FONTES E CANAIS DE
INFORMAÇÃO UTILIZADOS NO DESENVOLVIMENTO DE SISTEMAS
Luciane Paula Vital
Resumo:
A
pesquisa identifica as fontes e os canais de informação empregadas em empresa
de base tecnológica (software) de Blumenau – Santa Catarina . Aponta a
necessidade, por parte dos profissionais da informação, da identificação,
localização e organização dos recursos informacionais relevantes em contextos
específicos. Conclui que, apesar de fontes/canais formais serem considerados
mais importantes pela população-alvo, as fontes e os canais informais
apresentam uso mais recorrente.
Palavras-chave: Canais de
informação; Fontes de informação; Busca da informação; Empresas de base
tecnológica.
1
INTRODUÇÃO
A sociedade
pós-industrial se caracterizou pelo predomínio do trabalho no setor terciário,
de serviços. Essa característica trouxe mudanças na estrutura social, como a
passagem da produção de bens para a economia de serviços, o avanço das classes
de trabalhadores técnicos, de desenvolvimento tecnológico, automação industrial
e uma nova organização do saber. Conseqüentemente, a mão-de-obra solicitada
nesta nova estrutura social é muito mais qualificada e maciça no setor de
serviços, pois as máquinas já estão substituindo o trabalho humano em outras
áreas. Conforme Sveiby (1998, p.23) “A maioria dos funcionários das empresas do
conhecimento são profissionais altamente qualificados e com alto nível de
escolaridade – isto é, são trabalhadores do conhecimento.” A grande produção
informacional em um cenário empresarial altamente competitivo exige
trabalhadores intelectualmente mais qualificados e coloca em um estágio onde o
conhecimento é um fator decisivo na sobrevivência em longo prazo,
principalmente em empresas em que a principal atividade é a venda de
conhecimento e informações para outras. Com a crescente informatização dos
processos dentro de uma empresa o objetivo principal estava centrado no
gerenciamento de dados e a
informática
criou meios de organizar e relacionar esses dados. Dados entendidos
como
informação sem valor agregado, pois a
informação é a própria
contextualização
de dados, os mesmos precisam estar associados para significados. Tanto
dados
quanto informação não trazem diferencial
competitivo às organizações, pois ambos,
a princípio, estão disponíveis para a coleta.
Já o conhecimento, que não é dado
nem informação, mas está relacionado a ambos,
depende de um conjunto formado
por experiências, valores, informação de contexto,
criatividade, insights, avaliação e é inseparável das
pessoas.
Na economia
que se configurou, a abordagem aleatória do conhecimento corporativo já não é
suficiente, se faz necessário pensar em como fomentar culturas de troca, de
aprendizagem e de conhecimento. Nesse sentido, é essencial que as empresas
aperfeiçoem o uso da informação, tanto a que se encontra dentro da organização
quanto a que está no ambiente externo. Um primeiro passo para a potencialização
do uso é o mapeamento das necessidades informacionais. De acordo com Figueiredo
(1990, p.123) “[...] a informação, para ser realmente importante e de valor
para os usuários, tem que ser pertinente às necessidades dos usuários quando
dela necessitam.” Em ambientes onde a informação e o conhecimento são a base
para o desenvolvimento de produtos e serviços, empresas denominadas de base
tecnológica, é imprescindível agilidade, organização e disponibilidade de
fontes e canais de informação.
Sendo assim, essa
pesquisa buscou conhecer o comportamento dos usuários em empresas de base
tecnológica na busca de informação, identificando canais e fontes de informação
mais utilizados, a fim de servir de referência para a implantação de serviços
informacionais coerentes com o contexto e as necessidades dos usuários.
2
CARACTERÍSTICAS DA SOCIEDADE CENTRADA NA INFORMAÇÃO E NO CONHECIMENTO
No intuito de
caracterizar a revolução informacional, processo pelo qual a humanidade ainda
passa, parte-se da premissa de que essa revolução não substituiu o material
pelo informacional, materialismo característico da sociedade antecessora, a
industrial. Partindo das concepções de Lojkine (2002, p.72) pode-se relacionar
três grandes características da revolução industrial: especialização,
padronização e a reprodução rígida. E opondo-se a elas, cita três
características preponderantes na sociedade informacional: poli funcionalidade,
flexibilidade e as redes descentralizadas.
