perceber-se como a única
fonte de informação, o detentor exclusivo de conhecimentos.
Mesmo assim, o seu papel cresce em significado na medida em que passa a atuar
como uma espécie de gerenciador, de orientador, de tradutor, de facilitador
em meio à profusão de informações disponíveis,
tendo claro que informação por si só não significa
entendimento. Também para Aguirre (1998) um mestre deve prever as
interações educativas e prover os recursos para que se dêem
dentro do espaço disponível para a aprendizagem, permitindo
um maior entrosamento entre os participantes.
Segundo um grupo de professores de disciplinas que priorizam as novas tecnologias,
citados em Zulian (1998), não existe mais espaço para quem
mantém uma postura estática em termos de aquisição
de novos saberes. A abertura para as mudanças e a renovação
dos conhecimentos não podem mais ser descartadas e apresenta-se a necessidade
de uma reciclagem e de um estado permanente de aprendizado em razão
da situação gerada pelos novos recursos passa a ser decisiva
para a docência.
Para Moraes (1996), citado por Lampert, “inovar, atuar pedagogicamente
em novas bases, envolve uma profunda mudança de mentalidade, o que
é díficil, especificamente para aqueles que atuam na área
educacional”.
Ainda com relação ao papel do professor, Heide e Stilborne
(2000, p.282 colocam que ele deixa de ser o de um especialista para ser um
facilitador, mentor e parceiro na aprendizagem, e os alunos assumem responsabilidades
pela sua própria aprendizagem. Chaves (1999) já havia registrado
que a instituição de ensino e os professore, devem trabalhar
no sentido de criar ambientes de aprendizagem em que os alunos possam ser
orientados, não só sobre onde encontrar as informações,
mas, também, sobre como avaliá-la, tendo em vista os seus objetivos.
No entanto, os professores normalmente não encontram-se preparados
para assumir o uso de novas tecnologias, precisam de um suporte. Para Gonzales
(2001), em seu artigo sobre informação digital no ensino presencial,
mesmo em um ambiente presencial de uma universidade é fundamental
preocupar-se com uma infra-estrutura básica que apóie em todos
os aspectos a geração, manutenção e disponibilização
da informação, principalmente em meio digital. E defende a
formação de um grupo que deve ser formado com o objetivo
de dar suporte ao professor na elaboração de material HTML e
conceitos básicos para a estruturação de materiais que
serão disponibilizados na Web. Gonzales (2001), completa que a evolução
do ensino passa pela produção de material didático digital,
e este não deve ser um esforço secundário, mas paralelo
e simultâneo com aquele que tenta compreender e apoiar o comportamento
do professor e do aluno.
Para consolidar a teoria de que os ambientes realmente trazem melhoria
no aprendizado, Pereira (2002) ao analisar a participação
dos alunos do curso de Ciências da Computação no uso
de um ambiente de apoio ao ensino, observou que a maioria aprovou o ambiente
devido às facilidades oferecidas, e alguns que nas aulas presenciais
nunca interagiam, participaram ativamente nas mensagens colocadas nos fóruns,
procurando responder questões colocadas pelos colegas, buscando apontadores
na Web que tratavam da questão. Com relação ao papel
do professor, Pereira (2002) analisa que este exerce um papel fundamental
para o sucesso do ambiente, pois ele necessita estar com seu material sempre
organizado e disponibilizado, sua participação nas seções
de chat e no fórum lançando temas desafiadores motivando o
aluno para responde-los é essencial. Isto exige um tempo considerável
por parte do professor. Para Costa (2002) dentro de um mesmo curso algumas
disciplinas se adequarão a um tipo de ferramenta do ambiente, enquanto
que para outras disciplinas aquele recurso é impraticável.
2 O AMBIENTE DE APOIO AO ENSINO UTILIZADO
O sistema de apoio ao ensino usado no curso de Biblioteconomia da UDESC
denomina-se de Polvo, e foi implantado no curso no primeiro semestre de
2003. Ele é um sistema de código aberto que foi resultado
da parceria entre Ministério da Educação (através
da Secretaria de Educação a Distância – SEED / Programa
Nacional de Informática na Educação – PROINFO), Universidade
do Estado de Santa Catarina – UDESC (através da Escola Superior de
Administração e Gerência – ESAG / Laboratório
de Tecnologia de Informação e Comunicação –
LabTIC) e Universidade Federal do Espírito Santo – UFES (através
de parceria entre a Fundação Ceciliano Abel de Almeida – FCAA
e a Fundação Instituto de Extensão e Pesquisas Educacionais
– FIEPE).
