Resumo:
Aborda
a importância da gestão da
informação no ambiente
escolar. Apresenta a contribuição da biblioteca
escolar na
formação de alunos críticos e
geradores de conhecimento.
Salienta ser fundamental o trabalho colaborativo das pessoas que
integram
a comunidade escolar. Defende a necessidade de investimento na
área
da biblioteca escolar para que a mesma possa alcançar seus
objetivos.
Aponta que a garantia de investimento na biblioteca escolar
contribuirá
para a melhoria competitiva das empresas, uma vez que
poderão contar
com pessoal melhor preparado para o mercado de trabalho.
Palavras-chave: Biblioteca Escolar; Gestão da informação.
No entanto, acredita-se que a aplicação de novas práticas deve estar vinculada a um trabalho mais integrativo entre professor e bibliotecário, no investimento em recursos (acervo, base de dados, Internet, intranet) para a biblioteca, os quais servirão de suporte no desenvolvimento e geração de informação e conhecimento, repercutindo numa melhoria do desempenho escolar do aluno.
Busca-se, com este artigo, mostrar a diversidade de atividades ligadas à gestão da informação e do conhecimento que poderão ser aplicadas no ambiente escolar.
Além disso, são abordadas questões inerentes à biblioteca escolar que possibilitam a execução e aspectos relativos à gestão da informação e conhecimento, objetivando o propósito e função da biblioteca e bibliotecário no ensino básico.
A gestão da informação trata essencialmente de como coletar, armazenar, consultar, distribuir e explorar a informação no interior das organizações e nas redes de fornecedores, clientes e outros parceiros que, cada vez mais, tomam parte da economia moderna.
Nessa perspectiva, a maior vantagem competitiva na nova economia é o investimento em pessoas, e para que isto ocorra é necessário que estas saibam reconhecer uma informação relevante, e a usem de maneira eficaz. Por isso, a preocupação com a coleta, armazenamento e disponibilização da informação.
O uso estratégico da informação é a alavanca para estimular e gerar conhecimento dentro de uma organização. Sem informação não há possibilidade de se estabelecer alternativas na tomada de decisão, não há como gerar conhecimento.
Se a informação é um bem tão precioso para qualquer tomada de decisão e para a sobrevivência de uma empresa, por que se investe tão pouco em educação básica?
Por que fala-se tanto em gestão da informação e do conhecimento e pouco se investe em escolas e em bibliotecas? Já que o berço do exercício de se trabalhar com a informação é a biblioteca escolar, por que não investir mais nas mesmas?
A escola prepara o educando para o convívio em sociedade. Para que esta possa relacionar-se satisfatoriamente com as questões do seu cotidiano, Antunes (2001), defende que a escola deve propor atividades que levem o aluno a desenvolver certas habilidades, dentre as quais a de ser capaz de debater, deduzir, analisar, interpretar, provar, concluir, conceituar, demonstrar, refletir, criticar, sintetizar, reproduzir, solucionar problemas, pesquisar. Ao serem estimulados a trabalhar tais habilidades, os educandos precisarão tomar distância do aprendizado centrado na oralidade do professor e do uso quase que exclusivo do livro didático adotado para as disciplinas, e aproximarem-se cada vez mais da biblioteca da escola. Isto promoverá uma mudança no ato de ensinar e de aprender, fazendo com que se estabeleça um trabalho mais cooperativo e participativo entre bibliotecário e professor, resultando numa maior aproximação do aluno com a biblioteca escolar e ao acesso às informações ali disponibilizadas.
Campello
(2003, p. 11), enfatiza
a importância de se estreitar este relacionamento:
Trabalhando
em conjunto,
professores e bibliotecários planejarão
situações
de aprendizagem que desafiem e motivem os alunos, acompanhando seus
progressos,
orientando-os e guiando-os no desenvolvimento de competências
informacionais
cada vez mais sofisticadas.
Percebe-se que, dessa maneira, a biblioteca estará realmente assegurando sua finalidade, mostrando possibilidades valiosas no desenvolvimento de suas atividades, aproximando professor e bibliotecário na execução das mesmas, e estimulando no aluno a busca e leitura da informação.
Sabe-se
que, na ânsia
de incentivar à leitura, o papel do bibliotecário
e dos professores
não são satisfatórios, pois esquecem
que a leitura
tem a sua efetiva importância quando o aluno consegue ser
pró-ativo,
criando, reproduzindo, socializando no ambiente em que vive e
exteriorizando
sua experiência de vida com a
informação recebida.
Carvalho (2003, p. 22) nos convida a repensar o papel da biblioteca, no
que diz respeito a promoção do incentivo
à leitura:
...deve ser pensada como um espaço de criação e de compartilhamento de experiências, um espaço de produção cultural em que crianças e jovens sejam criadoras e não apenas consumidoras de cultura.
É
extremamente
importante que a biblioteca ofereça ambiente
agradável, tenha
uma boa coleção e garanta recursos para a
recuperação
da informação. É necessário
que promova a dinamização
do espaço investindo na satisfação
informacional do
usuário para fins de estudo e de lazer: professores e
bibliotecários
deverão contribuir como mediadores na
formação e no
desenvolvimento do aluno leitor, crítico e criativo.