Lojkine (2002,
p.49) também apontou, tentando mostrar as congruências entre as duas
sociedades, que “a objetização crescente da funções intelectuais nas tecnologias
da informação não suprime, em absoluto, seu caráter de forças produtivas.” E
cita como exemplo o computador, que pode ser considerado uma “condição material
essencial para a elevação da produtividade do trabalho em todas as esferas de
atividade.” Outra característica que
também pode ser considerada similar nas duas sociedades é o uso de informação e
conhecimento como base do crescimento da produtividade.
Para
caracterizar a sociedade informacional Castells (2002, p. 267) traçou três
critérios:
1.
As sociedades serão informacionais, não porque se
encaixem em um modelo específico de estrutura social, mas porque organizam seu
sistema produtivo em torno de princípios de maximização da produtividade
baseada em conhecimentos, por intermédio do desenvolvimento e da difusão de
tecnologias da informação.
2.
Mudança para as atividades de serviço e o fim da
indústria.
3.
Expansão das profissões ricas em informação.
A nova economia
que surge, com uso e produção intensa de conhecimento, exige mudanças nas
estruturas da sociedade e na forma de organização e disponibilização das
informações, além de dinamismo, inovação e uma cultura de aprendizagem, a fim
de buscarem uma vantagem sustentável e manter-se no mercado.
Jambeiro e Silva
(2004, p.3) colocaram que,
na chamada ‘Sociedade
da Informação’ parece estar ocorrendo um fenômeno similar àquele ocorrido
durante a Revolução Industrial: a redução de energia humana necessária para
manipular os materiais usados na produção de bens e serviços.
Essas mudanças
afetam sobremaneira as organizações, que devem rever processos, tentar entender
e entrar rapidamente na dinâmica dessa nova economia como pré-requisito para se
manter no mercado.
As várias
definições da sociedade atual parecem convergir para o fato de que os
gerenciamentos da informação e do conhecimento passaram a se constituir nos
diferenciais competitivos, tanto de pessoas, organizações, países, quanto de
nações. Os bens de maior valor tornaram-se intangíveis,
[...] a informação
e o conhecimento passaram a se constituir nos recursos básicos do crescimento
econômico (em lugar dos tradicionais insumos energéticos e materiais) e tais
recursos (não-materiais e, portanto, intangíveis) não são esgotáveis.(LASTRES;
ALBAGLI 1999, p.50).
McGee e Prusak
(1998, p.24) sustentaram que
Informação deve
informar, enquanto os dados absolutamente não têm essa missão [...] Dados podem
ser considerados e discutidos
Diante do exposto,
e das características da sociedade do conhecimento, a abordagem sistemática no
gerenciamento da informação parece a
forma mais eficiente para seu uso. Essa abordagem sistemática passa pela
identificação das necessidades informacionais dos usuários e das fontes que
melhor atendam a essas necessidades, assim como sua disponibilização, em um
processo contínuo.
2.1 Empresas de
base tecnológica e informação
A informação pode
ser considerada insumo básico para a criação de conhecimento, porém Montalli
(1994, apud JANNUZZI; MONTALLI, 1999, p.01), ponderou que “as informações
precisam estar corretamente organizadas para que a indústria nacional possa
capacitar-se para o nível de competição que ora se apresenta” e Borges e
Carvalho (1998, p.76) complementaram dizendo que “A cada dia torna-se mais
claro o papel econômico da informação como insumo para o desenvolvimento de
produtos, captação de recursos, conhecimento de mercado e sobrevivência de muitas
empresas.” Para que seja criado esse
diferencial competitivo, a informação deve ser abordada dentro de um processo
estruturado, que perpasse por toda a organização em um fluxo contínuo.