O Polvo é uma ferramenta baseada em recursos disponíveis
através da Internet que implementa as seguintes funcionalidades:
a) Fórum: que possibilita a discussão
de assuntos através de mensagens postadas por alunos e professores.
Os elementos envolvidos na discussão não necessitam estar
on-line;
b) Agenda: é um recurso onde os professores registram
datas onde serão realizados quaisquer tipos de atividades (provas,
trabalhos, debates, etc) e que devam ser previamente avisadas;
c) Chat: é um recurso usado para conferência
entre alunos e professores. Todas as transcrições do debate
ficam armazenadas nos logs, permitindo ao professor recuperar, posteriormente
ao debate, informações sobre a participação efetiva
dos alunos;
d) Material de apoio: é utilizado para a disponibilização,
pelo professor, de materiais de complementação teórica.
Esse material pode ser um arquivo ou mesmo um endereço da Internet;
e) Mala direta: auxilia na tarefa de envio de mensagens,
pois o usuário pode enviar um e-mail simultaneamente a todos os usuários
que participam daquela turma;
f) Diário de classe: permite ao professor o registro
da freqüência e notas dos alunos;
g) Trabalho colaborativo: é utilizado para o desenvolvimento,
em grupos de alunos, de um determinado trabalho. Para isto permite a troca
de arquivos entre os membros do grupo ou se necessário toda a turma.
Através de uma proposta inicial (texto) os membros do grupo vão
refinando até chegarem a um produto final. Desta forma o professor
pode ter acesso não apenas ao resultado do trabalho mas também
de quem partiram as contribuições.
3 MÉTODO
O universo desta pesquisa foi constituído pelos alunos do curso
de Biblioteconomia da UDESC em Florianópolis e pelos professores deste
mesmo curso.
Foram aplicados 62 questionários no final do semestre de 2003/2,
sendo respondido. No semestre de 2004/1 foram aplicados 100 questionários.
Para os professores foram aplicados oito questionários ao final
do semestre de 2004/1, sendo respondido por sete professores, correspondendo
a um percentual de 87,5%.
Como instrumento de coleta de dados, utilizou-se de um questionário
com questões fechadas e abertas, compreendendo os seguintes tópicos:
a) Perfil do usuário: identificação
do perfil do usuário com relação ao uso da Internet
em geral, observando a freqüência e tipos de ferramentas que normalmente
utiliza;
b) Ferramentas do Sistema de Apoio ao Ensino: dos recursos
disponíveis para os usuários quais trouxeram uma maior contribuição
e aceitação;
c) Influência no processo de ensino-aprendizagem:
de que forma a ferramenta pode contribuir para o processo de aprendizagem
do aluno;
d) Espaço para sugestões e observações.
Também foi utilizado como base para identificar o nível
de comprometimento dos alunos e professores com o Polvo o registro de logs
do sistema, no entanto este registro foi implementado somente no mês
de maio/2004 e por isto os resultados obtidos não podem ser usados
como base para consolidar algumas questões levantadas no questionário.
Os questionários foram aplicados, em sala de aula para os alunos
ao final do semestre de 2003/2 e também ao final do semestre de 2004/1.
Para os professores o questionário foi enviado por e-mail ao final
do semestre de 2004/1. Foi solicitado também à equipe de desenvolvimento
do Polvo o registro dos acessos dos alunos para análise posterior.
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados são analisados reunindo-os por partes de acordo
com a estrutura do questionário.
4.1 Perfil do Usuário
Neste tópico foram investigados aspectos relacionados à
forma com que os usuários do sistema de apoio ao ensino (Polvo) estavam
acostumados a proceder com relação ao acesso a recursos virtuais.
Inicialmente, verificou-se se o local onde os alunos estavam acostumados
a acessar a Internet e observa-se que no semestre 2003/2, dos entrevistados
100% faziam acesso a este recurso. Já no semestre 2004/1 12,3% não
tinham este hábito, mas fazem um acesso esporádico a Internet.
