EVOLUÇÃO E AVALIAÇÃO DA REVISTA ACB: BIBLIOTECONOMIA EM SANTA CATARINA ENQUANTO FONTE DE PESQUISA (2000-2004)

Julia Miranda Bressane

Maria Lourdes Blatt Ohira

 

Resumo:Estudo do periódico Revista ACB: Biblioteconomia em Santa Catarina, editado pela Associação Catarinense de Bibliotecários. Visa o conhecimento da tendência da literatura utilizada pelos autores de artigos publicados na referida revista entre 2000 e 2004, e a comparação dos resultados deste período com os obtidos em estudo anterior, realizado com os fascículos da revista publicados entre 1996 e 1999. A análise dos dados é dividida em duas vertentes: a) análise de autoria, envolvendo número de autores, tipo de autoria, produtividade, titulação e vínculo institucional e b) análise de citação, que aborda aspectos como número de referências utilizadas, média de citações por artigo, tipologia dos documentos citados, idioma dos documentos, títulos de periódicos mais citados e autores mais citados.

Palavras-chave: Produção científica; Periódicos; Avaliação de periódicos.

 

1 INTRODUÇÃO

 

A proliferação de títulos de periódicos nas diversas áreas do conhecimento tem sido alvo de preocupações dos profissionais que se interessam pela qualidade da informação científica, sejam eles autores, editores, publicadores, revisores, prestadores de serviços de indexação, profissionais de centros de documentação de ou bibliotecas. Em virtude do aumento do número de periódicos nos últimos anos, a avaliação dos mesmos tornou-se um instrumento bastante utilizado pelas agências de fomento para a definição de apoio às revistas. Isto porque os estudos sobre avaliação de periódicos científicos têm reforçado a idéia de que as características formais desses veículos de comunicação são indicativas de sua qualidade e podem interferir no padrão de qualidade do seu conteúdo e na sua aceitação no processo de seleção de títulos a serem incluídos em bases de dados, principalmente se apresentarem características aclamadas internacionalmente.

O estudo de avaliação do periódico Revista ACB: Biblioteconomia em Santa Catarina proporciona o conhecimento das características formais do mesmo, bem como os eventuais problemas enfrentados por este canal de comunicação instituído pela classe bibliotecária catarinense. Estudos desta natureza são importantes no meio científico e acadêmico, pois visam aferir o nível de qualidade desta publicação, permitindo que a mesma seja reconhecida como fonte confiável de pesquisa e um espaço nobre de publicação e divulgação do conhecimento produzido pelos profissionais, docentes e discentes catarinenses da área de Biblioteconomia e Ciência da Informação.

Em estudo preliminar realizado com o periódico Revista ACB: Biblioteconomia em Santa Catarina no período referente aos anos de 1996 a 1999, Ohira et al (2000a), adotaram alguns critérios de avaliação de conteúdo dos artigos publicados nestes quatro anos da revista. Neste sentido, o presente estudo foi realizado com as revistas publicadas entre os anos de 2000 e 2004, com o intuito de conhecer a tendência da literatura utilizada pelos autores dos artigos publicados na Revista ACB: Biblioteconomia em Santa Catarina, no período de 2000 a 2004 e comparar os resultados obtidos com os da pesquisa realizada no período de 1996 a 1999, de modo a avaliar o comportamento da revista nos anos subseqüentes à primeira pesquisa. Este trabalho foi complementado pelos seguintes objetivos específicos:

 

a)                  Conhecer os autores de artigos das revistas analisadas, sua produtividade, titulação e instituição a qual pertencem;

b)                  Conhecer o número de autores por artigo e co-autores que colaboraram na redação dos artigos, considerando-se a autoria única e a autoria múltipla;

c)                  Verificar o número de referências utilizadas nas citações bibliográficas e a média de citações/ referências bibliográficas por artigo;

d)                  Identificar os tipos de documentos utilizados para a redação dos artigos e respectivos idiomas;

e)                  Levantar os títulos de periódicos mais citados pelos autores dos artigos;

f)                   Identificar os autores mais citados pelos autores dos artigos.

 

Para o desenvolvimento desta pesquisa foram analisados os fascículos da Revista ACB: Biblioteconomia em Santa Catarina, editada pela Associação Catarinense de Bibliotecários, publicados no período de 2000 a 2004, a saber: v.5, n.5, 2000; v.6, n.1, 2001; v.7, n. 1/ 2, 2002 e v. 8/9, 2003/4.

Os dados levantados estão agrupados nas seguintes categorias, que foram objeto de avaliação:

 

1 Número de Artigos: quantidade de artigos publicados no período de 2000 a 2004 e média de artigos por fascículo.

 

2 Análise de Autoria: são analisadas as seguintes características:

-  Nível de colaboração: número de autores que colaboraram na redação dos artigos, considerando-se a autoria múltipla ou única;

-  Produtividade dos autores;

-  Titulação dos autores e instituição de origem dos mesmos.

 

3 Análise de Citações/ Referências Bibliográficas: todas as referências citadas e disponíveis ao final de cada artigo são analisadas em relação aos seguintes dados:

-  Número de referências por artigo, as quais foram agrupadas em: sem referência; até 5 referências; de 6 a 10; de 11 a 15; de 16 a 20; de 21 a 25 e de 26 a 30 referências;

-  Tipos de documentos citados, agrupados nas seguintes categorias: Livros, Artigos de Periódicos, Comunicações em Eventos, Teses, Dissertações e Monografias, Material capturado na Internet e “Outros” tipos de documentos;

-  Idiomas dos documentos referenciados, considerando-se os idiomas: Português, Inglês, Espanhol e Outros;

-  Autores mais citados;

-  Revistas: estabelecer quais títulos foram os de maior impacto na comunidade científica, isto é, os mais utilizados no embasamento teórico dos artigos publicados.