Informações estão disponíveis em vários ambientes; o que muitas vezes não há
dentro das empresas é uma organização lógica, o processo de recuperação de
informações realmente relevante para a organização, de maneira eficiente e
eficaz. Os problemas em muitos casos requerem uma rápida solução, e mais do que
qualquer solução, requerem embasamento, subsídios que minimizem a probabilidade
de erros. Jannuzzi e Montalli (1999, p.1) disseram que “A informação precisa,
no momento oportuno, atua como fator critico para o sucesso e a sobrevivência
das empresas nesta era de globalização econômica.” Isso torna-se ainda mais importante em
empresas de base tecnológica, que podem ser definidas, de acordo com Dornelas
(2002, p.21), como aquelas em que “produtos, processos e serviços são gerados a
partir de resultados de pesquisas aplicadas, e nos quais a tecnologia
representa alto valor agregado.” De
acordo com o Centro de Referência
Empresas de Base
Tecnológica são organizações empresariais que oferecem produtos e serviços
modernos, resultantes da geração e adaptação intensiva de conhecimentos
científicos e tecnológicos com elevado valor agregado. Estas empresas possuem
conhecimento ou capital intelectual, ao contrário de empresas convencionais de
outros setores, que possuem seu capital centrado nas instalações e na
infra-estrutura/equipamentos.
Possuem uma
estreita relação com a área de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), onde a
informação é o insumo básico, o que garante o diferencial competitivo na
criação de tecnologias. Empresas de base tecnológica necessitam primordialmente
de informação tecnológica, entendida por Montalli e Campello (1997, p.322) como
aquela que trata
da informação necessária, utilizada e da informação gerada, nos procedimentos
de aquisição, inovação e transformação de tecnologia, nos procedimentos da
metrologia, certificação de qualidade e normalização e nos processos de
produção.
A informação
tecnológica está ligada à tecnologia. Aguiar (1991 apud VALENTIM, 1997, p.20) afirmou que, “O conceito de informação
tecnológica, até por razões de ordem semântica, tem necessariamente de estar
relacionado com o conceito de tecnologia [...].”
No desenvolvimento
de produtos/serviços tecnológicos, a informação viabiliza inteiramente os
processos e precisa estar organizada, ser de fácil acesso, pois empresas de
base tecnológica são regidas por normas e especificações que garantem a
competitividade e a qualidade de produtos e serviços no mercado. De acordo com
Silva; Ferreira e Borges (2002, p.130) a informação tecnológica
Em nível estratégico,
alimenta o ‘planejamento tecnológico’, que possibilita tomar decisões para
apoiar e expandir os negócios atuais, alavancar novos negócios e aprimorar as
capacidades tecnológicas da empresa. Em nível operacional, dá suporte ao
aperfeiçoamento de produtos e processos, bem como contribui para assegurar
maior qualidade e produtividade.
Para que a
informação necessária seja localizada de maneira rápida e eficiente, é
imprescindível que esteja organizada, seja disponibilizada e disseminada da
maneira mais adequada às necessidades. O cerne da questão é definir qual a
‘maneira mais adequada’ de isso acontecer; acredita-se que o usuário dessa
informação possa definir de maneira precisa esses critérios.
As fontes e os
canais informacionais podem ser categorizados em dois tipos: formais e
informais. Fontes formais são aquelas obtidas através de publicações, livros,
periódicos, teses, patentes, entre outras. Fontes informais são conversas,
seminários, contatos telefônicos, fornecedores, folders, entre outras. O
que difere uma da outra basicamente é o suporte e o nível de processamento ao
qual a informação foi submetida. Informação disponibilizada de forma organizada
e estruturada é considerada formal. Fuld (1994 apud CANONGIA, 1998, p.38) apresentou dois tipos de informações:
primária e secundária, e diz que “A primária é apresentada como a fonte
original de informação e a secundária como a fonte que registra ou interpreta a
informação primária”. Nessa pesquisa utilizou-se as denominação ‘fontes/canais
formais’ e fontes/canais informais’ de informação.