Outra informação interessante é que de um semestre para
outro o acesso no local de trabalho passou a ser maior.
Tabela 1 – Local onde os alunos
costumam acessar a Internet
Local onde costumam
acessar a Internet
|
Quantidade
2003/2
|
%
2003/2
|
Quantidade
2004/1
|
%
2004/1
|
Em casa
|
18
|
29,0
|
15
|
16,8
|
No trabalho
|
17
|
27,4
|
26
|
29,2
|
Em casa e no trabalho
|
20
|
32,2
|
25
|
28,0
|
Em outro local
|
13
|
20,9
|
12
|
13,4
|
Não costuma
acessar
|
0
|
0
|
11
|
12,3
|
Para os professores, apresentadas as mesmas opções com relação
ao local onde costumam acessar a Internet, 57,1% (4) responderam que acessam
em casa e no trabalho, 28,6% (2) acessam apenas em casa e 14,3 (1) apenas
no trabalho.
Em seguida verificou-se quantas horas por semana o aluno disponibilizava
para ter acesso a Internet, e observou-se que no semestre de 2003/2, para
muitos alunos o acesso a Internet não era algo muito freqüente
(38,6%), apesar da maioria ter um acesso um tanto regular (61,4%). No semestre
de 2004/1, houve uma mudança neste perfil e podemos observar que a
imensa maioria (76%) passou a ter um acesso mais regular a Internet, apesar
do número de alunos que não costumam acessar a Internet ter
aumentado.
Tabela 2 – Tempo utilizado pelos
alunos no acesso a Internet
Quantidade de horas
por semana que costumam acessar a Internet
|
Quantidade
2003/2
|
%
2003/2
|
Quantidade
2004/1
|
%
2004/1
|
20 ou mais
|
10
|
16,1
|
15
|
16,8
|
10 ou mais
|
12
|
19,3
|
26
|
29,2
|
5 ou mais
|
16
|
25,8
|
25
|
28,0
|
2 horas
|
18
|
29,0
|
12
|
13,4
|
Menos de 1 hora
|
06
|
9,6
|
11
|
12,3
|
Com relação aos professores,
daqueles que responderam o questionário 28,6% (2) acessam 20 ou mais
horas de Internet por semana, 14,3% (1) acessam 10 horas ou mais, 28,6%
(2) acessam 5 horas ou mais e 28,6% (2) acessam em torno de 2 horas por
semana. Através destas informações podemos observar
que a maioria (71,4%) tem um acesso mais freqüente a Internet.
No acesso ao recurso mais utilizado na Internet, o correio eletrônico,
verificou-se que todos os alunos fazem acesso a este recurso, mesmo que seja
apenas uma vez por semana (10% em média nos dois semestres), sendo
que a maioria (57%) tem o costume de fazer o acesso diariamente ao seu correio
eletrônico.
Tabela 3 – Acesso ao correio eletrônico
pelos alunos
Quantas vezes verificam
o e-mail
|
Quantidade
2003/2
|
%
2003/2
|
Quantidade
2004/1
|
%
2004/1
|
Diariamente
|
35
|
56,4
|
57
|
57,5
|
5 vezes por semana
|
05
|
8,0
|
16
|
16,1
|
3 vezes por semana
|
17
|
27,4
|
14
|
14,1
|
1 vez por semana
|
05
|
8,0
|
12
|
12,1
|
Nunca acessei
|
00
|
0,0
|
00
|
0,0
|
Para os professores 85,7% (6) fazem o acesso diariamente ao serviço
de correio eletrônico e 14,3% (1) fazem acesso 5 vezes por semana,
o que demonstra que com relação a este recurso os professores
estão bem acostumados.
Com relação ao acesso ao Polvo pelos alunos, observa-se
que no semestre de 2003/2, 41,9% dos alunos não acessaram a ferramenta,
este número se justifica pelo fato de ser o primeiro semestre em que
o sistema de apoio ao ensino esteja sendo usado no curso. Já no semestre
2004/1 o que observa-se é que a imensa maioria dos alunos (85,9%)
passou a fazer acesso ao sistema, no entanto a metade dos alunos (50,5%)
faz apenas um acesso por semana.
