Práticas informacionais dos estudantes do internato de medicina da Universidade Federal de Ouro Preto em tempos de infodemia

Autores

Palavras-chave:

Práticas informacionais, Infodemia, Desinformação, Pós-verdade, Medicina

Resumo

São apresentados alguns dos resultados de uma pesquisa de mestrado que buscou analisar as práticas informacionais dos estudantes de Medicina da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), considerando o atual contexto de  infodemia em que vivemos. Buscou-se investigar como as práticas informacionais dos estudantes de Medicina se relacionam com os fenômenos da desinformação, fake news, fake sience e pós-verdade e quais os impactos destes fenômenos nas práticas informacionais.  Como método aplicou-se a entrevista semi-estruturada para coleta de dados seguida de análise de conteúdo de Bardin.Os resultados obtidos demonstraram que o ambiente da infodemia exige do estudante de medicina senso crítico na hora de escolher as fontes e atribuir critérios de confiabilidade às informações acessadas e recebidas. Como efeito da infodemia, a  desinformação influencia e traz impactos à sociedade, principalmente na área da saúde. Além disso, notou-se considerável influência da pós-verdade na vida dos estudantes de medicina que fazem suas escolhas com base em suas crenças, seus valores e suas visões de mundo. Os achados indicam mais um caminho de atuação e protagonismo da Ciência da informação no que diz respeito a instruir e instrumentalizar os sujeitos para que sua relação com a informação seja a mais bem sucedida e benéfica possível.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Luciana de Oliveira, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)

Bacharel em Biblioteconomia com ênfase em Gestão da Informação e Mestre em Ciência da Informação pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Especialista em Formação de Leitores pela Faculdade Internacional Signorelli (FISIG). Atualmente, atua como Bibliotecária na biblioteca setorial de Música e Artes do Sistema de Bibliotecas e Informação (SISBIN) na Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP).

Carlos Alberto Ávila Araújo, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)

Professor titular da Escola de Ciência da Informação da Universidade Federal de Minas Gerais, da qual foi diretor de 2014 a 2017. Doutor em Ciência da Informação pela UFMG, com pós-doutorado pela Universidade do Porto, Portugal (2011) e pela Universidad de Salamanca, Espanha (2019). Foi presidente da Associação de Educação e Pesquisa em Ciência da Informação da Iberoamérica e Caribe - EDICIC (2016-2021). Foi vice-presidente da ANCIB - Associação Nacional de Pesquisa em Ciência da Informação (2016-2018). Foi membro da diretoria da Abecin (2011-2014). Foi Editor Adjunto da revista Perspectivas em Ciência da Informação de 2007 a 2011 e de 2013 e 2015. Fez parte da Comissão de criação dos cursos de Arquivologia (2008) e Museologia (2009) da UFMG. Atua nas áreas de Epistemologia da Ciência da Informação; Dimensões sociais, culturais e políticas da informação; Estudos de Usuários da Informação; Práticas Informacionais; Desinformação, infodemia e pós-verdade. 

Referências

ACADEMIA BRASILEIRA DE CIÊNCIAS. Desafios e estratégias na luta contra a desinformação científica. Rio de Janeiro: ABC, 2024. Disponível em: https://www.abc.org.br/. Acesso em: 13 ago. 2025.

ARAÚJO, C. A. Á. Infodemia, desinformação, pós-verdade: o desafio de conceituar os fenômenos envolvidos com os novos regimes de informação. The International Review of Information Ethics, Edmonton, v. 30, n. 1, 2021.

ARAÚJO, E. A. Práticas informacionais em ambientes de infodemias: reflexões para o estudo de patologias informacionais. LIINC em Revista, v. 17, n. 1, e5700, 2021.

BARDIN, L. Análise de conteúdo. 3ª reimpressão. Lisboa: Edições 70, 2016.

BOURDIEU, P. O campo científico. In: ORTIZ, R. (Org). Pierre Bourdieu: sociologia. São Paulo: Ática, 1983. p.122-155. (Grandes Cientistas Sociais, n.39)

BRASIL. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Câmara de Educação Superior. Resolução CNE/CES nº4 de 7 de novembro de 2001. Institui diretrizes curriculares nacionais do curso de graduação em Medicina. Diário Oficial da União. Brasília, 9 nov. 2001; Seção 1, p.38.