Ferreira (1997) realizou uma revisão de literatura sobre estudos de
necessidades de informação, na qual verifica que até aproximadamente a década
de 70, os referidos estudos eram realizados a partir da perspectiva do sistema
de informação ou dos provedores de informação. As preferências, necessidades,
comportamento, entre outros aspectos relativos à busca da informação por um
usuário, não tinham o devido destaque. É necessário, nesse sentido, “saber que
informação um indivíduo quer encontrar no sistema de informação, que uso fará
dela, e como o sistema pode melhor ser projetado para preencher essas
necessidades de informação.” (JAMES, 1983 apud
FERREIRA, 1997, p.3).
A busca da
informação pode ser considerada um processo em si mesmo, visto que na escolha e
rejeição de determinadas fontes, os hábitos pessoais, necessidades específicas,
entre outros fatores, interferem e a profissão do usuário pode ser considerada
um fator determinante no seu comportamento de busca por informações. A busca da
informação é um processo dinâmico, em que as ferramentas utilizadas sofrem
variações dependendo do tempo, do usuário e das necessidades sob as quais
acontece. Sendo assim, é essencial conhecer o usuário da informação, conhecer
seu comportamento na busca da mesma, e, ainda, quais fontes/canais
informacionais são mais utilizados. Para tanto, é necessário contextualizar o
papel desse individuo no processo de busca de informações, os elementos que o
estimulam a buscar a informação e o ambiente em que o mesmo está inserido.
Parte-se do pressuposto de Flippo (1970 apud
OLIVEIRA, 2004, p.21) de que “o primeiro e mais crucial passo inclui não
somente definir a informação necessária, mas também especificar quando e em que
formato a informação deverá ser disponibilizada.” Complementando, Figueiredo
(1990, p.123) apontou que “[...]a informação, para ser realmente importante e
de valor para os usuários, tem que ser pertinente às necessidades dos usuários
quando dela necessitam.” E, levantando os determinantes das necessidades
informacionais, como já afirmado anteriormente, Ferreira (1997, p.3) disse que,
“a maioria dos estudos aponta a profissão do usuário como o mais importante e
influente fator para determinar necessidades de informação.” Assim, é
importante entender como determinado grupo de profissionais comporta-se na
busca da informação, conhecendo primeiramente seus processos de trabalho e o
ambiente informacional no qual se encontra.
3 METODOLOGIA
A pesquisa foi
realizada em outubro de 2005,
Figura 1: Processo de desenvolvimento de sistemas
Fonte: A autora
A coleta dos dados
deu-se com a aplicação de questionários, com perguntas fechadas e abertas,
buscando caracterizar e realizar o levantamento de fontes/canais mais utilizados
pela população pesquisada e pela interrogação direta das pessoas cujo
comportamento pretende-se conhecer.
4
RESULTADOS DA PESQUISA
Em decorrência da
limitação do espaço, os resultados serão apresentados sem as referidas tabelas.
A partir do mapeamento
das fases gerais no desenvolvimento de sistemas (Figura 1), foi solicitado aos
coordenadores que indicassem, por ordem de prioridade, as fases do processo
onde há uma maior demanda por informações. A fase de implementação, na qual o
sistema começa efetivamente a funcionar, é onde foi considerada uma necessidade
maior de informações. A prioridade nesta fase justifica-se pelo fato de que
quando o sistema efetivamente entra em funcionamento, diversos ajustes são
necessários e os problemas ficam realmente mais latentes.
As fases de
Implantação e Aprimoramento/Aperfeiçoamento do sistema são em seguida as mais
citadas. A fase de implantação é aquela em que o sistema é apresentado e
inserido na organização, incluindo a sensibilização e o treinamento dos agentes
envolvidos. A fase de correção dos possíveis problemas técnicos foi considerada
a menos envolvida com necessidades informacionais; isso pode apontar que a
correção de problemas técnicos ocorre ainda na fase de implementação.
4.1 Canais/fontes
de informação mais utilizados na busca de informação para realizar as
atividades no trabalho
Na questão 2 foi
solicitado que marcassem os canais/fontes informacionais mais utilizados na
busca de informações e, conseqüentemente, no desenvolvimento de novos conhecimentos,
por ordem de prioridade.