 

2 AVALIAÇÃO DE PERIÓDICOS EM BIBLIOTECONOMIA E CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO

 

A partir da década de 1960 encontram-se na literatura estudos sobre avaliações de periódicos técnico-científicos que apontam para a necessidade de se definir parâmetros mensuráveis, que possam refletir a qualidade da informação registrada. Estes parâmetros, contudo, não são iguais para todo tipo de publicação.

Em âmbito internacional, a contribuição dos periódicos estrangeiros para a área de Biblioteconomia e Ciência da Informação foi comprovada por Souza (1978), que analisou o comportamento de quatro títulos de periódicos da área, publicados nos anos de 1956, 1966 e 1976, revelando uma tendência ao aumento do conteúdo de informação nos artigos da área analisada. Cunha (1985) realizou pesquisa visando conhecer os principais periódicos da área publicados nos Estados Unidos, Canadá e Europa Ocidental entre 1978 e 1980.

Entre os estudos mais recentes de avaliação de periódicos estrangeiros, destaca-se o de Frias e Gómez (1998), realizado com o objetivo de conhecer a produtividade dos autores de artigos publicados em revistas espanholas de Biblioteconomia e Documentação entre 1992 e 1993, a partir da análise de autoria (gênero, procedência, vínculo e funções desempenhadas) e de citação (quantidade de referências, tipos de documentos utilizados, sua idade, idioma, dados de publicação e revistas mais citadas pelos autores). Dimitri (2003) analisou o periódico peruano Biblios: Revista Electrónica de Ciências de la Información com a finalidade de obter dados também relativos à autoria e a análise de citações.

Os periódicos latino-americanos de Biblioteconomia e Ciência da Informação foram os objetos de estudos de Urbizagástegui Alvarado (2004), cujo objetivo foi analisar estas revistas em relação aos países onde foram publicadas, seu ano de início,  idade alcançada até 2001, as entidades responsáveis por sua publicação, a freqüência de publicação, a sua indexação por bases de dados internacionais e a tendência das mesmas em veicular em meio eletrônico.

Por fim, Santillán-Rivero e Valles-Valenzuela (2005) realizaram em seu estudo uma análise bibliométrica dos artigos publicados no periódico espanhol Anales de Documentación entre os anos de 1998 e 2003, visando conhecer o comportamento da revista ao longo de seus seis anos de existência, através do estudo das variáveis relativas à autoria dos artigos e temáticas e metodologias envolvidas na produção dos mesmos.

No cenário brasileiro, a avaliação de revistas científicas da área de Biblioteconomia e Ciência da Informação também data dos anos 70. Nesta época, Dumont et al (1979) efetuaram uma análise dos artigos publicados na Revista da Escola da UFMG, Revista de Biblioteconomia de Brasília e Revista Ciência da Informação, com o objetivo de conhecer as tendências gerais da literatura, temáticas envolvidas, autores mais produtivos, suas respectivas atividades e o número de artigos estrangeiros/ traduzidos publicados nas referidas revistas.

Na década de 1980, Foresti (1986) analisou a Revista Ciência da Informação, visando identificar as principais características dos fascículos publicados entre 1980 e 1985; dentre estas, a  apresentação formal responsável por características físicas do periódico (legibilidade e aspecto de publicação), aspectos de normalização,  aspectos de conteúdo (regularidade das seções que a compõem, número e média de artigos por fascículo, número de autores, tipo de autoria, produtividade, afiliação dos autores e principais temas enfocados).

No início dos anos 1990, outro trabalho de Foresti (1990) verificou, através de análise de citações, o uso de quatro periódicos brasileiros no período de 1983 a 1987, entre eles  a Revista da Escola da UFMG, a Revista de Biblioteconomia de Brasília, a Revista Ciência da Informação e a Revista Brasileira de Biblioteconomia e Documentação, nos quais foram observadas: as variáveis correspondentes ao uso da literatura e ao tipo de documentos citados, o idioma e o local de publicação dos periódicos citados, e a vida média da literatura utilizada.

Ohira et al (2000b) fizeram uma análise dos periódicos brasileiros especializados na área de Biblioteconomia e Ciência da Informação adotando como variáveis de estudo, a responsabilidade editorial, o ano de criação e a periodicidade, a distribuição geográfica (produção e editoração), a indexação em bases de dados, a existência do número de ISSN e a disponibilidade dos mesmos nas versões impressa e eletrônica.

Em outro estudo, Ohira et al (2000a) avaliaram qual a contribuição do periódico Revista ACB: Biblioteconomia em Santa Catarina para a classe bibliotecária, e as tendências da literatura utilizada pelos autores de artigos publicados na mesma. O estudo analisou este periódico no período de 1996 a 1999 selecionando como critérios de avaliação: a autoria. a titulação e a instituição de origem dos autores, a quantidade de artigos publicados por fascículo e a média de referências por artigo, a tipologia dos documentos mais citados e a identificação das revistas de maior impacto entre os autores da área de Biblioteconomia e Ciência da Informação.

Autran e Albuquerque (2002) mapearam a literatura publicada no periódico Informação & Sociedade: Estudos, visando traçar um panorama do mesmo através da análise dos 10 volumes publicados entre 1991 e 2000. As variáveis consideradas foram os suportes mais utilizados, a distribuição das citações e o idioma de publicação das mesmas, a procedência dos autores, as seções com maior número de publicações, os periódicos e os autores mais citados e as temáticas mais freqüentes nos artigos.

O enfoque aos autores e tipos de autoria também é discutido no estudo de Bohn (2003). Foram analisados quatro periódicos da área de Biblioteconomia e Ciência da Informação: Revista Encontros Bibli, Revista Ciência da Informação On-Line, DataGramaZero e Informação e Sociedade: Estudos, e consideradas várias características dos autores, como titulação, função desempenhada, autoria individual e em parceria, língua de publicação dos textos, contribuição dos autores por gênero e nacionalidade e autocitação de suas publicações. Em relação ao suporte bibliográfico utilizado pelos autores, foram identificados os tipos de fontes utilizadas, os idiomas e as datas de publicação das referências.