Tabela 4 – Acesso ao Polvo pelos
alunos
Quantas vezes você
acessa o POLVO
|
Quantidade
2003/2
|
%
2003/2
|
Quantidade
2004/1
|
%
2004/1
|
Diariamente
|
14
|
22,5
|
07
|
7,0
|
5 vezes por semana
|
04
|
6,4
|
06
|
6,0
|
3 vezes por semana
|
08
|
12,9
|
22
|
22,2
|
1 vez por semana
|
10
|
16,1
|
50
|
50,5
|
Nunca acessei
|
26
|
41,9
|
14
|
14,1
|
Para os professores, 85,7% (6)
fazem acessos ao Polvo, sendo que 14,3% (1) 5 vezes por semana, 28,6% (2)
3 vezes por semana, 42,5% (3) 1 vez por semana e 14,3% (1) nunca acessou.
Este professor que nunca acessou a ferramenta justificou o não uso
pelo acúmulo de atividades no decorrer dos semestres.
4.2 Uso das Ferramentas do Sistema de Apoio ao Ensino
Neste tópico foram abordadas questões relacionadas aos recursos
disponíveis e utilizados pelos alunos e professores, no que diz respeito
a facilidade/dificuldade de operação dos mesmos.
Para os alunos, nos dois semestres a maioria achou que o Polvo é
uma ferramenta de utilização fácil (76% e 68%), no entanto
observa-se que no semestre de 2004/1 há um aumento no número
de alunos que tem dificuldade em trabalhar com a ferramenta, provavelmente
em decorrência da falta de intimidade com o acesso a Internet.
Tabela 5 – Nível de facilidade
na operação do Polvo pelos alunos
Você considera
a ferramenta POLVO, um sistema de utilização
|
Quantidade
2003/2
|
%
2003/2
|
Quantidade
2004/1
|
%
2004/1
|
Muito fácil
|
9
|
19,5
|
19
|
20,2
|
Fácil
|
35
|
76
|
64
|
68,0
|
Dificil
|
2
|
4,3
|
09
|
9,5
|
Muito dificil
|
0
|
0
|
02
|
2,1
|
Os professores que utilizaram o Polvo
não encontraram dificuldades na sua operação, sendo
que 33,3% (2) acharam um sistema muito fácil de utilização
e 66,7% acharam que o Polvo é fácil de operar.
A utilização dos recursos do Polvo pelo professor, na visão
dos alunos no semestre de 2003/1, foi razoável (63,3%) em média,
sendo que apenas 36,3% acharam ruim. No semestre 2004/1, apesar da maioria
ainda achar que a utilização do professor em média era
razoável (57%) houve um aumento no percentual de alunos que acharam
que a utilização pelo professor foi muito ruim (5,4%).
Tabela 6 – Avaliação
dos alunos com relação a utilização do sistema
por parte dos professores
Você considera
a utilização dos recursos do sistema POLVO por parte dos
professores
|
Quantidade
2003/2
|
%
2003/2
|
Quantidade
2004/1
|
%
2004/1
|
Boa
|
14
|
31,8
|
26
|
28,5
|
Satisfatória
|
14
|
31,8
|
26
|
28,5
|
Ruim
|
16
|
36,3
|
34
|
37,3
|
Muito ruim
|
0
|
0
|
05
|
5,4
|
Para os professores, em uma auto-avaliação,
66,7% (4) acharam que a utilização por eles foi boa, enquanto
que os restantes 33,3% (2) acharam que a utilização foi satisfatória.
A utilização por parte dos alunos foi avaliada apenas pelo
professor, que achou que os alunos tiveram uma boa participação
(66,7%), enquanto que 33,3% acharam que a participação dos alunos
foi satisfatória.
Os professores foram questionados também sobre o uso dos recursos
no Polvo. Observa-se nas respostas dos professores que a utilização
do Material de Apoio (100%) e a Mala Direta (83,3%) são os recursos
que normalmente os professores tem utilizado como apoio no processo de aprendizagem.
No entanto para alguns professores ocorre simultaneamente o uso também
da Agenda (33,3%), Trabalho Colaborativo (33,3%) e Diário de Classe
(33,3%). Nenhum dos professores optou pelo uso do recurso de Chat como freqüência.