Ribeiro
(apud HILLESHEIM;
FACHIN, 1999, p. 69, grifo nosso), defende que a biblioteca escolar
deve
possibilitar:
...acesso à leitura e as informações para dar respostas e suscitar perguntas aos educandos, configurando uma instituição cuja tarefa centra-se na formação não só do educando como também de apoio informacional ao pessoal docente.
Observa-se
desta forma,
que a biblioteca escolar vem sendo vista como um espaço de
“crescimento”
para professores e alunos, colocando-os em
situação de igualdade
no que se refere à necessária
condição de aprendizagem.
Talvez haja necessidade de se oferecer um ambiente de biblioteca menos
rígido. O trabalho centrado na técnica
biblioteconômica
tem dado à biblioteca a conotação de
espaço
frio e rígido, deixando o bibliotecário longe do
usuário,
ajudando a promover um certo distanciamento entre o usuário
e a
informação existente na biblioteca. Se no
usuário
adulto esta sensação de abandono, cultivada desde
a infância,
o mantém distante da biblioteca, torna-se urgente repensar
esta
questão e apresentar novas práticas para que
nossas crianças
e adolescentes se acostumem com serviços diferenciados e
transformem-se
em adultos capazes de gerir informações e
conhecimento.
Antunes (2001) e os Parâmetros Curriculares Nacionais – PCNs, (1997) apontam a escola como responsável em desenvolver habilidades para que os alunos possam relacionar-se satisfatoriamente com as questões impostas pela sociedade. E isto será possível quando a biblioteca escolar for discutida e entendida, por educadores, bibliotecários que estão em cargos de decisão, nas esferas federal, estadual e municipal, e pelos demais segmentos que integram a sociedade.
Perucchi (1999, p. 80-81), entende ser finalidade da biblioteca escolar:
...contribuir ativamente com a educação colocando à disposição dos professores, alunos e demais interessados, o material necessário para o enriquecimento do programa escolar, habilitando-os a utilizar os livros e desenvolver a capacidade de pesquisar, além de sustentar os programas de ensino.
No
entanto, entende-se
ser necessária a participação dos
demais elementos
que compõem a instituição educacional,
onde a biblioteca
esteja inserida, para que esta possa cumprir tal finalidade. Para
tanto,
primeiramente é necessário que a biblioteca seja
discutida
por todos os segmentos que compõem a escola. São
esses segmentos
que determinam a forma de ser e de existir da biblioteca escolar.
Portanto,
é necessário abordar os objetivos da biblioteca
escolar e
destacar o compromisso que cada segmento na
contribuição
e formação do cidadão.
Hillesheim e Fachin (1999, p. 68-69) enfatizam os objetivos da biblioteca escolar: ampliar conhecimento; oferecer ambiente que favoreça a formação e o desenvolvimento do hábito de leitura e de pesquisa; oferecer ao professor subsídios para a implementação de seu trabalho; estimular nos alunos o hábito de freqüência a outras bibliotecas na busca de informações e/ou lazer, cooperar com o currículo escolar, no atendimento às necessidades da comunidade escolar, proporcionar aos usuários materiais diversos e serviços bibliotecários adequados ao aperfeiçoamento e desenvolvimento individual; orientar e estimular os alunos em todos os aspectos da leitura; participar dos programas e atividades da escola; propor atividades culturais estimulando o uso na busca de lazer e de pesquisa, integrando-a a comunidade escolar; orientar o uso do livro, visando à pesquisa e à educação individual. Mas, para alcançar tais objetivos a biblioteca deve ser tema de discussão na escola, devendo ficar explícito o compromisso que cada categoria, que integra a comunidade escolar, deve ter para com este espaço.
Abaixo apresenta-se as categorias que interagem no ambiente escolar e o compromisso, acredita-se, devam assumir com a biblioteca escolar para que haja a garantia de condições que favoreçam a gestão da informação e do conhecimento.
A)
O Bibliotecário
deve:
1.
Cativar toda a comunidade
escolar;
2.
Elevar a qualidade do
acervo;
3.
Conscientizar o aluno
de que o espaço é de uso coletivo e que as regras
devem ser
observadas e respeitadas;
4.
Criar atividades de garantem
a participação de toda a comunidade escolar;
5.
Atender com presteza
o usuário;
6.
Garantir ao usuário
o livre acesso às estantes, estimulando o
exercício na busca
do material;
7.
Organizar a biblioteca
de forma que facilite o acesso, procurando respeitar o perfil do
usuário.
B)
O Corpo docente
deve:
1.
Freqüentar
a biblioteca;
2.
Conhecer o acervo,
principalmente de sua área e indicá-lo aos alunos;
3.
Sugerir a aquisição
de material bibliográfico e não
bibliográfico;
4.
Usar o acervo como recurso
pedagógico;
5.
Incentivar o aluno a
freqüentar a biblioteca;
6.
Comunicar ao bibliotecário
sempre que solicitar trabalhos aos alunos;
7.