Mais recentemente, Silva, Pinheiro e Menezes (2005), realizaram um estudo da revista Encontros Bibli: Revista Eletrônica de Biblioteconomia e Ciência da Informação, analisando suas características extrínsecas (presença de um conselho editorial, periodicidade e número de artigos por fascículo) e intrínsecas (tipo de autoria, vinculação institucional dos autores, sua produtividade, temáticas abordadas e a presença de citações nos artigos), buscando constatar o papel que a revista vem desempenhando na construção do campo científico em Biblioteconomia e Ciência da Informação no país.

 

3 ASSOCIAÇÃO CATARINENSE DE BIBLIOTECÁRIOS E A REVISTA ACB

 

No Brasil, os primeiros cursos de Biblioteconomia surgiram no século XX, mais precisamente na década de 1930, sob a influência das escolas americanas. Desta época até os anos 60/70, novos cursos foram sendo criados, assim como foram surgindo os primeiros eventos que buscavam discutir aspectos teóricos e técnicos entre os pares. Em 1965, a Lei 4.804, que dispõe sobre a profissão de Bibliotecário e suas funções, é regulamentada pelo Decreto n. 56.725, acontecimento que marcou o início da criação das primeiras Associações de Classe. Em Santa Catarina, foi a partir de 1974 que as universidades federal e estadual passaram a oferecer o curso de Biblioteconomia e, com a evolução dos mesmos, sentiu-se a necessidade de criação um órgão para congregar profissionais e estudantes em torno de objetivos comuns, como mercado de trabalho, divulgação e valorização da profissão. Iniciou-se, então, o movimento de um grupo de bibliotecários para estudar a criação de uma Associação Profissional.

A Associação Catarinense de Bibliotecários (ACB) foi fundada em 15 de agosto de 1975, pelos primeiros bibliotecários atuantes no estado de Santa Catarina, sob o nome de Associação Profissional dos Bibliotecários Catarinenses. No mesmo ano mudou de nome, passando a se chamar Associação dos Bibliotecários de Santa Catarina. Em 1978 passou por uma nova mudança de nome até chegar à denominação atual, estabelecida em 1981. Trata-se de uma sociedade civil, de natureza cultural e social, sem fins lucrativos, de duração ilimitada, regendo-se pelas disposições legais que lhe forem aplicáveis.

Em 1996, por ocasião do XIV Painel Biblioteconomia em Santa Catarina, os então dirigentes da Associação resolveram investir na criação de um canal de comunicação destinado à comunidade científica da área de Biblioteconomia, surgindo desta forma a Revista ACB: Biblioteconomia em Santa Catarina, coincidindo com os 21 anos da Associação. Esta revista tem como meta ser uma publicação referente ao movimento associativo, colaborando na formação continuada do bibliotecário catarinense, e contribuindo no resgate histórico, educacional e profissional da biblioteconomia em âmbito regional e nacional.

No primeiro número, em 1996, foram publicadas as colaborações que foram comunicadas no XIV Painel Biblioteconomia em Santa Catarina. A 2ª edição da revista contém parte das colaborações apresentadas no XV Painel Biblioteconomia em Santa Catarina, e alguns textos produzidos fora do âmbito do XV Painel. O terceiro ano de existência demonstrou o crescimento da revista, que evoluiu de um espaço de publicação dos anais do Painel para um espaço de apresentação da diversidade de interesses temáticos daqueles que, em Santa Catarina, estudam as questões relacionadas ao universo da informação registrada. O número quatro da revista trouxe artigos que tratam da incorporação das novas tecnologias da informação como ferramenta de pesquisa e ensino no apoio da aprendizagem. Os Anais do XVIII Painel Biblioteconomia em Santa Catarina foram o carro-chefe da 5ª edição e, acompanhando a realidade advinda com a virada do século, os artigos da 6ª edição, publicada em 2001, apresentam a diversidade quanto à formação do bibliotecário perante as novas tecnologias da informação e comunicação. O volume 7, publicado em 2002, foi dividido em dois números, em virtude da grande quantidade de artigos recebidos. No número 1 os artigos apontam a prática profissional, serviços e produtos, o envolvimento da tecnologia da informação nos diferentes momentos, a preocupação com o bibliotecário e o ambiente de trabalho, com destaque para as bibliotecas escolares e atividades como a biblioterapia e divulgação do curso para a sociedade. No número 2, a revista aborda os Anais do XXI Painel Biblioteconomia em Santa Catarina. A 8ª e a 9ª edição foram publicadas em um único fascículo, e contou com textos do fazer bibliotecário em outras localidades, com a participação de profissionais do Acre, Minas Gerais, Paraná e Rio Grande do Sul. Foram também publicados os anais do II Ciberética e do XXII Painel de Biblioteconomia em Santa Catarina, assim como os relatórios do III Fórum Estadual de Bibliotecas Escolares e do IV Fórum de Informação em Ciências da Saúde, realizados em 2003.

Em agosto de 2005, quando da realização do XXIV Painel Biblioteconomia em Santa Catarina, ocorreu o lançamento da Revista ACB em formato eletrônico, disponível no endereço www.acbsc.org.br/revista/ojs/index.php. Em virtude de seu lançamento recente, contudo, alguns volumes (referentes aos anos de 1998 a 2001) ainda estão estavam sendo atualizados e não possuíam todos os artigos em texto completo nos formatos HTML e PDF.

 

4 RESULTADOS

 

No período compreendido entre os anos 2000 e 2004 foram publicados quatro fascículos da Revista ACB: Biblioteconomia em Santa Catarina, sendo que os volumes 8/9 referentes aos anos de 2003 e 2004 foram reunidos em um único fascículo.