Tabela 7 – Recursos mais usados
pelos professores
Qual o recurso que
você mais utiliza (assinalar mais de um se necessário)
|
Quantidade
|
%
|
Agenda
|
2
|
33,3
|
Fórum
|
1
|
16,7
|
Mala direta
|
5
|
83,3
|
Material de Apoio
|
6
|
100,0
|
Trabalho Colaborativo
|
2
|
33,3
|
Chat
|
0
|
0,0
|
Diário de classe
|
2
|
33,3
|
Ainda com relação ao
uso dos recursos do Polvo, os professores foram questionados sobre quais recursos
que eles não utilizam. Nenhum dos professores deixou de usar os recursos
de Mala Direta e Material de Apoio. Os recursos de Agenda, Fórum e
Diário de Classe não foram utilizados por 16,7% dos professores.
O recurso de Trabalho Colaborativo não foi utilizado por metade dos
professores, e 83,3% não utilizaram o recurso de Chat. Isto demonstra
que muitos dos professores ainda estão se limitando ao uso das ferramentas
que estão acostumados a lidar no dia-a-dia, sem partir para a busca
de métodos complementares.
Tabela 8 – Recursos menos utilizados
pelos professores
Qual o recurso que
você não utiliza (assinalar mais de um se necessário)
|
Quantidade
|
%
|
Agenda
|
1
|
16,7
|
Fórum
|
1
|
16,7
|
Mala direta
|
0
|
0,0
|
Material de Apoio
|
0
|
0,0
|
Trabalho Colaborativo
|
3
|
50,0
|
Chat
|
5
|
83,3
|
Diário de classe
|
1
|
16,7
|
4.3 Influência do Polvo no processo de ensino-aprendizagem
Neste tópico os professores e alunos foram questionados com relação
a contribuição do ambiente de apoio ao ensino (Polvo) no processo
de ensino-aprendizagem.
A contribuição que a ferramenta o Polvo trouxe para o curso
de Biblioteconomia foi avaliada maioria como positiva, sendo que 95,3% dos
alunos acharam a contribuição boa e razoável (no semestre
2003/2). Já no semestre 2004/1, este índice caiu para 91,5%,
mas mesmo assim representa a imensa maioria dos alunos.
Tabela 9 – Contribuição
do Polvo para o curso, na opinião dos alunos
Contribuição
do sistema no curso de Biblioteconomia
|
Quantidade
2003/2
|
%
2003/2
|
Quantidade
2004/1
|
%
2004/1
|
Boa
|
31
|
73,8
|
58
|
61,0
|
Satisfatória
|
09
|
21,4
|
29
|
30,5
|
Ruim
|
02
|
4,7
|
05
|
5,2
|
Desnecessária
|
00
|
00
|
03
|
3,1
|
Na opinião de todos professores
o Polvo trouxe boa contribuição para o curso de Biblioteconomia
e também foi identificada como uma ferramenta que facilita o processo
de ensino-aprendizagem por 83,3%, sendo que 16,7% acreditam que não
interfere no processo e nenhum deles acredita que o uso da ferramenta dificulta
o processo de ensino-aprendizagem.
Tabela 10 – Uso do Polvo como facilitador, na opinião dos professores
Com relação
ao uso de uma ferramenta de apoio ao ensino, como o POLVO, na sua opinião:
|
Quantidade
|
%
|
Facilita o processo de ensino-aprendizagem
|
5
|
83,3
|
Não interfere no processo de ensino-aprendizagem
|
1
|
16,7
|
Dificulta o processo de ensino-aprendizagem
|
0
|
0,0
|
Para todos os professores a interação dos alunos com
o professor através da ferramenta de apoio ao ensino – Polvo – melhorou
de um semestre para outro. Os professores também foram unânimes
em afirmar que o uso por parte deles também melhorou de um semestre
para outro.
Ao serem questionados sobre a continuidade do uso do Polvo nos próximos
semestres do curso, a imensa maioria respondeu que o sistema deveria permanecer
ativo (em média 95% nos dois semestres), sendo que pouquíssimos
alunos não concordam com esta continuidade.