Observar e obedecer às
normas da biblioteca.
C)
O Corpo discente deve:
1.
Freqüentar a biblioteca;
2.
Zelar pelo acervo e demais
materiais existentes na biblioteca;
3.
Respeitar as normas da
biblioteca;
4.
Ter comportamento condizente
com o espaço de leitura e de pesquisa.
D)
O Corpo diretivo deve:
1.
Investir na qualidade
do acervo;
2.
Equipar a biblioteca
visando sua dinamização e
qualificação dos
serviços;
3.
Incluir o bibliotecário
nas reuniões da escola, principalmente as relacionadas
à
biblioteca;
4.
Apoiar a participação
do bibliotecário em curso de
capacitação.
E)
O Auxiliar de biblioteca
deve:
1.
Orientar o usuário
sobre as normas da biblioteca;
2.
Ordenar os livros nas
estantes;
3.
Registrar o material
bibliográfico e não bibliográfico;
4.
Restaurar livros e revistas;
5.
Operar sistemas de devolução
e de empréstimo;
4.
Informar sobre
os serviços da biblioteca;
7.
Auxiliar no inventário
de bens patrimoniais e do acervo da biblioteca;
8.
Organizar murais;
9.
Auxiliar o bibliotecário
nas atividades de extensão.
F)
Os Pais devem:
1.
Freqüentar
a biblioteca;
2.
Conhecer as normas
da biblioteca;
3.
Prestigiar as atividades
culturais da biblioteca.
G)
Os Funcionários
devem:
1.
Utilizar a biblioteca
para aprender;
2.
Manter o ambiente
limpo;
3.
Zelar pelo espaço.
Segundo
Davenport (2004,
p. 18) o profissional bibliotecário tem
nas mãos
as cartas para tomar responsabilidade na execução
de sistemas
de informação:
...esses profissionais, com suas competências nas áreas de classificação, pesquisa e recuperação de dados, assim como sua compreensão das necessidades de informação, representam um grande potencial para uma empresa que se lança na gestão da informação.
Para
tanto é necessário
que haja conscientização, por parte do
bibliotecário
escolar, do seu potencial como encarregado no processo e monitoramento
da informação, e por parte das categorias, corpo
diretivo
e discente, citadas acima, o quanto é vital investir na
biblioteca
da escola.
A
seguir apresenta-se a concepção
do processo estratégico da informação
no processo
ensino-aprendizagem.
Pode-se
observar nesta
representação que a
transformação do dado,
para informação e desta para conhecimento deve-se
a interconectividade
da comunicação entre bibliotecário,
professores e
alunos, baseado nos planos de aula, conteúdos e projetos
curriculares
de cada disciplina. Portanto, é um processo
sistêmico que
a biblioteca propõe para amparar e dar suporte informacional
devidamente
estruturado para atender as necessidades escolares, prestando
serviços
eficientes e eficazes.
Para fazer a diferença, bibliotecários e professores poderão contribuir na gestão da informação e do conhecimento utilizando-se do recurso pedagógico para motivar e gerar conhecimento, o que contribuirá para a melhoria do processo ensino/aprendizagem.
Nos
quadros abaixo são
relacionadas as atividades de pesquisa escolar e oficina de literatura,
as quais poderão ser aplicadas na biblioteca com o
auxílio
do professor, e a orientação do
bibliotecário,
e a estimativa do resultado que o aluno alcançará
no desenvolvimento
das atividades.
|
||
|
|
|
O
aluno não sabe fazer pesquisa, ele faz cópia de
material
bibliográfico e eletrônico.
|
Discutir
o assunto com os professores;Oferecer serviço de
orientação
à pesquisa.
|
Conscientizar
os alunos da importância da pesquisa;
Colaborar
para o desenvolvimento da criticidade.
|
|
||
|
|
|
O
aluno apresenta deficiência na escrita.;
O aluno apresenta deficiência na interpretação de textos; O aluno apresenta dificuldade em fazer resumo. |
Selecionar
livros de acordo com a faixa etária e interesse do aluno;
Fazer uma dinâmica de grupo para discutir o tema; Elaborar atividade de acordo com o tema. |
Motivar
o aluno à leitura;
Estimular
no aluno o desenvolvimento do senso crítico;
Interpretar textos; Elaborar
análise;
Formar
opinião.
|
Nesta visão, somente um bibliotecário qualificado poderá assumir a responsabilidade de processar, armazenar e distribuir a informação de forma a gerar e criar conhecimento dentro de uma instituição de ensino.
O
aparelhamento da biblioteca
escolar é fundamental para o processo da gestão
da informação
e do conhecimento no ambiente escolar. A gestão da
informação
no contexto escolar poderá ser a grande aliada na melhoria
do ensino
se conciliada com o planejamento de educadores e de
bibliotecários.
Capacitar e habilitar o aluno no processo ensino/aprendizagem
é
contribuir para que a empresa que um dia irá
recebê-lo como
trabalhador, seja competitiva.
Revista
ACB: Biblioteconomia
em Santa Catarina, Florianópolis, v.11, n.1, p. 63-73,
jan./jul.,
2006.