Neste período foram publicados 53 artigos, sendo que em 2000 foram publicados 11 artigos; em 2001, 8 artigos; em 2002, 17 artigos; em 2003, 8 artigos e em 2004 foram publicados 9 artigos. Este resultado representa uma média de 10,6 artigos por fascículo que, em face da média de 9,5 artigos por fascículo do estudo anterior, realizado com os fascículos publicados entre 1996 e 1999, revelou um aumento pouco significativo, inferindo-se que a revista vem mantendo, ao longo dos seus nove anos de existência, uma certa constância na quantidade de artigos publicados.

 

4.1 AUTORIA DOS ARTIGOS

 

4.1.1 Número de autores por artigo e tipo de autoria

 

Na produção dos 53 artigos publicados no período analisado, constata-se o envolvimento de 113 autores, sendo que alguns autores tiveram participação em um ou mais artigos. (Gráfico 1)

 

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Gráfico 1: Número de autores por artigo

 

Dentre os autores, 16 publicaram seus artigos individualmente, representando 30,19% do total de autores; 22 artigos (41,51%) foram escritos por 2 autores; 10 artigos contaram com a participação de 3 autores, representando 18,86% do total e os artigos produzidos por mais de 4 autores somam 9,44% do total dos trabalhos, resultando numa média de 2,13 autores por artigo.   

A partir desta análise, constatou-se a predominância da autoria múltipla, somando 69,81% do total de artigos publicados, sendo que o maior número de artigos foi produzido por dois autores, fenômeno observado também no estudo realizado por Frias e Gómez (1998) e por Freitas (1997), o que confirma a idéia de Harsanyi (1993, p.340 apud FRÍAS; GÓMEZ, 1998), de que

 

la investigación en colaboración está aumentando en todas las disciplinas, afectando a cuestiones como la financiación, la productividad (en estrecha relación con la promoción profesional), la comunicación formal e informal e incluso el proprio concepto de autoría.

 

Apesar do reduzido número de autores individuais, alguns estudos apontam para o predomínio destes na elaboração de artigos científicos em periódicos da área de Biblioteconomia e Ciência da Informação. Na análise de Bohn (2003), a presença da autoria individual é de 58,15%. A pesquisa de Pecegueiro (2002) sobre a temática dos artigos de periódicos da área na década de 90 também aponta para o predomínio da autoria única, com 73,52%. Santillan-Rivero e Valles-Valenzuela (2005) encontraram 71,4% de trabalhos publicados por um único autor na análise do periódico Anales de Documentación. Além destes, o estudo de Ohira et al (2000a), realizado entre 1996 e 1999 também aponta a incidência de autoria única (44,74%) em detrimento da co-autoria.

Tais resultados têm explicação na afirmação de Sanz Casado (1994, apud DIMITRI, 2003, p.106), de que “la bibliotecología pertenece al domínio de las Humanidades que se caracteriza por tener autores que tienden a escribir prioritariamente solos, debido a la particular conformación de estas disciplinas que contienen puntos de vista alternativos.”

 

4.1.2 Produtividade dos autores

 

Verificou-se que os autores que mais contribuíram com a Revista ACB são, em sua maioria, professores/ docentes de instituições de ensino superior, especialmente de universidades catarinenses e gaúchas. Entre estes, destacou-se a grande quantidade de artigos produzidos em parceria, as quais acontecem geralmente entre autores da mesma instituição, entre os que possuem a mesma linha de pesquisa e entre professores e alunos. (Quadro 1)

Autores

Tipo de Autoria

Total de artigos publicados

Blattmann, Úrsula

7 Múltipla

7

Caldin, Clarice F.

2 Múltipla  3 Única

5

Rados, Gregório J. V.

5 Múltipla

5

Silva, Chirley C. M. da

4 Múltipla

4

Fragoso, Graça Maria

1 Múltipla  2 Única

3

Ohira, Maria Lourdes B.

3 Múltipla

3

Borges, Ilma

2 Múltipla

2

Bernardes, Lúcia de L. R.

2 Múltipla

2

Corrêa, Elisa C. D.

1 Múltipla  1 Única

2

Fachin, Gleisy

2 Múltipla

2

Hillesheim, Araci Isaltina

2 Múltipla

2

Morigi, Valdir José

2 Múltipla

2

Pinto, Marli Dias de Souza

2 Múltipla

2

Steindel, Gisela E.

1 Múltipla  1 Única

2

Quadro 1: Autores mais produtivos

 

4.1.3 Titulação dos autores

 

A análise dos fascículos estudados revelou a predominância de artigos cujos autores possuem qualificações em níveis maiores, dentre os quais 36,28% são mestres e/ou mestrandos e 26,55% doutores e/ou doutorandos (Gráfico 2).

 

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Gráfico 2: Titulação dos autores

 

Nos fascículos da Revista ACB publicados entre 1996 e 1999, a quantidade de autores com grau de mestrado e doutorado estava equiparada (26,15% e 21,53% respectivamente). O expressivo aumento na produtividade destes profissionais – principalmente os com grau de mestrado - de acordo com Población (2002 apud BOHN, 2003, p. 6), “é o resultado do esforço de diferentes cursos para a qualificação do corpo docente na década de 90”. Acredita-se, ainda, que a qualificação profissional, especialmente no meio acadêmico, resulta das exigências do Ministério da Educação (MEC) e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), quando da avaliação institucional.

Um fenômeno que merece destaque é a existência de 15,93% de artigos produzidos por acadêmicos dos cursos de graduação em Biblioteconomia e Ciência da Informação – geralmente em co-autoria com professores – revelando uma prática até agora pouco difundida entre os periódicos em geral, que não têm o costume de publicar artigos elaborados por discentes. A produtividade destes apareceu também nos estudos de Ohira et al (2000a), cujo índice de autores acadêmicos foi de 24,61%; no estudo de Dimitri (2003), com um índice de 64,05%; no de Silva, Pinheiro e Menezes (2005), dos quais 18 (29,50%) dos 61 autores eram estudantes, e no estudo de Autran e Albuquerque (2002), os quais totalizaram 30,5%. É importante ressaltar que os estudos citados referem-se a títulos específicos de periódicos, os quais, com exceção de dois, são editados por instituições de ensino superior, atuando, portanto, como veículos de disseminação da produção científica dos estudantes das mesmas.