No que tange às
fontes informais percebe-se, através da tabulação dos dados, que a mais
utilizada é o contato pessoal. Por ser um ambiente onde várias outras pessoas
desenvolvem o mesmo tipo de trabalho, as trocas entre os pares são corriqueiras
e fundamentais, pelo fato do desenvolvimento de sistemas ser considerado um
trabalho em equipe, dificilmente realizado por uma só pessoa. Fóruns de
discussões e e-mail foram em seguida as fontes mais citadas, justificadas por
serem fontes de acesso rápido e fácil, permitindo, assim, uma troca de
informação e de experiências ágeis e confiáveis.
Em relação às
fontes formais, a legislação foi a mais citada. Pelo fato da empresa
desenvolver sistemas para órgãos públicos no que tange a procedimentos e
setores como Licitações, Patrimônios, Procuradoria, Compras e Materiais, o uso
dessa fonte é fundamental pois o sistema, para ser relevante aos clientes, deve
contemplar a legislação vigente no município, estado ou país ao qual se destina.
4.2
Fontes/canais de informação considerados mais importantes
As fontes formais
de informação foram consideradas as mais importantes pelos coordenadores. Este
resultado surpreende já que, em empresas de base tecnológica, as respostas a
problemas e a própria inovação requerem respostas rápidas, uma característica
das fontes informais.
4.3
Disponibilização dos canais/fontes de informação informais na empresa
Os dois
coordenadores que consideraram canais/fontes informacionais informais como mais
importantes, foram questionados quanto ao fato desses estarem disponíveis ou
organizados de alguma forma na empresa. Um considerou que os canais/fontes
informais estão disponibilizados e/ou organizados na intranet da empresa e, o
outro, considerou que esses canais/fontes não encontram-se disponíveis na
empresa.
4.4 Locais onde
recorrem para realizar a busca de informações
Apesar de a
maioria dos coordenadores ter citado as fontes formais como as consideradas
mais importantes no desenvolvimento de suas atividades, quando interrogados
sobre onde recorrem na busca por informações, as fontes mais citadas foram a
Internet, especialistas da área e colegas de trabalho.
A Internet assume
tanto características de fonte formal quanto informal, pois ela pode apresentar
informações organizadas e estruturadas, como em websites, periódicos
eletrônicos, entre outros, e também pode ser considerada fonte informal quando
possibilita a troca de informações através de chats, conferências,
e-mail, entre outros. Sendo a Internet, o contato com especialistas da área e
com colegas de trabalho as fontes mais citadas, comprova o que já se havia
afirmado anteriormente, que em empresas de base tecnológica, a resposta rápida
a problemas faz com que as fontes informais sejam as mais utilizadas em
detrimento das fontes formais.
4.5
Fontes de informação mais utilizadas através do acesso à Internet
Os sites de busca
foram considerados prioritários na busca de informações pela Internet. Quando
se trata de necessidades informacionais específicas, sites de busca, por serem
genéricos e realizarem uma varredura de acordo com o número de vezes que o site
referenciado é citado, não podem ser considerados boas ferramentas de busca.
Os sites dos
concorrentes aparecem em segundo lugar de prioridade. Por terem sido os sites
de busca e sites de concorrentes os canais mais citados no acesso à Internet,
percebeu-se que a informação necessária no desenvolvimento das atividades não
se encontra disponível na intranet da empresa. Esse fato acarreta um desperdício
de tempo, que poderia ser ganho caso as informações necessárias estivessem
disponíveis em um único lugar.
4.6
Canal/fonte informacional considerados importantes e não disponíveis na empresa
Os coordenadores
foram questionados sobre a existência de algum canal/fonte de informação não
disponível na empresa e que eles consideram importante estar disponível. Nesse
sentido, três coordenadores consideraram importante: as Reuniões, o
Departamento Jurídico, e a disponibilização de revistas e jornais na empresa.
Os outros quatro coordenadores acreditam que todas os canais/fontes
informacionais importantes encontram-se disponíveis na empresa.
5
CONSIDERAÇÕES FINAIS
É necessário
investigar dentro da organização onde ocorrem as trocas, a busca e a
transferência de informações e conhecimentos para que, a partir desse estudo,
possam ser implantados serviços e produtos informacionais que potencializem
esse uso. Com tal intuito, a pesquisa identificou que os coordenadores são as
pessoas, no processo de desenvolvimento de sistemas de informações na empresa
estudada, que mais utilizam informações, tanto para o desenvolvimento de seus
trabalhos, quanto para o repasse a outros membros da equipe.