BRASIL. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Câmara de Educação Superior. Resolução Nº. 3 de 20 de junho de 2014. Institui diretrizes curriculares nacionais do curso de graduação em Medicina e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, 23 jun. 2014; Seção 1, p. 8-11.

BRONCANO, F. Puntos ciegos: ignorancia pública y conocimiento privado. Madrid: Lengua de Trapo, 2019.

KALIL, I.; SANTINI, R. M. Coronavírus, pandemia, infodemia e política. São Paulo: FESPSP; Rio de Janeiro: UFRJ, 2020. Disponível em: https://www.fespsp.org.br/store/file_source/FESPSP/Documentos/Coronavirusinfodemia.pdf. Acesso em: 10 abr. 2024.

LOPES, A. A. Medicina baseada em evidências: a arte de aplicar o conhecimento científico na prática clínica. Revista da Associação Médica Brasileira, São Paulo, v. 46, n. 3, p. 285-288, 2000.

MEADOWS, A. J. A comunicação científica. Brasília: Briquet de Lemos, 1999.

MORSE, J. N. Theoretical saturation. In: LEWIS-BECK, M. S.; BRYAN, A.; FUTING LIAO, T. (Eds.). Encyclopedia of Social Science Research Methods. Thousand Oaks: Sage Publications, 2004.

MUELLER, S. P. M. A ciência, o sistema de comunicação científica e a literatura científica. In: CAMPELLO, B. S.; CENDÓN, B. V.; KREMER, J. M. (org.) Fontes de informação para pesquisadores e profissionais. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2000.

OLIVEIRA, D. P. R. Sistemas de informaçőes gerenciais: estratégias, táticas, operacionais. 9 ed. Săo Paulo: Atlas, 2004.

PAOLUCCI, R.; PEREIRA NETO, A. F.; NADANOVSKY, P. Avaliação da acurácia da informação em sites de saúde: Métodos para construção de indicadores baseados em evidência. Em Questão, Porto Alegre, v. 27, n. 4, p. 137–188, 2021. DOI: 10.19132/1808-5245274.137-188. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/index.php/EmQuestao/article/view/111321. Acesso em: 8 ago. 2025.

SAVOLAINEN, R. Everyday life information seeking: approaching information seeking in the context of “way of life”. Library & Information Science Research, Amsterdam, v. 17, n. 3, p. 259-294, 1995.

SAVOLAINEN, R. Information behavior and information practice: reviewing the umbrella concepts of information-seeking studies. The Library Quarterly, Chicago, v. 77, n. 2, p. 109-132, 2007. DOI: 10.1086/517840. Disponível em: https://www.journals.uchicago.edu/doi/10.1086/517840. Acesso em: 8 ago.2025.

SILVA, F. C. C. A atuação do bibliotecário médico e sua interação com os profissionais da saúde para busca e seleção de informação especializada. Revista Digital de Biblioteconomia & Ciência da Informação, Campinas, v. 3, n. 2, p. 131-151, 2005. DOI: 10.20396/rdbci.v3i1.2057.

WARDLE, C.; DEREKSHAN, H. Information Disorder: toward an interdisciplinar framework for research and policy making. Council of Europe Report, DGI, 2017.

WILBER, K. Trump y la posverdad. Barcelona: Kairós, 2018.

ZAGZEBSKI, L. T. Epistemic authority: A theory of trust, authority, and autonomy in belief. Oxford; New York: Oxford University Press, 2012.

Downloads

Publicado

16-10-2025

Como Citar

DE OLIVEIRA, L.; ALBERTO ÁVILA ARAÚJO, C. Práticas informacionais dos estudantes do internato de medicina da Universidade Federal de Ouro Preto em tempos de infodemia. Revista ACB, Florianópolis, v. 30, n. 1, p. 1–23, 2025. Disponível em: https://revista.acbsc.org.br/racb/article/view/2198. Acesso em: 10 nov. 2025.