 


4.1.4 Instituição de origem dos autores

 

O âmbito universitário – local de ensino e origem das principais pesquisas científicas na área de Biblioteconomia e Ciência da Informação – predominou sobre as demais instituições de pesquisa (associações, fundações, institutos, órgãos governamentais, dentre outros), com destaque para as universidades dos Estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. (Gráfico 3)

 

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Gráfico 3: Instituição de origem dos autores

 

A Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) destaca-se como a instituição que congrega o maior número de autores dos artigos publicados na revista (44,25%), seguida de autores provenientes da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), representando 18,59% dos trabalhos.

Importante destacar a crescente atuação de autores de outras universidades catarinenses, como a Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI) (4,42%) e a Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL) (3,54%), e do Brasil (somando estas, 17,70% do total). A análise comparativa dos dados com o estudo anterior, permite-nos constatar que houve uma queda na produtividade de autores oriundos da UDESC, que era de 29,23% no período de 1996 a 1999. Já a produtividade de autores da UFSC manteve-se praticamente inalterável, o que constitui um dado interessante e gratificante, posto que, apesar de o Departamento de Ciência da Informação da referida instituição possuir um periódico próprio na área de Biblioteconomia e Ciência da Informação – intitulado Encontros Bibli – grande parte de seus professores colaboram, também, com a Revista ACB.

Não foi possível comparar a produtividade da UNIVALI, UNISUL e outras universidades, uma vez que, no estudo anterior, as mesmas foram agrupadas na categoria “Outras Instituições”.

 

4.2 ANÁLISE DAS REFERÊNCIAS

 

4.2.1  Número de referências por artigo

 

A análise do número de referências utilizadas pelos autores na produção dos artigos, segundo Dimitri (2003, p.110),

 

es uno de los puntos cruciales en materia de investigación científica, en cuanto a que uno de los critérios que abonan dicha peculiaridad a un trabajo publicado, es el de las referencias. Se parte de la base de que la investigación actual se respalda siempre em trabajos anteriores y que los autores de noveles documentos deben trasuntar este parentesco semântico mencionando las fuentes em que se inspiraron.

 

Nos 53 artigos analisados foram encontradas 631 referências, o que equivale a uma média de 11,90 referências por artigo (Gráfico 4).

 

grafico4

Gráfico 4: Total de referências por artigo

 

A média de 11,90 referências para cada artigo, reflete um aumento sobre a média obtida nos primeiros anos da revista, que foi de 10,97 referências por artigo. A análise dos dados comprovou que 60,37% dos artigos continham entre 6 e 15 referências, representando um aumento significativo sobre os 50% alcançados na mesma quantidade de referências dos fascículos publicados entre 1996 e 1999.

Esta média se assemelha à obtida por Dimitri (2003) e Frias e Gomez (1998), que totalizaram 11,62 e 14,1 referências por artigo, respectivamente. Na pesquisa de Silva, Pinheiro e Menezes (2005) foi encontrada uma média de 14,30 citações para cada artigo publicado no periódico Encontros Bibli, e a análise de Freitas (1997) revelou a média de 18 citações por artigo. Observa-se que os estudos realizados com periódicos da área de Biblioteconomia e Ciência da Informação apresentam uma média de 15 citações, considerada padrão para as publicações da área.

 

4.2.2 Tipologia dos documentos citados

 

No presente estudo foram agrupados os tipos documentais mais utilizados pelos autores dos artigos em suas pesquisas, de acordo com as seguintes categorias: livros, artigos de periódicos, documentos capturados da internet, comunicações em eventos, teses, dissertações, monografias e outros tipos documentais (Gráfico 5).

 

grafico5

Gráfico 5: Documentos citados

 

Verificou-se que os livros estão em primeiro lugar na preferência dos autores de artigos como fontes de pesquisa, perfazendo 46,75% dos documentos utilizados, seguidos de 186 artigos de periódicos, que representam 29,48% do total de documentos citados. Esta preferência também pôde ser observada em outros trabalhos de avaliação da produção científica na área de Biblioteconomia e Ciência da Informação. Bohn (2003) encontrou um índice de utilização de livros igual a 36,98% e de artigos de revistas igual a 31,22%. Autran e Albuquerque (2002) apresentaram um número superior de citações a livros (46%), seguidos das citações a periódicos, com 29%. Dimitri (2003) destaca os livros (70,43%) e revistas (23,48%) como os documentos mais utilizados na elaboração dos artigos estudados.

Por outro lado, Freitas (1997), constata uma realidade diferente a partir dos resultados de seu estudo. Neste, os dados apontam para uma freqüência de uso de 43,07% para artigos de revistas e 31,41% de utilização de livros. Ao mesmo resultado chegaram Ohira et al (1997), perfazendo um total de 137 citações a artigos de revistas e 71 referentes a livros. Em outro trabalho da autora, realizado em 2000, com os volumes 1 a 4 da Revista ACB, tanto livros como periódicos dividiam a preferência dos autores, com 32,37% e 33,82% de uso, respectivamente. Noroña e Población (2002, p.26), defendem a presença das revistas científicas como veículos de comunicação bastante citados porque

 

cuando el conocimiento necesita hacerse más perfecto a causa de los nuevos descubrimientos y exige una divulgación más inmediata y amplia […] la revista [...] mantiene un papel destacado si se trata de registrar el conocimiento en disciplinas pertenecientes a la esfera de las humanidades.

 

O terceiro tipo documental mais citado pelos autores da Revista ACB foram os materiais capturados da internet, somando 9,19%. Foram desconsiderados desta categoria os artigos de periódicos em meio eletrônico, os quais foram agrupados na categoria “artigos de periódicos”. Os documentos resultantes de eventos (7,61%), as teses (0,63%) e dissertações (3,01%), também chamados de “literatura cinzenta”, se mostraram pouco utilizados, a exemplo de outros resultados de estudos realizados na área, como o de Ohira et al (2000a), Freitas (1997) e Autran e Albuquerque (2002). Na categoria “Outros” (3,01%) foram considerados dicionários, enciclopédias, reprografias, slides, manuscritos e demais documentos cuja identificação não foi possível.