Por meio do
mapeamento do processo de desenvolvimento de um sistema de informação
(softwares), foi possível verificar que o momento de Implementação do sistema é
o que requer mais informações; conseqüentemente, a busca é maior nessa fase. A
Implantação e o Aprimoramento do sistema são as fases seguintes de maior
demanda por informações, seja acerca do cliente, seja de soluções técnicas e
legais referentes ao sistema.
A partir da
constatação de que os coordenadores recorrem mais às fontes/canais informais de
informação, é importante que a empresa viabilize o mapeamento dessas informações,
por meio de lista de especialistas, das páginas amarelas disponíveis na
intranet, ou, enfim, por outras formas de disponibilizar essa informação.
Verificou-se que o maior acesso da informação se dá através da Internet, seja
para acessar base de dados, seja em sites
de busca, de concorrentes, especialistas, entre outros. Sendo assim, a
Intranet da empresa poderia assumir o papel de centralizadora dessas
informações, garantindo o acesso rápido e fácil a esses recursos. Cumpre
lembrar que canais/fontes de informação informais são considerados
desestruturados, encontram-se de forma desorganizada, mas são fontes essenciais
de informação, principalmente em empresas de base tecnológica, altamente
competitivas, dinâmicas e onde a informação e o conhecimento de suas equipes
podem ser considerados seus maiores ‘bens’. Sendo assim, viabilizar canais que
promovam o intercâmbio e o compartilhamento desse conhecimento torna-se
fundamental para que se estabeleça o diferencial competitivo no mercado.
Vive-se em uma sociedade em que os ativos intangíveis são os de maior valor e,
portanto, devem ser valorizados, compartilhados a fim de que se multipliquem.
NOTAS
1 Originalmente apresentado como monografia no curso de especialização
em Gestão de Bibliotecas da Universidade do Estado de Santa Catarina -
Florianópolis – Santa Catarina.
REFERÊNCIAS
BORGES, M.E.N.; CARVALHO, G.M. N. Produtos
e serviços de informação para negócios no Brasil: caracterísitcas. Ci.
Inf., Brasília, v.27, n.1, p.76-81,
jan./abr.1998.
CANONGIA, Claudia. Implantação de sistema de
inteligência competitiva para dinamização e inovação da rede Antares
– rede de serviços de informação em C&T. 1998.
CASTELLS, Manuel. A sociedade
CERTI. Disponível em: < http://www.certi.ufsc.br>.
Acesso em: 15 mar. 2006.
DORNELAS, José Carlos Assis. Planejamento
de incubadoras de empresas: como desenvolver um plano de negócios
para incubadoras. Rio de Janeiro: Campus, 2002.
FERREIRA, S.M.S.P. Estudo de necessidades de
informação: dos paradigmas tradicionais à abordagem sense-making.
Porto Alegre: ABEBD, 1997.
FIGUEIREDO, Nice Menezes de. Informação
como ferramenta para o desenvolvimento. Ci. Inf., v.19, n.2, p.123-129,
jul./dez. 1990.
JAMBEIRO, Othon; SILVA, Helena Pereira. A
informação e suas profissões: a sobrevivência ao alcance de todos. DataGramaZero,
Rio de Janeiro, v.5, n.4, ago.2004. Disponível em: <http://www.datagramazero.org.br/ago04/Art_03.htm. Acesso em: 24 de
ago. 2004.
JANNUZZI, C.A.S.C.; MONTALLI, K.M.L.
Informação tecnológica e para negócios no Brasil: introdução a uma discussão
conceitual. Ci. Inf., Brasília, v.28, n.1, p.1-9, jan./abr. 1999
LOJKINE, Jean. A revolução informacional.
São Paulo: Cortez, 2002.
MCGEE, James;
PRUSAK, Laurence. Gerenciamento estratégico da informação: aumente a competitividade
e a eficiência de sua empresa utilizando a informação como ferramenta
estratégica. Rio de Janeiro: Campus, 1998.