Tabela 11 – Uso do Polvo, pelos
alunos, nas próximas fases do curso
Você gostaria
que o sistema POLVO fosse utilizado nas próximas fases do curso
de Biblioteconomia
|
Quantidade
2003/2
|
%
2003/2
|
Quantidade
2004/1
|
%
2004/1
|
Sim
|
44
|
93,6
|
91
|
96,8
|
Não
|
03
|
6,3
|
03
|
3,1
|
4.4 Observações com relação ao ambiente de
apoio ao ensino
No questionário que foi aplicado ao professor, deixou-se um espaço
livre onde ele pudesse colocar suas sugestões e observações,
abaixo descrevemos estas observações:
“A interface do software POLVO poderia ser redesenhada, de
forma a simplificar a navegação, especialmente pelos alunos.
Alguns recursos sub-utilizados se encontram nesta situação
pela falta de uma interface melhor desenhada. Questões de ergonomia
em um software de apoio ao ensino são tão importantes quanto
as próprias funcionalidades do mesmo.”;
“Não consigo imaginar o “fazer docente” sem o apoio do Polvo como
recurso didático nas disciplinas e no processo ensino aprendizagem.”;
“Minha preocupação é definir que estratégias
poderão ser utilizadas para maior utilização do mesmo
pelos alunos e pelos professores do curso.”;
“O Departamento deveria estabelecer que todos os Professores apresentem,
uma semana antes de iniciar o semestre, em reunião de departamento,
o seu Plano de Ensino e o seu Cronograma de Trabalho utilizando os recursos
de Material de Apoio e Material de Apoio do Sistema POLVO”;
“Os Professores em conjunto com o Pessoal Técnico deveriam apresentar,
logo na primeira semana de aula, as ferramentas do Sistema POLVO, tirando
as dúvidas dos alunos quanto ao acesso e uso do sistema”;
“Os Professores deveriam apresentar, no primeiro dia de aula, o seu Plano
de Ensino e Cronograma de Trabalho em transparências e solicitar aos
alunos que peguem seus Planos e Cronogramas no Sistema POLVO, incentivando
assim o uso do sistema”;
“Excelente sistema que passou a ser utilizado também no curso de
pós-graduação. Considero um meio de comunicação
imprescindível, além do instrumental pedagógico que
oferece”.
4.5 Análise dos logs de acesso ao Polvo
Os logs de acesso são registros feitos pelo Polvo dos usuários
que acessaram o ambiente e os locais por onde navegaram. Infelizmente este
registro só foi implementado, para as turmas de Biblioteconomia, a
partir do dia 19 de maio de 2005, por isto não teremos uma visão
mais completa do semestre mas apenas do seu final
Ao tabularmos os acessos dos professores chegamos aos seguintes resultados,
o professor que mais fez acesso ao ambiente ficou conectado durante aproximadamente
4 horas e 55 minutos; o professor que ficou menos tempo conectado ficou 18
minutos. Calculando a média os professores ficaram conectados ao
ambiente por 1 hora e 41 minutos.
Com relação ao tempo de acesso dos alunos, ao analisarmos
o arquivo de logs identificamos que o aluno que teve mais tempo de acesso
ao Polvo ficou conectado por 3 horas e 15 minutos. O aluno que ficou menos
tempo conectado ficou por 4 minutos e a média do tempo que os alunos
ficaram conectados chegamos a 34 minutos.
Considerando que o prazo de registro dos logs foi de aproximadamente 2
meses, no final do semestre de 2004/1, os resultados mostram que realmente
alguns professores tem feito pouco uso da ferramenta, isto pode ser justificado
pois alguns podem ter programado atividades para o início do semestre,
mas mesmo assim a diferença é muito grande entre o que mais
acessou e o que menos acessou. Para os alunos também temos que considerar
que por participarem de turmas distintas alguns necessitavam realizar maiores
acessos, pois eram cobrados pelos professores, enquanto que outros nem tanto,
mas também encontramos uma distância muito grande entre o que
mais acessou e o que menos acessou, no entanto a média ficou razoável,
pelo período avaliado.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os ambientes de apoio ao ensino, como o Polvo, realmente são ferramentas
que podem enriquecer bastante o processo de ensino-aprendizagem. No curso
de Biblioteconomia da UDESC, este tipo de ferramenta encontra um ambiente
fértil para crescimento, pois aproximadamente 90% do corpo discente
e 100% do corpo docente têm a Internet como um meio de acesso às
informações e comunicação.