 

4.2.3 Idioma dos Documentos Citados

 

A análise dos resultados verificou que a língua portuguesa foi o idioma predominante em 89,40% das referências, equiparando-se à porcentagem obtida (89,45%) com a avaliação dos dados dos primeiros anos da Revista ACB. O inglês foi a segunda língua presente nas referências, com 6,65%, seguido do espanhol, presente em 19 referências (3% do total). As publicações citadas em outros idiomas somaram 0,95%, número ainda mais baixo que o da pesquisa anterior, quando estas somavam 1,45% do total das referências.

Em outros estudos brasileiros prevaleceu o português como o idioma mais utilizado nas citações, destacando-se o estudo de Silva, Pinheiro e Menezes (2005) e o de Autran e Albuquerque (2002), nos quais o português representou 77,5% e 74% do total de referências, respectivamente.

 Os demais estudos analisados não correspondem à realidade brasileira por se tratarem de estudos realizados em países onde prevalece o espanhol como idioma principal. Nestes, Santillan-Rivero e Valles-Valenzuela (2005), apresentam 96% das publicações citadas em espanhol e 4% das mesmas em inglês. O português aparece na terceira colocação no estudo de Dimitri (2003), logo após o inglês (22,48%) e o castellano (67,20%), observando-se a pouca contribuição da produção científica brasileira nos países de língua espanhola.

Os dados confirmam a idéia de que o idioma predominante de cada publicação é geralmente o idioma do país onde foi originalmente publicada. Este fato pode dificultar ou até impedir a indexação de periódicos em bases de dados internacionais. Urbizagástequi Alvarado (2004) entende que o lento, ou mesmo inexistente, processo de indexação de revistas cujo idioma não seja o inglês, considerado a língua científica de diversas áreas do conhecimento, incluindo a Biblioteconomia e a Ciência da Informação, é fortemente revestido de um etnocentrismo – consciente ou inconsciente – dos editores de tais bases de dados. Compartilham de opinião semelhante Noroña e Población (2002, p.26), quando afirmam que

 

además de los problemas relacionados con la edición, la producción de artículos en idiomas poco accessibles para las comunidades científicas internacionales sufre las consecuencias de la barrera lingüística que impide una divulgación más amplia de la producción.

 

4.2.4 Periódicos mais citados

 

Os resultados obtidos permitem a identificação de oito revistas da área de Biblioteconomia e Ciência da Informação dentre as mais citadas (Quadro 2).


 

Título do Periódico

Quantidade

%

Ciência da Informação

39

20,97

Rev. Bibliot. de Brasília

16

8,60

Rev. Esc. Bibliot. UFMG/ Persp. em Ci. Inf.

10

5,40

Revista ACB

9

4,84

Jornal Folha de São Paulo

6

3,22

Transinformação

6

3,22

Cadernos BAD

5

2,69

Benjamin Constant

4

2,15

Cadernos CED

4

2,15

Diário Oficial da União

4

2,15

Encontros Bibli

4

2,15

Rev. Bras. Bibliot. Documen.

4

2,15

Rev.Informação & Sociedade

4

2,15

Outros periódicos nacionais

52

27,95

Periódicos Estrangeiros

19

10,21

Total

186

100,00

Quadro 2: Periódicos mais citados

 

A revista Ciência da Informação foi a mais citada pelos autores de artigos, com 20,97% das citações, seguida da Revista de Biblioteconomia de Brasília, com 8,60%, da Revista da Escola de Biblioteconomia da UFMG, com 5,40% e da Revista ACB: Biblioteconomia em Santa Catarina, com 4,84%. Importante destacar que a maioria dos periódicos mais citados da área encontra-se classificados como “A” e “B” no Sistema Qualis, o qual foi desenvolvido pela CAPES visando atender as necessidades específicas do sistema de avaliação de periódicos, anais, jornais e revistas, e constitui-se no “resultado do processo de classificação dos veículos utilizados pelos programas de pós-graduação para a divulgação da produção intelectual de seus docentes e alunos” (QUALIS..., 2003).

Nos estudos analisados que versavam sobre o impacto dos periódicos na produção científica dos autores, a revista Ciência da Informação foi a que recebeu o maior número de citações (OHIRA ET AL, 2000a; BOHN, 2003; SILVA; PINHEIRO; MENEZES, 2005; AUTRAN; ALBUQUERQUE, 2002; NOROÑA; POBLACIÓN, 2002). Este fenômeno decorre do fato de que esta publicação, nascida nos anos 70, é a única que vem se mantendo constante e ininterrupta ao longo dos seus 30 anos de existência, consolidando-se, desta forma, no grupo dos títulos de maior tradição e penetração no mercado internacional de Biblioteconomia e Ciência da Informação.

O segundo título mais citado, a Revista de Biblioteconomia de Brasília, também figura entre os títulos mais citados nos estudos de Silva, Pinheiro e Menezes (2005), Autran e Albuquerque (2002), Noroña e Población (2002) e Ohira et al (2000b). O terceiro título mais utilizado pelos autores dos artigos, a Revista da Escola da UFMG, é contemporâneo à Revista Ciência da Informação, porém parou de ser editada em 1995. No lugar desta, surgiu o periódico Perspectivas em Ciência da Informação, editada pela mesma escola. O número de citações alcançado no estudo corresponde aos títulos original e atual da revista, entretanto com o título Perspectivas em Ciência da Informação esta revista só recebeu uma citação.