MONTALLI, K.M.L.; CAMPELLO, B.S. Fontes de informação sobre companhias e
produtos industriais: uma revisão de literatura. Ci.Inf., Brasília, v.26, n.3, p.321-326, set./dez. 1997.
OLIVEIRA, Silas Marques de. Fontes de
informação utilizadas por executivos. Revista Digital de Biblioteconomia e Ciência
da Informação, Campinas, v.1, n.2, p. 18-40, jan./jun. 2004.
SILVA, J.F.; FERREIRA, M.A.T.; BORGES,
M.E.N. Análise metodológica dos estudos de necessidades de informação sobre
setores industriais brasileiros: proposições. Ci.Inf., Brasília,
v.31, n.2, p. 129-141, maio/ago. 2002.
SVEIBY, K.E. A nova riqueza das organizações.
Rio de Janeiro: Campus, 1998.
VALENTIM, M.L.P. O custo da informação
tecnológica. São Paulo: Polis;APB, 1997.
______
INFORMATION SOURCES AND CHANNELS USED TO
DEVELOPMENT SYSTEMS IN TECHNOLOGICAL COMPANY
Abstract: Identifies information sources
and channels used in the development of systems (software) in a
Keywords: Information channels;
Information sources; Information search; Technological base companies.
______
Luciane Paula Vital
Mestranda do Programa de Pós-Graduação em
Ciência da Informação e Bacharel em Biblioteconomia pela Universidade Federal
de Santa Catarina. Especialista em Gestão de Bibliotecas. Bolsista da CAPES.
E-mail: lucianepv@yahoo.com.br
ANEXO QUESTIONÁRIO
1 Assinale pela ordem de prioridade (1º, 2º,
3º, etc.) as fases citadas do processo onde ocorre uma demanda maior por informações:
( ) Implantação de um sistema
( ) Aprimoramento/aperfeiçoamento
de produto
( ) Correção de possíveis
problemas técnicos
( ) Implementação do sistema
2 Por ordem de prioridade (1º, 2º, 3º, etc.)
marque os canais/fontes de informação mais utilizados no desenvolvimento e na
busca de conhecimento para realizar suas atividades no trabalho.
a) Informais: ( ) Eventos
( ) Feiras/Exposições
( ) Contatos Pessoais
( ) Fóruns de Discussão
( ) E-mail
( ) Outros.
Quais?______________________________
b) Formais: ( ) Livros
( ) Legislação
( ) Revistas Especializadas
( ) Jornais Especializados
( )
Normas Técnicas
( ) Teses/Dissertações
( ) Outros.
Quais?______________________________
3 Quais as fontes/canais de informação citados
acima, você considera mais importantes para suas atividades?
( ) Fontes/Canais Formais (
) Fontes/Canais Informais
4 No caso de ter citado como mais importante
as fontes/canais de informação informais, considera que na sua empresa eles são
disponibilizados ou organizados de alguma maneira (Internet, mural, catálogo,
etc.)?
( ) Sim. Onde?
____________________________________________
( ) Não.
5 Mencione em ordem de prioridade (1º, 2º, 3º,
etc.) o(s) local(is) onde recorre para realizar a busca de informações:
( ) Base de dados da empresa
( ) Bibliotecas de outras
instituições (universidades, empresas públicas ou privadas).
( ) Internet
( ) Colegas de trabalho
( ) Especialistas da área
( ) Outros. Quais?
___________________________________________
6 Assinale pela ordem de prioridade (1º, 2º,
3º, etc.) quais as fontes de informação mais utilizadas através do acesso à
Internet:
( ) Base de dados
( ) Periódicos eletrônicos
( ) Bibliotecas virtuais
( ) Sites de busca
( ) Portais corporativos
( ) Sites de outras empresas da
área
( ) Outros. Quais?
___________________________________________
7 Existe algum canal/fonte informacional não
disponível na sua empresa a qual você considera importante?
( ) Sim. Qual(is)?
____________________________________________
( ) Não.
Artigo
recebido em: 19/10/2006
Aceito para publicação em: 29/11/2006