Constatou-se que entre os alunos, em torno de 5% tem muita resistência
ao uso de novas tecnologias de apoio ao ensino, isto percebe-se pelos índices
de alunos que nunca acessaram o Polvo (14%), nunca acessaram a Internet
(11%), que acham a contribuição da ferramenta para o curso
desnecessária (3%) e não acham necessário a manutenção
do Polvo nos próximos semestres do curso (3%).
No entanto, a maioria dos alunos realmente observou nesta ferramenta um
canal de aproximação com o professor, um facilitador do processo
de ensino-aprendizagem. Identificamos isto pelos 97% de alunos que desejam
que continue o uso nos próximos semestres e 91%, que acreditam que
o Polvo traz boas contribuições para o curso de Biblioteconomia.
É claro que a função mais complexa neste processo,
no uso de novas tecnologias no ensino, fica sob a responsabilidade do professor,
que deve realmente procurar estimular e criar situações para
que o aluno procure os recursos do ambiente. No período em que o
curso foi avaliado os professores ficaram aquém das expectativas
dos alunos, e isto podemos observar pois 43% dos alunos acreditam que a
utilização por parte dos professores poderia ter sido melhor.
Com relação aos tipos de recursos usados, também podemos
observar que os professores ainda estão bastante limitados aos mecanismos
virtuais mais tradicionais, como o correio eletrônico (Mala Direta)
e a disponibilização de arquivos (Material de Apoio), não
que isto não seja uma ferramenta importante, é claro que é,
no entanto é necessário saber aproveitar melhor também
outros tipos de recursos. Acreditamos que isto esteja ocorrendo principalmente
pela falta de uma orientação no sentido do uso e funcionalidade
dos outros recursos disponíveis, pois 83% dos professores vêem
no Polvo um facilitador do processo de ensino-aprendizagem.
No sentido geral, a aceitação pelos professores foi muito
boa, tanto que no espaço para sugestões, vários registraram
do interesse de se usar o Polvo para que faça cada vez mais parte
do ambiente e da estrutura do curso e o seu uso já está se
propagando também para a área de pós-graduação.
Sabe-se que o uso de novas tecnologias na área de educação
é necessária, mas estas trazem também algumas dificuldades.
No entanto cabe aos educadores estar adequados as novas realidades e estar
dispostos a quebrar barreiras, para o bem do curso e principalmente para
uma melhor preparação dos alunos.
O resultado desta pesquisa foi positivo, pois mostrou a evolução
ocorrida no decorrer deste ano no curso de Biblioteconomia e a disposição
do seu corpo docente e discente em procurar mecanismos que venham a trabalhar
como facilitadores do processo de ensino-aprendizagem. Certamente o ambiente
de apoio ao ensino – POLVO – tem o seu espaço garantido no curso
e está abrindo caminho para outros tipos de ferramentas que auxiliem
os professores a serem cada vez mais presentes na vida dos alunos, e os
alunos a se envolverem cada vez mais no seu aprendizado.
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em:
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Acesso em: 10 fev. 2004.
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8., Natal, 2002. Disponível em
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ZULIAN, José A. A docência em Tempos Digitais. Disponível
em
http://www.ilea.ufrgs.br/intexto
Acesso em: 18 mar. 2003.
_________
THE ADEQUATENESS STUDY ABOUT FACE-TO-FACE EDUCATION SUPPORT TOOLS FOR
LIBRARY SCIENCE COURSE - UDESC
Abstract : This research evaluate the adequateness for face-to-face
education support tool (Polvo) to help the actual education of the Library
Science from the UDESC. Describes some results between the Polvo´s
use by student s, staff and teachears, identified the users profile and benefit
or problems gotten with this tool.
Keywords: System to support education; Teach-learning process;
Virtual environments; Polvo
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Fábio Lorensi do Canto
Estudante do Curso de Biblioteconomia – Universidade do Estado de Santa
Catarina – UDESC – Florianópolis – Brasil
E-mail:
fabio.lc@terra.com.br
Rev. ACB: Biblioteconomia em Santa Catarina, Florianópolis,
v. 10, n. 2, p. 225-240, jan./dez., 2005.