A Revista ACB, quarto título mais citado, é uma publicação jovem e foi criada, a princípio, como veículo de disseminação da produção científica de autores catarinenses, especialmente oriundos do meio acadêmico. Contudo, está na lista das quais Urbizagástequi Alvarado (2004, p.14), considera como “las que tendrán mayores posibilidades de ser percibidas como las de mayor ‘prestigio’, simplemente por que son generadas por quienes están inmersos en la esfera de la reproducción del capital cultural acumulado en el campo”.

Outros títulos de periódicos nacionais somam 26,34% (49 títulos) nos últimos 4 fascículos estudados e 23,40% (33 títulos) nos 4 primeiros fascículos da Revista ACB. A utilização de periódicos estrangeiros caiu a partir do ano 2000, sendo que de um total de 28 títulos referenciados entre 1996 e 1999, pouco mais da metade (19 títulos) foi efetivamente citada entre 2000 e 2004.

 

4.2.5 Autores mais citados

 

Os autores que mais influenciaram o desenvolvimento das temáticas tratadas nos artigos publicados na Revista ACB entre 2000 e 2004 são, em sua grande maioria, professores universitários ligados à rede pública de ensino e pesquisa do país (Quadro 3).

Autor

Número de citações

OHIRA, Maria Lourdes Blatt

9

CALDIN, Clarice Fortkamp

7

FRAGOSO, Graça Maria

7

ALMEIDA JUNIOR, Oswaldo Francisco

6

CUNHA, Murilo Bastos da

6

FIGUEIREDO, Nice Menezes de

6

BLATTMANN, Ursula

5

FERREIRA, Sueli Mara Soares Pinto

5

SOUZA, Francisco das Chagas

5

TARAPANOFF, Kira

5

COELHO, Nely Novaes

4

LANCASTER, F.

4

Quadro 3: Autores mais citados

 

Este resultado confirma a afirmação de Silva, Pinheiro e Menezes (2005, p.49), de que

no Brasil já há consenso que as instituições públicas são as que mais desenvolvem pesquisa e, conseqüentemente, são responsáveis por grande parte da produção científica veiculada nas revistas de todas as áreas do conhecimento.

 

Dos 12 autores que obtiveram o maior número de citações, cinco aparecem no estudo de Freitas (1997), quatro no de Autran e Albuquerque (2002), e um no estudo de Silva, Pinheiro e Menezes (2005), como os que mais contribuíram para a produção científica da área de Biblioteconomia e Ciência da Informação. Os dois trabalhos mais citados pelos autores dos artigos foram assinados por Clarice Fortkamp Caldin (“A poética da voz e da letra na literatura infantil: leitura de alguns projetos de contar e ler para crianças”) e Oswaldo Francisco de Almeida Junior (“Bibliotecas públicas e bibliotecas alternativas”), ambos com três citações. Os demais trabalhos não somaram mais do que duas citações cada um.

 

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

Dada a importância dos periódicos científicos para a divulgação do conhecimento registrado, sua avaliação tornou-se requisito fundamental para a aceitação e reconhecimento dos mesmos no meio científico em que estão inseridos. A Revista ACB, como uma das representantes destes canais de divulgação, foi objeto do presente estudo, o qual permitiu chegar a algumas conclusões a respeito do comportamento deste periódico nos últimos 5 anos.

No período estudado, o número de artigos publicados aumentou, passando de 38 entre 1996 e 1999 para 53 artigos publicados no período entre 2000 e 2004. Isto representou uma média de 10,6 artigos por fascículo, resultado condizente com o observado em outros estudos que avaliaram a média de artigos publicados em outros periódicos da área de Ciência da Informação.

Participaram da elaboração dos artigos 113 autores, perfazendo uma média de 2,13 autores por artigo. Observou-se o predomínio da autoria múltipla, com 69,81% de autores escrevendo em conjunto e 30,19% individualmente. Este resultado pode ser considerado uma exceção à tendência da produção científica da área em periódicos, em que predominam trabalhos escritos por um único autor, entretanto é condizente com a idéia de alguns autores de que há uma tendência a diminuir o número de trabalhos individuais, aumentando a quantidade de trabalhos publicados em parceria.

Os autores mais produtivos são aqueles vinculados às universidades e os que possuem as maiores titulações (doutores e mestres). As instituições de ensino superior com maior participação na Revista ACB foram as duas universidades públicas catarinenses, a UFSC e a UDESC. No período analisado, contudo, outras universidades catarinenses e brasileiras também foram representadas significativamente, o que respalda a idéia de que a Revista ACB está expandindo seus horizontes no sentido de não mais refletir apenas a produção de autores locais, mas também a de autores de outras partes do país, de forma a consolidar a revista como veículo de disseminação reconhecido da área de Biblioteconomia e Ciência da Informação.

Foram identificadas 631 referências distribuídas nos 53 artigos publicados, revelando uma média de 11,90 citações por artigo, resultado superior à média de 10,97 alcançada no período anterior. Tal resultado demonstra uma maior preocupação dos autores de artigos com a qualidade científica dos mesmos, utilizando-se do maior número possível de documentos para fundamentar seus pontos de vista. O número médio de citações ficou entre 6 e 15 referências por artigo, consideradas dentro da média, se comparada a outros estudos da área. O idioma predominante das referências citadas foi o português, perfazendo 89,40%.

As fontes mais utilizadas pelos autores dos artigos são os livros, com 46,75% e os artigos de periódicos, com 29,48% das referências. A utilização destes últimos ocorre em função de seu caráter mais imediato na transmissão dos resultados de estudos e/ou pesquisas. A divulgação de conhecimentos por meio das revistas científicas tornou-se ainda mais rápida com o surgimento, nos últimos anos, do periódico eletrônico. Depreende-se, deste fato que, através das tecnologias eletrônicas de redes de computadores, tanto o acesso facilitado como a geração de novos títulos de periódicos e/ou a transformação dos já existentes em formato impresso para o formato digital, poderão iniciar uma inversão de papéis com relação à maior utilização dos periódicos em detrimento dos livros na elaboração de trabalhos científicos.

Os documentos eletrônicos, comparando-se os resultados alcançados entre 1996 e 1999, tiveram um aumento considerável enquanto fontes de informações. Estes resultados permitem relacionar a gradativa evolução da rede mundial de computadores com a efetiva utilização da mesma pelos autores como uma “biblioteca virtual” de informações nas mais diversas áreas do conhecimento. Os anais de eventos, as dissertações e as teses, foram os documentos com menor índice de utilização, em função, acredita-se, de sua baixa tiragem e circulação restrita.

Dentre os autores mais citados, verificou-se um grande número de professores universitários, confirmando o espaço das universidades como o principal local de pesquisas e produção de conhecimento científico. Os autores mais citados foram Maria Lourdes Blatt Ohira (9 citações), Clarice Fortakmp Caldin (7 citações), Graça Maria Fragoso (7 citações), Oswaldo Francisco de Almeida Jr. (6 citações) e Murilo Bastos da Cunha (6 citações). O maior índice de citações entre os autores estrangeiros foi representado por Friedrich Lancaster, com 4 citações.

Dentre as revistas mais utilizadas pelos autores, 8 são da área de Biblioteconomia e Ciência da Informação, sendo a de maior impacto a revista Ciência da Informação (20,97%), seguida da Revista de Biblioteconomia de Brasília, da Revista da Escola da UFMG/ Perspectivas em Ciência da Informação e da Revista ACB: Biblioteconomia em Santa Catarina, as quais somaram 18,84%. Todas as revistas listadas foram classificadas no Sistema Qualis como “A” e “B”, o que denota a boa qualidade e aceitabilidade das mesmas nas áreas as quais pretendem servir. O índice de autocitação da Revista ACB foi de 4,84% e a mesma foi classificada no Sistema Qualis como “B” Nacional. Importante destacar que a Revista ACB não havia aparecido no primeiro estudo realizado, que avaliou a referida revista no período de 1996 a 1999, e encontra-se atualmente em 4º lugar dentre as mais citadas pelos autores de artigos.

 

REFERÊNCIAS

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BOHN, Maria del Carmen Rivera. Autores e autoria em periódicos brasileiros de Ciência da Informação. Encontros Bibli: Revista Eletrônica de Biblioteconomia e Ciência da Informação, Florianópolis, n. 16, 2. sem. 2003.

CUNHA, Mirian Vieira da. Os periódicos em Ciência da Informação: uma análise bibliométrica. Ciência da Informação, v.14, n.1, p. 37-45, jan./jun.1985.

DIMITRI, Pedro. Análisis bibliométrico de Biblios: Revista Electrónica de Ciências de la Información. Biblios, ano 4, n.16, p.104-121, jul./dic. 2003.

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FORESTI, Nóris Almeida Bethonico. Contribuição das revistas brasileiras de biblioteconomia e ciência da informação enquanto fonte de referência para a pesquisa. Ciência da Informação, v.19, n.1, p. 53-71, jan./jun. 1990.

FREITAS, Maria Helena de Almeida. Oito anos de Transinformação. Transinformação, Campinas, v.9, n.3, p. 120-134, set./dez. 1997

FRÍAS, José Antonio; GÓMEZ, Purificación Romero. Quiénes son y qué citan los investigadores que publican en las revistas españolas de biblioteconomia y documentación?. Anales de Documentación, v.1, p.29-53, 1998. Disponível em: <http://www.um.es/fccd/anales/ad01/ad0104.htm> Acesso em: 11 ago. 2005

NOROÑA, Daisy Pires; POBLACIÓN, Dinah Aguiar. Producción acadêmica de docentes/doctores de los programas de posgrado em Ciência de la Información em Brasil. Ciências de la Información, v.33, n.1, p.25-33, abr. 2002.

OHIRA, Maria Lourdes Blatt; MAIA, Maria Helena Bier; SELL, Maria Aparecida. Produção científica em Biblioteconomia no Estado de Santa Catarina. Transinformação, v.9, n.3, p.68-87, set./dez.1997.

OHIRA, Maria Lourdes Blatt; SILVEIRA, Celoi Lopes da; MARTINEZ, Priscila Amorim. Contribuição da Revista ACB – Biblioteconomia em Santa Catarina enquanto fonte de pesquisa (1996-1999). Revista ACB: Biblioteconomia em Santa Catarina, Florianópolis, v.5, n.5, p.7-25, 2000a.

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__________


 

EVOLUTION AND AVALIATION OF REVISTA ACB: BIBLIOTECONOMIA EM SANTA CATARINA AS A RESEARCH SOURCE (2000-2004)

 

Abstract: Evaluates Revista ACB: Biblioteconomia em Santa Catarina magazine - published by the Library Association of Santa Catarina - whose objectives are the knowledge of literary tendency used by the authors of the articles published in the magazine from 2000 to 2004, and the comparison of the current results with those reached in the first research, that has analised the magazine in the period of 1996 to 1999. The evaluation is based on the author’s identification regarding the title, the origin institution and the number of written articles. The average of bibliographic citations used in each article, kinds of documents, its language, the identification of the greatest impact magazines and authors are also part of the study.

Keywords: Scientific production; Scientific journals; Journal´s avaliation.

 

___________         

 

Julia Miranda Bressane

Acadêmica do Curso de Biblioteconomia da Universidade do Estado de

Santa Catarina. Florianópolis, Santa Catarina – Brasil.

E-mail: juliamb@sodisa.com.br

 

Maria Lourdes Blatt Ohira

Professora do Curso de Biblioteconomia da Universidade do Estado de

Santa Catarina. Florianópolis, Santa Catarina – Brasil.

Mestre em Biblioteconomia e Ciência da Informação – Pontifícia Universidade Católica de Campinas – PUCCAMP.

E-mail: f2mlbh@udesc.br

 

  

Artigo recebido em: 29/09/2006

Aceito para publicação em: 15/12/2006

Revista ACB: Biblioteconomia em Santa Catarina, Florianópolis, v.12, n.1, p. 5-26, jan./jun., 2007.